Pesquisadoras da Ufal participam do 32º Encontro Anual da Compós

Emanuelle Rodrigues e Sandra Nunes, do curso de Relações Públicas, e Priscila Muniz, de Jornalismo, apresentaram trabalhos no evento
Por Deriky Pereira – jornalista
19/07/2023 16h37 - Atualizado em 19/07/2023 às 16h41
Participantes do 32º Encontro Anual da Compós

Participantes do 32º Encontro Anual da Compós

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) teve representação no 32º Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação (Compós), realizado presencialmente pela primeira vez pós-pandemia da covid-19, na Escola de Comunicações e Artes da USP. Na ocasião, estiveram presentes as docentes de Relações Públicas, Emanuelle Rodrigues e Sandra Nunes, além da professora Priscila Muniz, do curso de Jornalismo.

Sandra e Emanuelle apresentaram os resultados de estudo sobre uma análise das narrativas em torno da crise institucional da Braskem, a mineradora que protagoniza, desde março de 2018, um dos maiores desastres socioambientais do mundo, que fora responsável por comprometer a existência dos bairros Pinheiro, Mutange, Bom Parto, Bebedouro e parte da região do Farol, em Maceió.

“Diante desses eventos, a empresa tem produzido narrativas que buscam invisibilizar a crise e reconstruir uma memória institucional pautada nos discursos da sustentabilidade e responsabilidade social. Essas narrativas, por sua vez, têm alimentado uma série de controvérsias públicas envolvendo as ações da empresa, que se constituem como modos de posicionamento e disputa de sentidos no espaço público”, dizem as autoras, no artigo.

Segundo Emanuelle, fazer essa discussão no âmbito da Comunicação ainda é algo novo, mas que vem sendo encarado de frente tanto por ela como por Sandra Nunes. “A participação no evento foi positiva, então, não apenas para trocar conhecimentos e gerar visibilidade para o curso, mas também para falar sobre o que vem acontecendo em nossa cidade e como, no âmbito da comunicação, a mineradora tem atuado. Como o caso é pouco discutido em nível nacional, o trabalho gerou muita repercussão e curiosidade de outros pesquisadores”, salientou.

Para ela, como a Compós é a entidade mais importante da pós-graduação em Comunicação no país, torna-se relevante apresentar os resultados de um trabalho como este no evento. Além disso, a docente também destacou a importância da troca de experiências com grandes pesquisadores da área da Comunicação e da contribuição desta participação para o curso da Ufal, que é um dos poucos e mais antigos da região Nordeste.

“É uma honra poder levar o nome do curso de Relações Públicas e da Ufal para um evento desse porte, especialmente porque estamos em um momento de fortalecimento de nossa identidade institucional, e a comunicação é um aspecto basilar nesse processo. Precisamos fazer circular nossa produção, que é vasta e plural”, frisou Rodrigues.

A fala de Emanuelle foi reforçada pela professora Sandra Nunes, que classificou como bastante significativa a aprovação de trabalho para apresentação no Encontro Anual da Compós. “Isso se dá pela exposição das nossas pesquisas em nível nacional, do saudável confronto com outras experiências, da riqueza dos debates e das trocas fundamentais no próprio campo da pesquisa em comunicação organizacional e Relações Públicas”, frisou a diretora do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (Ichca).

Desinformação como ferramenta propagandística

Esse foi o mote principal do tema do trabalho apresentado pela docente Priscila Muniz, do curso de Jornalismo da Ufal e escrito em coautoria com pesquisadoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde a pesquisadora realizou seu pós-doutorado. No trabalho, ela realizou análise multiplataforma sobre a crise humanitária com o povo indígena Yanomami a partir de uma extensiva coleta de dados sobre quais foram os principais influenciadores do debate especialmente na propagação de desinformação.

“Havia muita desinformação de que aqueles indígenas não eram brasileiros, mas venezuelanos, tirando a responsabilidade do governo Bolsonaro e repassando para a ‘Venezuela comunista de Maduro’ e a Venezuela é utilizada como espantalho. Vimos narrativas sobre o uso de ONGs, sobre corrupção de que elas seriam responsáveis para que o dinheiro não chegasse ao povo Yanomami”, explicou Priscila.

A docente contou ainda que o estudo mostrou articulação dos mesmos discursos de desinformação a partir de uma maneira multiplataforma. “Encontramos ainda uma narrativa do Exército como paternalista que cuida da Amazônia e dos indígenas, enfim, basicamente nosso trabalho tentou fazer esse mapeamento e mostrar como existia uma articulação dos mesmos discursos em todas as plataformas a partir de uma lógica propagandística”, disse.

Novidade para os cursos de Comunicação

Participar de um evento promove troca de experiências, networking e (futuras) parcerias – das mais diversas. Segundo as professoras, no momento, os cursos de Jornalismo e Relações Públicas da Ufal estão se articulando, a partir de um comitê com docentes de ambos, para a construção de um programa de pós-graduação.

Nessa perspectiva, a participação no 32º Encontro Anual da Compós se faz ainda mais necessária. “O momento é muito oportuno, pois estamos também em um processo de construção de um projeto de pós-graduação dos cursos de Comunicação aqui na Ufal. O diálogo com outros pesquisadores acaba nos fortalecendo e servindo de estímulo para seguirmos em frente”, contou Emanuelle Rodrigues.

Para Priscila, essa aproximação dos cursos da Ufal no evento cria possibilidades do desenvolvimento de redes e até mais propenso para a criação deste projeto que vem sendo elaborado. “A partir do momento em que a Ufal se aproxima dessa entidade, desse evento, que traz dezenas de pesquisadores que estão nesses programas, isso cria a possibilidade do desenvolvimento de redes, de contatos, de parcerias de pesquisas que podem ser importantes para quando nosso programa for concretizado”, concluiu a docente.