Ufal e Sociedade aborda a conscientização sobre o autismo

Entrevistada desta semana é Daniely Spósito, assistente social do Núcleo de Acessibilidade
Por Lenilda Luna - jornalista
31/03/2023 14h13

O dia 2 de abril é a data escolhida pela Assembleia das Nações Unidas (ONU), desde 2007, para pautar na sociedade a conscientização sobre o autismo, como forma de buscar incluir essas pessoas, que estão dentro desse espectro de transtorno do neurodesenvolvimento, uma condição que se revela de forma específica em cada indivíduo.

No Brasil, a data foi oficializada recentemente, em 2018, pela Lei nº 13.652. Várias matérias sobre o tema indicam que existem dois milhões de pessoas autistas no país, mas não há uma fonte oficial para os dados. O Censo 2022 incluiu pela primeira vez o levantamento da população brasileira autista. 

A pesquisa mais recente, divulgada no mundo, foi publicada em 2 de dezembro de 2021, pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, e revela que uma em cada 44 crianças, aos 8 anos de idade, está no espectro autista.

Grupo TEA na Ufal

A assistente social do Núcleo de Acessibilidade (NAC) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Daniele Spósito, é a entrevistada do programa Ufal e Sociedade que começa a ser veiculado na segunda-feira (3), na rádio Ufal. Ela conta como foi formado o grupo de apoio dos autistas estudantes da Universidade. “Pelos dados da matrícula, conseguimos identificar cerca de 18 estudantes e entramos em contato por email”, explica.

Cerca de 12 estudantes estão participando das reuniões periódicas e já estão tendo a iniciativa de marcar atividades conjuntas ou trocar ideias sobre as dificuldades encontradas na vida acadêmica. Pessoas com Daryelle de Melo Nascimento, que faz licenciatura em Ciências Biológicas, e encontrou apoio ao integrar o grupo.

A estudante explica que tinha dúvidas se teria capacidade de lecionar. “Por causa das minhas dificuldades de socialização e a minha ansiedade relacionada a isso e a falar em público, mas no decorrer dos períodos passei a ganhar mais confiança. Já dei a minha primeira aula, como atividade curricular de extensão, e ocorreu tudo bem, gostei muito da experiência”, conta a graduanda.

Ela começou a participar do grupo em junho de 2022, quando as reuniões ainda eram virtuais. “Eu tinha recebido o diagnóstico fazia pouco tempo e queria ter contato com outras pessoas autistas que não fosse apenas pelo Twitter ou pelo YouTube. Também queria saber da vivência de outros universitários, porque na época tinha muitas dúvidas a respeito da minha aptidão para continuar no curso”, narra Daryelle.

O grupo contribui na socialização, ajudando a superar as dificuldades de fazer amigos na Ufal. "Nas reuniões, eu conheci e depois fiz amizade com um garoto que cursa Física, e vejo ele às vezes quando estou na Universidade durante o dia. Também acabo me esbarrando com alguns dos meus outros colegas do grupo de apoio, às vezes”, conta a estudante.

O grupo, infelizmente, já teve que passar pelo luto, quando um dos integrantes, o estudante de Biologia, Thiago Alves, faleceu, no final do ano passado. “Eu apresentei o grupo para ele e quando os encontros voltaram, de modo presencial, nós começamos a ir juntos, e então em dezembro, ele morreu”, lamenta Daryelle. Os estudantes reuniram-se para uma homenagem à memória de Thiago, naquele período.

Para saber sobre as reuniões periódicas do Grupo Tea da Ufal, acesse o QRcode abaixo.