Especialista do HU comenta Março Azul e as ações contra o Câncer Colorretal

Somente no Brasil, foram registrados 20.540 novos casos em homens e 20.470 em mulheres em 2020
Por Ascom HU/Ufal
06/03/2024 13h26 - Atualizado em 06/03/2024 às 13h29

Define-se por câncer um crescimento anormal das células, gerando o que chamamos de tumor. Especificamente o câncer colorretal localiza-se no intestino grosso e reto, conforme explica o proctologista do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes da Universidade Federal de Alagoas (HU/Ufal), Manoel Álvaro. 

Estima-se que em 2020 tenham ocorrido mais de 1,9 milhão de novos casos e 935 mil mortes relacionadas ao câncer colorretal. Somente no Brasil, foram registrados 20.540 novos casos em homens e 20.470 em mulheres, com incidências estimadas de 9,1% e 9,2%, respectivamente. É, então, o terceiro tipo de câncer mais comum entre os homens e o segundo entre as mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Nesse contexto, o Março Azul ou Março Azul Marinho, campanha voltada para conscientização e prevenção da doença, emerge como uma oportunidade crucial para educar a população e promover exames preventivos. No HU, no serviço de Coloproctologia, um estudo de 2021, com pacientes portadores de tumores do reto, faz uma abordagem proposta em que se realiza, inicialmente, um tratamento que é administrado antes da cirurgia para retirada do tumor. Essa técnica é descrita como “Watch and Wait” [observar e esperar], representando uma conduta mundialmente aceita.

Segundo Álvaro, inicialmente, a doença pode não apresentar sinais. Porém, caso apareçam, deve-se estar atento para indícios antes não perceptíveis, que persistam sem causa. “São sintomas como: alteração do hábito intestinal [diarreia e constipação, por exemplo]; mudança do formato das fezes; sensação de nunca estar com o intestino vazio e sempre necessitando evacuar mais; sangramento nas fezes, com sangue vermelho brilhante; fezes muito escuras ou pretas; cólicas ou dor abdominal persistente; fraqueza e fadiga; perda de peso e anemia”, afirma.

O público-alvo a ser investigado são pessoas acima de 50 anos, “porém, não deve ser motivo de desespero, pois, algumas doenças benignas também podem surgir com sangramento, a exemplo das hemorroidas, diarreia aguda, doença inflamatória intestinal. O mais importante é procurar um médico e de preferência o especialista, o proctologista”, completa.

Prevenção e diagnóstico precoce

A prevenção do câncer de intestino é dividida em duas partes: primária e secundária. Quase sempre o câncer colorretal se inicia com um pequeno pólipo no intestino, por isso, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será o tratamento.

O pólipo é uma lesão que surge como uma espécie de “bolinha” no intestino, e pode ser identificado através da Colonoscopia. Portanto, o procedimento deve ser feito em qualquer pessoa com 50 anos ou mais, tendo ou não sintomas, tendo ou não histórico familiar de câncer. No exame a pessoa é sedada, logo não há dor ou desconforto. E se for diagnosticado pólipo, o próprio colonoscopista já poderá retirar, fazendo com que aquela lesão, que em alguns anos se tornaria um câncer, não aconteça.

Pessoas com fatores de risco não modificáveis, devem ter especial atenção, como: histórico familiar de câncer colorretal, genética com predisposição à doença; pólipos adenomatosos no intestino; idade acima de 50 anos; e doenças inflamatórias intestinais de longa duração (mais de dez anos).

Nos casos em que há relação genética com o surgimento da doença, a recomendação é já começar a investigação com colonoscopia a partir dos 40 anos. No caso de o indivíduo já ter a doença diagnosticada, segundo Manoel Álvaro, o tratamento vai depender da localização do câncer colorretal e do grau de invasão, ou seja, se há ou não metástase e se houve aparecimento do tumor em outro órgão (fígado, pulmão, ossos e cérebro). “Se for no reto, podem ser utilizadas a radioterapia e a quimioterapia antes de fazer a cirurgia, pois, em muitas vezes, esse tumor desaparece após utilizar esses recursos, sendo de fundamental importância o acompanhamento. Quando o câncer se localiza no intestino grosso, a cirurgia é sempre a primeira opção de tratamento”, informou.