Bolsistas conquistam prêmio de Química Medicinal em evento nacional

Evento contempla todas as áreas da Química; trabalho vencedor da Ufal tem como foco Dengue e Zika
Por Diana Monteiro – jornalista
10/06/2022 17h45 - Atualizado em 13/06/2022 às 11h26

Ficou para a Universidade Federal de Alagoas o prêmio na Categoria Química Medicinal da 45ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (RASBQ), realizado em Maceió de 31 de maio a 3 de junho. O evento transcorreu no Centro de Convenções , em Jaraguá, reuniu mais de mil participantes e o trabalho vencedor foi desenvolvido pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), Gabriel Vilela Gomes, do Instituto de Ciências Farmarcêuticas (ICF) e Wadja Feitosa dos Santos Silva, do Instituto de Química e Biotecnologia(IQB).

A pesquisa "Desenvolvimento de Antivirais Planejados por Fragmentos Objetivando a NS2B/NS3 dos Vírus Zika e Dengue", tem a orientação dos professores Edeildo Ferreira da Silva Junior, do IQB, e João Xavier de Araújo Junior, do ICF, ambos coordenadores do Laboratório de Química Medicinal (LQM), do Instituto de Ciências Farmacêuticas.

O estudo é fruto do ciclo Pibic 2020-2021 e conta também com o envolvimento da professora Tanja Schirmeister, da Universidade Johannes Gutemberg (JGU) de Mainz (Alemanha) e dos alunos de doutorados dessa mesma instituição estrangeira, Hannah Maus e Stefan Josef Hammerschmidt.

“Fomos o único grupo da Ufal premiado com painel na 45ª RASBQ, dentre os vários excelentes trabalhos presentes ao evento. Para mim, em particular, o prêmio significa muito, pois essa foi a primeira edição do evento que participei na qualidade de professor. A conquista do prêmio é muito importante para os bolsistas Wadja e Gabriel, pois enche seus corações com o desejo de seguir carreira acadêmica e poder contribuir mais ainda com os avanços científicos e tecnológicos do país”, destaca o professor. Edeildo Ferreira, efetivado como docente da Ufal em 2020.

O evento RASBQ é um dos mais importantes da área de química em nível nacional e na categoria de Química Medicinal, onde a Ufal foi a vencedora, contou com a inscrição de 44 trabalhos. Isso demonstra o fortalecimento cada vez mais da área e a produção de pesquisas qualificadas na instituição alagoana com projeção no mundo científico. 

“Nosso trabalho concorreu com grupos de química medicinal muito bons e consolidados do país e, mesmo assim, um grupo de pesquisa em uma universidade do Nordeste, sem muitos recursos financeiros, quando comparada às universidades do Sul e Sudeste do país, consegue trazer esse prêmio para Ufal.  A participação da professora alemã Tanja Schirmeister,  favorece a internacionalização de parcerias na área entre ambas instituições de ensino superior”, enfatiza o pesquisador. 

Para manter os projetos de iniciação científica ou pós-graduação, são muitos os desafios enfrentados e o professor cita como exemplo a falta de investimentos por parte do governo federal em ciência, tecnologia e informação no país. “Mas, nós, professores, sempre fazemos o que está ao nosso alcance, como arcar com alguns custos, por exemplo, pois fazer pesquisas em tempos atuais não é mais apenas um ato de amor à ciência, mas também um ato de resistência”.

Sobre a pesquisa premiada

No estudo científico, novos inibidores competitivos da principal protease dos vírus zika e dengue foram desenvolvidos, com excelentes resultados. O pesquisador afirma que o trabalho realizado é extremamente importante para a área de desenvolvimento de compostos contra arboviroses transmitidas por Aeds aegypti, em especial Zika e Dengue, os quais são responsáveis por quadros clínicos que não possuem medicamentos específicos para tratá-los de modo focal.

O professor acrescenta ainda que, foi reportada pela primeira vez uma determinada classe química como inibidores competitivos da principal enzima dos  vírus, e destaca que a pesquisa não pertence a nenhum projeto de financiamento aprovado anteriormente e que foi iniciada e executada durante o período mais crítico da pandemia, porém sempre respeitando os protocolos estabelecidos pelas autoridades de saúde, bem como, da própria Ufal. “Isso é visto como uma grande conquista por nós, pois podemos mostrar para a sociedade e comunidade científica, pois em nenhum momento paramos nossas atividades acadêmicas e de pesquisa. Principalmente, em prol da saúde do país, uma vez que o Brasil é um país endêmico para as citadas arboviroses”.

Todas as etapas de planejamento racional de novos inibidores, bem como, as de rotas sintéticas, foram desenvolvidas no Laboratório de Química Medicinal do ICF. "Novas moléculas estão sendo produzidas, com a finalidade melhorar ainda mais as atividades observadas. Já adianta que a continuidade da pesquisa foi submetida ao edital Pibic Ufal 2022-2023 e a equipe torce para que haja a aprovação e, assim, expandir cada vez mais o conhecimento.