Catadores de recicláveis do Vergel do Lago se organizam com apoio da Ufal

Projeto de extensão promove capacitações e ajuda no processo de incubação da Catamundaú
Por Manuella Soares - jornalista
04/04/2023 13h51 - Atualizado em 04/04/2023 às 14h27

Em meio à crise eles enxergaram uma oportunidade de se unir para sobreviver. A pandemia de covid-19 aumentou o abismo da vulnerabilidade social, mas um grupo de catadores de materiais recicláveis de Maceió atravessou esse momento colocando em prática a Economia Solidária e, com apoio da Ufal, criou a Associação Catamundaú.

Para acolher essa ideia, a Incubadora de Tecnologia Social (ITS) da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac/Ufal) está realizando um grande trabalho com os catadores do bairro Vergel do Lago para profissionalizar a Associação.

“Vários catadores encontravam-se em situação de vulnerabilidade devido às medidas de isolamento impostas que impediam de ganhar seu sustento, o que resultava numa baixa renda. Nesse contexto, a ITS junto a outras organizações da sociedade e órgãos do Estado organizam a articulam o processo desses trabalhadores para deixar de trabalhar individualmente e se organizarem coletivamente”, explicou a coordenadora da ITS, professora Ana Milani.

Ela conta que a Catamundaú está em processo de incubação por meio do projeto de extensão da Ufal e, com a ajuda de alunos, várias ações são realizadas. Desde o ano passado a ITS promove capacitações em economia solidária, gestão financeira, cadeia produtiva, organização da partilha entre os cooperados mensalmente, entre outras atividades.

“O trabalho dos parceiros foi importante para a criação da Catamundáu, sem essa ajuda teria sido muito difícil”, destacou a tesoureira da Associação, Dona Socorro. Aos poucos eles vão conseguindo entender melhor como o trabalho coletivo fortalece o grupo.

Atualmente, a Catamundaú conta com 15 cooperados, dos quais dez são mulheres, chefes de família, e cinco homens, realizando todo o processo de coleta seletiva de material reciclável em várias etapas entre coleta, triagem, armazenamento, enfardamento e comercialização.

O serviço organizado e contando com apoios possibilita mudar a realidade dessas pessoas que possuíam renda mensal de aproximadamente R$300. A ITS está colaborando para a incubação da Catamundaú e também segue com outros projetos que têm a professora Sarah Regina Nascimento como vice-coordenadora.

Pesquisas para ciência e para a sociedade

O trabalho promovido pela Incubadora de Tecnologia Social (ITS) também tem gerado contribuições acadêmicas. A professora Ana Milani e o pós-graduando Victor Omena publicaram um artigo na Revista da Abet  que teve o objetivo de analisar como o cooperativismo se apresentou como uma possiblidade de superação da situação de vulnerabilidade.

“Podemos observar que no bairro do Vergel do Lago, em Maceió, a Associação Catamundaú, que realiza a coleta seletiva no local, se apresentou como uma forma de construção de uma prática social que tem na solidariedade e na cooperação sua centralidade, gerando possibilidade de trabalho e renda”, reforça o artigo.

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