Ufal recebe audiência pública sobre critério regional para Maceió

Foi debatida a proposta de que se aplique um bônus no processo seletivo para os estudantes alagoanos
Por Lenilda Luna - jornalista - Fotos: Renner Boldrino
26/04/2022 10h46 - Atualizado em 26/04/2022 às 10h47

A audiência pública convocada pela vereadora Teca Nelma aconteceu no auditório do Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), na manhã de segunda-feira (25). O reitor da Ufal, Josealdo Tonholo, o pró-reitor de Graduação, Amauri Barros, Danilo Marques, do Neabi, a diretora da Copeve, Soraya Lira, e o diretor adjunto da Copeve, Zeuxis Morais, representaram a Ufal no debate. Entre as autoridades presentes, estava a procuradora federal Niedja Kaspary. 

No auditório, vários estudantes secundaristas interessados em debater a proposta de implementação de um bônus regional para os estudantes alagoanos que se inscrevem no Sistema de Seleção Unificado (Sisu) para os cursos oferecidos no Campus A.C. Simões, em Maceió. “Essa audiência não tem o objetivo específico de falar dos cursos de Medicina e Direito, mas, pelo princípio da isonomia, queremos falar sobre o acesso à Universidade como um todo”, destacou a vereadora Teca Nelma na abertura da audiência. 

A parlamentar ressaltou que a experiência das universidades federais de outros estados do Nordeste, onde o bônus regional já é aplicado, foram consultadas para fundamentar a discussão e a reivindicação do mesmo critério para os cursos de Maceió. “Estamos sugerindo que esse bônus seja criado com base em dados e pesquisas e que tenhamos um encaminhamento para democratizar o acesso e não para excluir os estudantes de outros estados”, declarou Teca Nelma. 

O diretor adjunto da Copeve, que é a comissão responsável pela coordenação do processo seletivo na Ufal, explicou que o bônus regional já é aplicado no Campus Arapiraca e Campus do Sertão, para estudantes que tenham cursado o ensino médio integralmente no interior de Alagoas. “É acrescentado um percentual de 10% na média final dos concorrentes que se inscrevem na demanda de livre concorrência”, explicou Zeuxis. 

Zeuxis apresentou a evolução das ocupações de vagas ofertadas na Ufal nos processos do Sisu de 2018 a 2021, demonstrando que a maior parte dos estudantes que fazem graduação na Ufal são oriundos de Alagoas. “Somente no curso de Medicina de Maceió é que temos um percentual de 50%, e em alguns processos chega a um pouco mais, de aprovados que vêm de outros estados. Nos demais cursos, os estudantes de fora não passam de 15% do total de aprovados”, esclarece o diretor-adjunto da Copeve. 

O pró-reitor de Graduação, professor Amauri Barros, garantiu que a Ufal está aberta a discutir a proposta de bônus regional para Maceió no Conselho Universitário (Consuni). “A Universidade, com sua autonomia, pode sim implementar medidas que garantam a democratização do acesso e também a mobilidade estudantil. Precisamos avaliar outras experiências porque não podemos fechar as portas para os estudantes de outros estados. O Sisu foi criado para que a seleção tenha um caráter federativo”, esclareceu o pró-reitor.

Danilo Marques, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), acompanhou o debate. “Nos núcleos do Neabi procuramos não dissociar a questão do bônus regional com as políticas afirmativas. Estamos em um ano muito importante, de avaliação da Lei de Cotas, que completa dez anos, e é um momento para buscar ampliar o acesso aos estudantes negros, pretos e pardos, indígenas, PCDs e estudantes oriundos de escolas públicas. Precisamos debater o bônus regional com a preocupação de não elitizar o acesso à universidade”.