Professor do Ceca apresenta estudo sobre raças Nelore e Retinta em Portugal

Cruzamento genético busca melhoria da qualidade da carne e do desempenho dos animais

20/10/2016 10h39 - Atualizado em 22/11/2021 às 09h06
Professor José Teodorico de Araújo Filho, um dos líderes do grupo de pesquisa Produção de Ruminantes – Forragicultura do Ceca

Professor José Teodorico de Araújo Filho, um dos líderes do grupo de pesquisa Produção de Ruminantes – Forragicultura do Ceca

Thâmara Gonzaga - jornalista

Parte das pesquisas realizadas pelo Grupo Produção de Ruminantes – Forragicultura, do Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Ufal, foi apresentada durante o 10º Congresso Ibérico de Recurso Genético, realizado na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico, na cidade de Castelo Branco, em Portugal, no mês passado.

O professor José Teodorico de Araújo Filho, um dos líderes do grupo, fez a apresentação do estudo Raça Retinta: desempenho de garrotes meio sangue no Cerrado brasileiro. O docente explica que a pesquisa é desenvolvida com o gado da raça Nelore, inseminada com material da raça Retinta proveniente da Espanha. “Um dos principais objetivos é a melhoria da qualidade da carne e melhor desempenho dos animais oriundos deste cruzamento em relação à raça pura Nelore”, destaca.

Segundo o pesquisador, o estudo teve início por meio de um acordo entre os Ministérios da Agricultura do Brasil e da Espanha. “Nós da Ufal assumiríamos a coordenação e execução dos trabalhos, tendo como entidade parceira e doadora do material genético a Associação dos Criadores de Gado da Raça Retinta da Espanha”, afirma.

A raça Retinta, esclarece o pesquisador, é nativa da Espanha, cujas características principais são a rusticidade e a adaptação a vários biomas. “Em especial, no semiárido, apresenta bons índices produtivos e excelente habilidade maternal. Na Espanha, os maiores rebanhos estão na região da Extremadura, que durante parte do ano se apresenta com temperaturas altas e sem chuva, como o Nordeste brasileiro”, ressalta. Araújo Filho conta que hoje o Brasil apresenta um rebanho bovino de aproximadamente 213 milhões de cabeças e, sendo a raça Nelore a maior representante desse rebanho, ela foi escolhida para essa avaliação. A perspectiva é que, com esse cruzamento, ocorra uma “maior produção por área, isto é, produzindo mais carne no mesmo hectare e por sua melhor qualidade de carne”, diz.

O professor relata que os primeiros animais nascidos do trabalho deste projeto foram no Centro-Oeste e, após, vieram os nascidos no Nordeste. “A maior concentração está registrada no estado do Mato Grosso do Sul, onde os animais com meio sangue Nelore e Retinto, com idade entre 15 a 17 meses, em média, alcançaram 30 quilos de peso vivo a mais do que aqueles de sangue Nelore”, destacou. “Vale salientar que a comparação é feita no mesmo ambiente e com o mesmo manejo”, acrescenta.

O cruzamento em Alagoas foi realizado em uma propriedade no município de Olho D'Água Grande, além das cidades pernambucanas de Bom Conselho e Quipapá. “O Ceca, detém um pequeno rebanho bovino da raça Curraleiro Pé Duro, dentro de um outro projeto de conservação de raças em perigos de extinção. Procuramos parceiros externos para realizar um trabalho dessa natureza”, argumenta o pesquisador.