Ufal e Prefeitura de Maceió discutem implantação de Escola Nacional de Turismo

Na reunião também foi vislumbrada parceria com o Complexo Esportivo e futuro Centro Paralímpico da Universidade
Por Simoneide Araújo - jornalista
29/03/2021 14h25

A criação da primeira Escola Nacional de Turismo do Brasil foi tema da reunião virtual da gestão central da Universidade Federal de Alagoas com a Prefeitura de Maceió, por meio da Secretaria Municipal de Turismo, Esporte e Lazer. Essa escola será referência em turismo com foco na preparação de mão de obra para o mercado, com estratégias de capacitação voltada na estruturação de destinos turísticos inteligentes e criativos.

Realizada na sexta-feira (26), a reunião contou com a participação da equipe da Ufal, o reitor Josealdo Tonholo; da diretora do Instituto de Educação Física e Esporte, Leonéa Santiago; o pró-reitor de Extensão, Clayton Santos; o coordenador de pós-graduação, Walter Matias;  e o coordenador de Desenvolvimento Pedagógico,, Willamys Soares. Pela Secretaria de Turismo, estiveram presentes o secretário Ricardo Santa Rita; a secretária-adjunta Josi Mendes; e a assessora técnica Larissa Bossato.

O reitor Josealdo Tonholo defende o alinhamento com o trade turístico, uma vez que existe uma situação atípica, emergencial, resultado da pandemia da covid-19. “Entendo que temos de ter uma preocupação não simplesmente de montar essa escola de turismo do ponto de vista do atendimento, aquilo que o ministério quer, mas é importante a conversa com o trade porque existe uma situação emergencial e creio que a demanda seria atendida com a oferta de cursos rápidos, os cursos livres, e também os cursos de pós-graduação lato sensu. Falo isso porque os cursos de extensão e os de especialização são mais fáceis de serem implantados do que os de graduação”, ressaltou.

Tonholo explica que é preciso considerar a demanda que existe hoje, que será apresentada pelo trade turístico. “Temos de considerar também que a demanda que o município tem hoje pode não ser a mesma daqui a dois anos. Acho que temos de ter o foco no atendimento dessas emergências maiores. Minha preocupação sobre a questão do turismo vai além de sol e mar. Minha preocupação é como leigo, claro, mas vejo alguns gargalos no que se refere à oferta de opções para o turista europeu, por exemplo. Ele vai querer também cultura, esporte e gastronomia. Temos de ter o turismo ligado aos equipamentos culturais e ao turismo esportivo”, destacou.

O pró-reitor Clayton Santos ressalta que a extensão é o caminho viável para dinamizar a oferta de cursos. “Gostaria de colocar também a conexão que esses cursos devem ter com as entidades de classe do setor, a exemplo da Abrasel [Associação Brasileira de Bares e Restaurantes], Convention Bureau, sindicato de hotéis. Temos de saber qual a demanda de formação que o setor precisa para oferecermos cursos para o que o mercado precisa”, pontuou. 

De acordo com Santa Rita, o próximo passo será marcar uma reunião com o trade para discutir demandas e necessidades. Ele deu um prazo de, pelo menos, 40 dias para abrir a discussão, após passar esse momento mais crítico da pandemia da covid-19. “Maceió já é um dos destinos mais procurados do país, o que a gente precisa é melhorar cada vez mais a experiência do turista. Por isso, trabalharemos para capacitar, qualificar a mão de obra, gerar emprego e fazer com que as pessoas possam ter oportunidade de trabalhar cada vez mais com o turismo”, afirmou.

Centro Paralímpico

Na reunião, o reitor também falou de um novo componente na Ufal que pode contribuir para movimentar o turismo local. “A professora Leonéa está articulando com o Ministério a vinda para Maceió do Centro Nacional de Paralimpíadas, no nosso Complexo Esportivo. Nós temos hoje, sem modéstia, um dos melhores centros esportivos do país, a única piscina adaptada, dentro de todos os critérios, do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Quando falo de Centro Paralímpico, lembro que teremos competições frequentes  e isso vai demandar mais hospedagem, restaurantes, transportes... Isso vai representar um  salto  de qualidade e a capital vai ser a grande beneficiada de tudo isso”, acrescentou.

E completa: “Se não fosse a pandemia da covid-19, nosso centro esportivo já estaria sendo usado para treinamento dos nossos atletas paralímpicos. Isso envolveria toda uma estrutura que está relacionada com a pasta do Turismo. Isso casa com a estratégia da escola nacional. Estamos preparados quanto à acessibilidade, comunicação com outros idiomas; estou me referindo a competições internacionais. Acho que tudo isso dá um lastro muito forte para perpassar por uma estratégia não só para o turismo, mas para o desenvolvimento local. Vamos pensar grande nesse projeto para a escola ser a âncora junto com essa estratégia de desenvolvimento local. Essa estratégia pode ser um lastro para a ousadia que o prefeito JHC [João Henrique Caldas] quer”.

A professora Leonéa reforçou o que o reitor falou em relação ao futuro centro: “Trata-se de um centro de excelência do esporte paralímpico. Temos um complexo, cuja obra custou 28 milhões de reais, e estamos dando respostas de como usar toda essa estrutura. Por falar nisso, fechamos um grande projeto com a Semed [Secretaria Municipal de Educação] e vamos atender cinco mil crianças com a oferta de várias atividades naquele espaço. Além de atividades paraolímpicas, com a prática contínua e com grandes eventos nacionais e internacionais. Nosso espaço tem certificação internacional, com pista, campo e piscina; o único no Estado”.

Falando em relação aos cursos livres, de extensão, Leonéa destacou os esportes náuticos. “Vivemos num estado das águas e os esportes náuticos são aqueles onde o campo de prática são mares, lagoas e lagos. A Universidade poderia ofertar cursos de extensão nessa área”, sugeriu. 

O secretário Santa Rita revelou que o produto que a Ufal está apresentando, pode ser o divisor de água para levar investimentos da hotelaria para a área do aeroporto. “Esse aparelho que a Universidade está trazendo para Maceió [o centro paralímpico] vai justificar um hotel no Tabuleiro, por exemplo. Se dos 365 dias do ano eu tenho 120 dias com atletas chegando para as competições, vale a pena a operação do hotel. Isso pode ser um divisor de águas para o aeroporto”, ressaltou.

Na próxima quinta-feira (1º), a gestão da Ufal e a professora Leonéa vão receber o secretário Santa Rita para uma visita ao Complexo Esportivo, no Campus A.C. Simões. “Nessa oportunidade, podemos começar a discutir o planejamento para estratégia da oferta de capacitações, tanto de cursos de extensão quanto de pós-graduação lato sensu. Claro que vamos alinhar com as necessidades apresentadas pelo trade”, encaminhou Tonholo.