Ufal e Sociedade entrevista a professora Marina Machado Gouvêa da UFRJ

A doutora em Economia Política Internacional falou sobre a Teoria da Dependência
Por Ascom Ufal
04/11/2019 07h00 - Atualizado em 01/11/2019 às 09h53
Professora Marina Machado Gouvêa, da UFRJ, em entrevista (Foto: Renner Boldrino)

Professora Marina Machado Gouvêa, da UFRJ, em entrevista (Foto: Renner Boldrino)

Nesta edição, o Programa Ufal e Sociedade entrevistou a professora Marina Machado Gouvêa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sobre a dependência econômica dos países da América Latina e as consequências da desigualdade social para as condições de vida da população desses países. A pesquisadora esteve na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), de 23 a 25 de outubro, para participar do 1º Seminário Nacional Economia, Política e Dependência, realizado pela Faculdade de Serviço Social (FSSO).

Em meio à repercussão com as grandes manifestações populares no Equador e no Chile, a professora discorreu justamente sobre o tema Fascismo e Revolução na América Latina. “A Universidade deve contribuir com análises para que a sociedade entenda o que caracteriza a dependência latino-americana aos países centrais e tenha ferramentas para buscar respostas”, ressaltou Marina Gouvêa.

Durante a entrevista, Marina destacou algumas das reflexões feitas durante o seminário para aprofundar o debate sobre a Teoria da Dependência. “Essa dependência é imposta de fora ou faz parte do nosso próprio tecido social? A dependência é a forma particular pela qual a sociedade capitalista se reproduz nos países periféricos. São particularidades regionais do capitalismo, que teve uma evolução subordinada nos países colonizados”, explica a pesquisadora.

A pesquisadora apresentou ainda alguns conceitos que caracterizam países de economia dependente como transferência de valor para fora, superexploração da força de trabalho e a forma específica do ciclo do capital. “Existe uma parcela da classe dominante brasileira que é nacionalista e tem projeto de nação? Pode até ser que sim, mas ela não é hegemônica e não tem força para se contrapor aos interesses do capital internacional. Existe um termo usado pela cientista política e economista brasileira Vânia Bambirra, são classes dominantes dominadas”, relata a professora.

A pesquisadora destacou ainda que dependência brasileira não tem relação com uma economia atrasada. “Temos um parque industrial desenvolvido, já fomos a 9º economia do mundo, mas continuamos subordinados. Esse é um projeto estratégico das nossas elites que lucra com essa subordinação ao capital transnacional. Os processos capitalistas atuais estão reconfigurando a classe trabalhadora, aumentando a exploração”, alerta Marina.

Aprofundar esse debate é importante para que os movimentos sociais possam definir estratégias adequadas de resistência. “As condições de vida estão piorando muito. Até o que deveria ser direito, como saúde e educação, é um produto para quem pode pagar. É a mercantilização de tudo, visando acumulação de capital. Mudar esse sistema é uma questão de sobrevivência para humanidade e do planeta Terra”, finalizar Marina

Ouça a entrevista completa aqui.

E para saber mais sobre essa linha de pesquisa, acesse o link.