Engenharia de agrimensura apresenta dados da covid-19 em produção acadêmica

Projeto de mapas interativos de monitoramento já deu origem a capítulo de livro, artigos e TCCs
Por Ascom Ufal
10/08/2020 16h45 - Atualizado em 10/08/2020 às 18h46

O projeto Dashboard da covid-19 para municípios de Alagoas, realizado por um grupo de estudos do curso de Engenharia de Agrimensura da Ufal, em uma parceria técnico-científica com a empresa Imagem/ESRI no Brasil, tem resultado em trabalhos acadêmicos que ficarão para além do período de pandemia.

A iniciativa, coordenada pelo docente Henrique Carvalho Almeida e com coordenação adjunta da professora Wedja Oliveira, surgiu com o objetivo de criar um painel on-line com mapas e dados estatísticos para cada município vinculado ao projeto para monitorar o avanço da covid-19 em Alagoas. No início, apenas Maceió era monitorada, mas, com o desenvolvimento das atividades, outras cidades também passaram a ser acompanhadas, como Marechal Deodoro, Pilar, Penedo, Rio Largo, União dos Palmares e Arapiraca.

Uma das ações de destaque do grupo foi a incorporação do link do projeto ao site da empresa parceira, Imagem/ESRI, a qual inseriu o resultado desse trabalho às ações da covid-19, nacionais e internacionais, que fazem uso das ferramentas de soluções geográficas da empresa, o que pode ser visualizado neste link.

Integrante das ações contempladas pelo edital Ufal Conectada, a equipe já elaborou sete Dahsboards de acompanhamento do coronavírus que podem ser visualizados neste endereço. O site foi criado para compilar as informações sobre os painéis, facilitar o acesso e compartilhamento das informações do grupo para a sociedade e órgãos competentes.

Além desse trabalho, o grupo submeteu para publicação um capítulo no e-book com ações relacionadas à covid-19 pela Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal) e está na fase de elaboração de três artigos, sendo que umé para submissão no Congresso de Cadastro Multifinalitário e Gestão Territorial (COBRAC) neste mês de agosto.

Os estudantes do grupo também estão aproveitando a oportunidade para transformar a experiência em Trabalhos de Conclusão de Curso. São três projetos de TCC em andamento e um deles já apresenta o resultado preliminar sobre o Dahsboard para unificação das unidades de saúde de Maceió-AL, para gerenciamento, análise e consulta com ênfase à pandemia da covid-19, onde o resultado prévio já pode ser visualizado no link. Nesse endereço, é possível encontrar o painel construído para unificação das unidades de saúde em uma única plataforma, separando por classes de atendimento ao cidadão. A ferramenta é vinculada ao site do Google Maps para que o usuário possa calcular a rota da sua casa até a unidade mais próxima.

Os produtos pretendem lançar um novo olhar para a análise espacial, sendo vinculados tanto a ações de suporte à saúde, como a áreas de planejamento, gestão e distribuição espacial. Em momentos pandêmicos como o atual, a análise espacial é uma ferramenta chave na compreensão e simulação de cenários, assim como na gestão e planejamento de ações de combate à propagação do coronavírus”, afirma a coordenadora adjunta do projeto, Wedja Oliveira.

Desafios

Entre as dificuldades enfrentadas pelo grupo de estudo para realização do trabalho, a coordenadora adjunta cita a ausência de uma parceria direta com os órgãos responsáveis pelo compartilhamento das informações sobre a covid-19 nos municípios e Estado. “A equipe tem um longo e cansativo trabalho para a obtenção dos dados que são inseridos nos painéis”, conta Wedja Oliveira.

Ela explica que os integrantes do projeto realizam uma espécie de “varredura” em sites e distintas plataformas de comunicação, a exemplo do Instagram, para obter o máximo de informações seguras, e poder trabalhar no tratamento delas, pois muitas são disponibilizadas em imagens, pdf, excel, e é preciso tratar esse dado para torná-lo compatível com o software, inserir no painel e compartilhar para a comunidade.

É necessária a compreensão das autoridades sobre a potência da análise espacial em soluções para gestão e planejamento territorial. E quando falamos de medidas que pedem urgência, essa necessidade de ter o dado espacializado e acessível é ainda mais importante”, destaca Wedja. E acrescenta: “Com isso, deixamos aqui o recado para os órgãos no intuito sensibilizar as autoridades quanto a facilitação do acesso às informações para inserção no painel, o que trará benefício a população”. Ela informa que contatos para parcerias ou convênios podem ser feitas por meio do e-mail wedja.silva@ceca.ufal.br.

A docente Regla Toujaguez, que também integra a equipe, defende que os frutos deste trabalho ficarão para além da pandemia, e que a relação dos riscos da saúde e análises espaciais vão além de surtos epidêmicos. “Se existe uma concentração de casos ou óbitos no espaço, existe no local ou região uma fonte de exposição das pessoas a substâncias perigosas. Estudos de risco à saúde em áreas de mineração, devido à exposição humana a arsênio pela rota água, são bons exemplos dessa relação”, cita.