Mãe e filho convivem na mesma unidade acadêmica da Ufal

Marcus Cabral é estudante de Design e a mãe dele, Selma Silva, cursa Arquitetura

06/05/2016 14h40
Mãe e filho no Campus A.C. Simões

Mãe e filho no Campus A.C. Simões

Lenilda Luna - jornalista

Durante a comemoração do Dia das Mães, refletimos sobre os vários papéis da mulher na sociedade, que caminham juntos com a maternidade. Mães que trabalham fora e correm para cuidar dos filhos, mães que incentivam os filhos nos estudos e na prática dos esportes. Interessante é quando os papéis se misturam, como por exemplo, uma mãe que é colega de faculdade do filho.

Isso acontece com Marcus Cabral, de 23 anos, estudante de Design, e Selma Silva, 50 anos, estudante de Arquitetura. Além da convivência em casa, eles se encontram diariamente na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, na Ufal, embora estudem em turnos diferentes. Selma tem mais uma filha, que estuda Fisioterapia numa faculdade particular. "Somos agora uma família de universitários", diz ela brincando.

Selma concluiu um curso de Marketing em uma faculdade particular, mas o sonho era cursar a Ufal. "Eu fiz o ensino médio em uma escola pública. Nos anos 80 era muito difícil um estudante da rede pública conseguir passar no vestibular da Ufal. Hoje tem muito mais políticas de acesso à Universidade. Quando meu filho entrou na Ufal eu voltei a acreditar que também seria possível para mim, e consegui", comemora Selma.

Marcus Cabral já está no 7º período de Design. Selma está no 3º período de Arquitetura. Logo que a mãe foi aprovada, para um curso que fica na mesma unidade acadêmica que o dele, Marcus ficou um pouco preocupado. "Fiquei orgulhoso dela, claro, mas não queria que ela dissesse a ninguém no bloco que era a minha mãe. É meio esquisito, num ambiente onde a gente convive com os colegas de curso, ter a mãe por perto. No começo, eu sentia como uma invasão do meu espaço", confessa Marcus.

Mas, com o tempo, eles não conseguiram esconder que eram da mesma família. Selma já chegou no curso de Arquitetura com vários materiais de desenho que o Marcus cedeu para ela e acabou explicando isso para os professores. Além disso, por ser a de mais idade na classe, ela foi sendo procurada para mediar conflitos da turma com os docentes. "Certa vez estavam todos muito preocupados com uma prova, porque estávamos com sobrecarga de tarefas, e eu consegui um adiamento", conta Selma.

Assim, os grupos de convivência próximos facilitaram para que as pessoas aceitassem com naturalidade e até com entusiasmo ter a mãe e o filho estudando na mesma unidade acadêmica. Depois que o Marcus se acostumou com a ideia, passou até a tirar proveito da situação. "Como faço estágio à tarde na Cied, quando fico sem tempo, minha mãe traz meu almoço. Ela também me socorre quando preciso de dinheiro para uma xerox", diz o estudante, rindo da comodidade que é estudar no mesmo local que a mãe.

Atualmente, os dois são vistos com mais frequência juntos no campus. "Quando dá tempo, almoçamos juntos por aqui", conta Marcus. "No período de carnaval, teve uma festa carnavalesca na FAU e nós fomos juntos, tiramos fotos e brincamos com nossos amigos, sem problemas", reforça Selma.

Nesse dia das mães, eles vão comemorar juntos a relação familiar, a convivência acadêmica e o orgulho que sentem um do outro. "Estamos realizando nossos sonhos e nos esforçando para cumprir bem as atividades dos cursos que fazemos. Isso acaba fortalecendo os vínculos", conclui Selma Silva.