Sou Ufal: Primeira jornalista concursada completa 10 anos de serviço

Lenilda Luna relembra sua jornada, fala sobre seu trabalho e aponta histórias marcantes

31/10/2014 14h34 - Atualizado em 25/01/2015 às 21h36
Lenilda Luna relembra sua jornada, fala sobre seu trabalho e aponta histórias marcantes nesses 10 anos

Lenilda Luna relembra sua jornada, fala sobre seu trabalho e aponta histórias marcantes nesses 10 anos

Deriky Pereira – estudante de Jornalismo

Vamos viajar no tempo? No ano de 2004, a Universidade Federal de Alagoas lançou edital para concurso público e, dentre os cargos, pela primeira vez, estava ofertando vagas para jornalista. Vaga, na verdade. Era apenas uma. E esta foi preenchida em 24 de agosto daquele ano quando Lenilda Luna de Almeida recebeu sua convocação. “Aquele foi o maior concurso da Ufal, depois de anos sem contratar servidores. Então, a posse foi uma grande festa, que lotou o auditório da Reitoria. Meu pai e minha mãe estavam lá, felizes… E eu também”, relembrou Lenilda.

Mas não foi fácil chegar aqui; a vida da nossa personagem sempre foi bastante movimentada. Sua graduação em jornalismo aqui na Ufal teve início em 1985, mas ela interrompeu o curso para trabalhar no sul da Bahia, onde cursou Pedagogia na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus, e um curso de radialismo em Itabuna. “Quando voltei para Alagoas, fiz concurso para a Secretaria de Educação [Semed], em Maceió, e comecei a atuar como coordenadora pedagógica. Mas, como o jornalismo sempre me atraiu muito, voltei à Ufal para saber se poderia retomar o curso. Fiz isso em 1996 e conclui em 2000”, complementou.

Logo no primeiro ano de graduação na Ufal, Lenilda começou a trabalhar na produção de Jornalismo da TV Alagoas, conciliando com o serviço na Semed e uma pós-graduação em Novas Tecnologias na Educação, com aulas toda sexta-feira à noite e sábado o dia todo. Ufa! Uma pausa para respirar? Melhor não, vamos continuar, pois agora é o momento decisivo. “Quando foi publicado o edital do concurso da Ufal, decidi fazer a inscrição e encontrar tempo para estudar. Mas não acreditava que conseguiria ser aprovada. Eram mais de 70 candidatos para concorrência de uma única vaga”, recordou Lenilda.

Ela, então, foi selecionada entre os seis candidatos que passaram para a segunda fase do concurso. “Fiquei bastante emocionada. A segunda fase era uma prova prática para montar um jornal, diagramando e redigindo textos e eu estava bastante nervosa, mas… respirei fundo e procurei fazer o melhor de mim”, orgulhou-se Lenilda Luna, que conseguiu aprovação e tornou-se a primeira jornalista concursada na maior instituição pública de ensino superior de Alagoas.

Descoberta da aprovação

Lenilda descobriu sua aprovação no concurso da Ufal em um dos momentos mais curiosos de sua vida: no meio de uma chacina entre traficantes. Parece mentira, mas… não é. No dia em que o resultado seria divulgado, ela, que era repórter policial na TV Pajuçara, foi fazer a cobertura dessa situação. “Deixei minhas coisas, inclusive o celular, dentro do carro para acompanhar os policiais até o local do crime. Foi tudo muito demorado e eu estava ansiosa para subir até onde estava o veículo e saber notícias sobre a aprovação, mas era perigoso sair sozinha, tinha que esperar o resto da equipe”.

Logo que conseguiu chegar ao carro da reportagem, seu celular estava com diversas ligações de sua irmã e sua tia, o que fez, segundo ela, seu coração gelar. Ao retornar a chamada, descobriu que tinha sido aprovada e não se conteve: soltou um grito de alegria. “Mas, quando eu levantei a cabeça, vários policiais armados tinham se aproximado do carro para constatar se havia algum perigo. Eu tive que baixar o vidro e pedir desculpas, dizendo que tinha acabado de receber a notícia de que fora aprovada no concurso da Ufal e não consegui conter o entusiasmo. O comandante riu e me deu os parabéns”, relembrou, entre risos.

Quero viver mais a Ufal”

Nesses dez anos de serviço, a servidora já presenciou muitas coisas e sempre feliz por poder contribuir em sua área, divulgando ciência, eventos e acontecimentos diversos de interesse da comunidade acadêmica e da sociedade. Para ela, a Universidade é uma instituição dinâmica, viva, com uma grande diversidade de pensamentos e histórias, além de muitas descobertas que acontecem todos os dias. Lotada na Assessoria de Comunicação (Ascom), ela diz que nunca faltam boas pautas.

Eu quero viver mais a Ufal. Nesses dez anos, continuei me dividindo entre a função de repórter de TV e jornalista da Ascom e, por conta disso, algumas atividades ficam limitadas, pois não posso viajar muito ou participar das capacitações e até investir na qualificação, com um mestrado por exemplo. Além disso, a Ufal oferece práticas esportivas, atividades culturais, espaços de convivência que eu quero aproveitar mais, por isso, quero me dedicar mais”, salientou Lenilda.

A jornalista, inclusive, presenciou a implantação do site da Ufal, hoje, considerado uma agência de notícias e fonte de referência e pautas para diversos meios de comunicação do Estado. “Nesses dez anos, a Ascom cresceu em quantidade e qualidade. Hoje temos um portal que é fonte de pautas para as redações, além de ter muito mais acessos na comunidade universitária. A equipe cresceu, se profissionalizou. Fico muito orgulhosa de fazer parte deste time!”, comemorou Lenilda.

Vibro com cada conquista, pois… Eu sou Ufal”

No decorrer dos últimos dez anos, a comunidade acadêmica já acompanhou diversos acontecimentos trazidos ao conhecimento do público pelas mãos e textos de Lenilda Luna. Histórias que, segundo ela, também já lhe emocionaram bastante. Personagens como a merendeira de uma escola pública que passou na seleção para estudante de Ciência da Computação ou o apontador de escalas de uma empresa de ônibus que se tornou mestre em Matemática, são alguns deles.

Posso dizer também dos estudantes que se destacam e surpreendem em universidades europeias onde estudam pelos programas de intercâmbio. Eu vibro com cada grande conquista dos nossos alunos e cientistas porque tenho a noção de que não estamos em um grande centro e que nossa instituição ainda tem muitas dificuldades a superar, mas está crescendo, visivelmente, em estrutura, qualidade e valores humanos”, salientou.

Segundo ela, foi muito importante todo o investimento do governo federal na expansão e estruturação do ensino superior no Brasil, algo que beneficiou bastante a Ufal. “Foram esses investimentos que possibilitaram a realização do concurso no ano de 2004, quando fui aprovada. Depois disso, eu já pude cobrir várias outras posses de novos servidores e a emoção sempre se renova. Fico muito feliz de fazer parte dessa história e digo com todas as letras: Eu sou Ufal”, concluiu Lenilda Luna de Almeida.