Arquiteta Zélia Maia Nobre receberá título de Doutora Honoris Causa pela Ufal

Cerimônia será no dia 10 de outubro, às 17h, no auditório da Reitoria.
Por Ascom Ufal com informações de Adriana Capretz
07/10/2019 15h33 - Atualizado em 08/10/2019 às 09h31
Arquiteta e fundadora da FAU, Zélia Pessoa de Melo Maia Nobre receberá o título de Doutora Honoris Causa

Arquiteta e fundadora da FAU, Zélia Pessoa de Melo Maia Nobre receberá o título de Doutora Honoris Causa

Autora do projeto do Iate Clube Alagoas, construído em 1963 na praia de Ponta Verde e que por muito tempo foi cartão-postal de Maceió, fundadora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Ufal, a arquiteta Zélia Pessoa de Melo Maia Nobre receberá o título de Doutora Honoris Causa no dia 10 de outubro, às 17h, em cerimônia realizada no auditório da Reitoria.

O título é o maior concedido pelas universidades a uma personalidade, com ou sem títulos acadêmicos. Conforme o Estatuto da Universidade Federal de Alagoas, quem o recebe apresenta eminente contribuição para o progresso da Universidade, da Região ou do País. A personalidade é agraciada por atuar em determinada área de forma proeminente, seja nas ciências, artes, letras, meio ambiente ou na cultura em geral.

Pernambucana de Nazaré da Mata, Zélia Pessoa de Melo nasceu em 1929, sexta filha entre dez irmãos. Com o sonho de morar na capital, no início dos anos de 1950 ingressou na Faculdade de Belas Artes de Recife, onde cursou Arquitetura e Urbanismo. Única mulher em uma turma de 60 homens, formou-se em 1954. Casada com o alagoano Vinícius Furtado Maia Nobre, Zélia adotou a capital alagoana como sua, onde permanece até hoje.

Ao chegar a Maceió, na década de 1950, Zélia teve que vencer grandes barreiras ao ingressar num ramo predominantemente masculino e constituído de engenheiros civis ou projetistas, sem formação em arquitetura, e conquistar a clientela que na época era atraída por modismos importados.

A arquitetura chamada “moderna” trazida por Zélia, e que já vinha sendo bem difundida por Oscar Niemeyer, contrastava com o estilo eclético das edificações mais tradicionais da cidade mas respeitava a escala, conferindo dinamicidade a conjuntos como o da Praça Dom Pedro II, após seu projeto do Park Hotel. Até mesmo sua residência, projetada no bairro do Farol em 1960, era verdadeira atração para quem passava. Os filhos ainda se lembram das pessoas parando para fotografar a “Residência Maia Nobre”.

Conhecida como “dama do traço elegante”, seus projetos foram sempre inovadores, a exemplo da Residência Universitária Alagoana, projetada na década de 70, cuja imensa parede curva de cobogós ilustra perfeitamente a ousadia de sua criadora. Em 2019, com a restauração da antiga RUA, passando a abrigar parte da Escola Técnica de Artes da Ufal, a arquiteta passou a emprestar seu nome à edificação. Zélia também atualizou o antigo prédio do Liceu de Artes e Ofícios para receber, em 1967, a antiga Faculdade de Engenharia de Alagoas, atual Pinacoteca Universitária da Ufal, compondo o conjunto modernista da Praça Visconde de Sinimbu.

As contribuições de Zélia Maia Nobre se estenderam para outras áreas do Estado de Alagoas. Ela participou das primeiras formações do Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia (Crea-AL), do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-AL) e da criação do Setor de Patrimônio do Serveal (antigo Serviço de Engenharia do Estado de Alagoas, extinto em 2019), realizando obras de destaque como o Centro Psiquiátrico Judiciário Pedro Marinho Suruagy em 1978. O Centro foi premiado pela ONU pela humanização do espaço manicomial. Sempre pioneira em tudo o que fazia, iniciou as obras de restauro em Maceió e atuou como membro do Conselho de Cultura do Estado, tendo importância decisiva no processo de tombamento da cidade de Marechal Deodoro.

Dentre tantas realizações, seu maior sonho era o de criar uma Faculdade de Arquitetura em Alagoas. Em1974, após muito esforço e dedicação, teve início a primeira turma da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Ufal. Ex-alunos e professores que conviveram com Zélia se recordam da paixão com que lecionava e se dedicava à formação dos alunos, enfrentando qualquer obstáculo para conseguir recursos para a recém-criada faculdade, assim como para que os jovens futuros arquitetos conseguissem finalizar os estudos e até mesmo ingressar no mercado de trabalho.

Há exatos 45 anos, a FAU vem formando gerações de arquitetos inspirados nos ensinamentos, na competência e sensibilidade desta grande dama da arquitetura alagoana.

Para saber mais sobre a arquiteta Zélia Pessoa de Melo Maia Nobre, confira o vídeo produzido pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Ufal.