Estudantes da Ufal são finalistas em concurso de dissertações em Ciências Sociais

Resultado final será divulgado no dia 14 de outubro no Encontro Anual da Anpocs
Por Jacqueline Freire – jornalista
08/09/2022 14h13 - Atualizado em 14/09/2022 às 15h46

No próximo dia 14 de outubro acontece a reunião anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). Na ocasião, será divulgado o resultado do concurso Anpocs de Obras Científicas, Teses e Dissertações Universitárias. Ada Rízia Barbosa de Carvalho e Hellen Monique dos Santos Caetano são egressas do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia Social. respectivamente, vinculados ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas (PPGS/PPGAS/ICS/Ufal) e finalistas do prêmio.

Segundo Ada Rizia, cujo trabalho é intitulado “Cadeias de tensão: repertórios disciplinares de ‘facções’ e do ‘sistema’ em unidades de internação alagoanas”, o concurso ainda tem algumas etapas pela frente, mas já há muito o que comemorar. “Chegar à etapa de finalista, algo que, por si só, é uma surpresa muito feliz, já é muito bom, mas chegar junto a uma companheira com quem partilhei parte da minha graduação, a Hellen, que também foi indicada pelo PPGAS da Ufal, me deixou ainda mais empolgada com o resultado até aqui”, diz.

A dissertação debruçou-se sobre os tensionamentos entre repertórios disciplinares em unidades de internação alagoanas, mobilizados tanto nas dinâmicas institucionais, por parte de funcionários, quanto nas enunciações, performances e sensos de pertencimento de adolescentes internados aos símbolos expressos pelas siglas PCC e CV. “As interações entre adolescentes e funcionários tornam possível compreender as dinâmicas de constrangimentos e pressões, de agências e tomadas de posição, que se evidenciam tanto em repertórios disciplinares quanto em enfrentamentos contra estes. No sistema, os repertórios institucionais e das facções são inseparáveis, se reproduzem e retroalimentam”, explica.

Daqui para frente, a concorrência em relação às etapas finais do concurso é ainda maior. “Sei que já tivemos um resultado muito importante, considerando, inclusive, as desigualdades regionais que estão implicadas na forma como nossas produções científicas circulam e são reconhecidas quando estamos em universidades que, no campo acadêmico, estão em posições menos hegemônicas”, afirma.

Em seu trabalho, Ada foi orientada pelo professor do ICS Fernando Rodrigues. “Uma trajetória de pesquisa é sempre construída a muitas mãos, coletivamente, com vínculos. Eu sei que esse reconhecimento precisa ser direcionado, principalmente, às pessoas que estiveram comigo nesse processo, desde os primeiros anos da graduação: o Instituto de Ciências Sociais, o Programa de Pós-graduação em Sociologia, meu orientador e amigos do grupo de pesquisa, os professores com quem aprendi e quem me inspiram, os técnicos da instituição sempre a nos auxiliarem. Esses vínculos são essenciais para que as pesquisas ocorram, para que dissertações sejam escritas, e esse tipo de reconhecimento é só a consequência de muito trabalho, coletivo, de anos, que é a formação acadêmica”, completa.

Para Hellen Monique, também finalista no concurso, a participação na premiação representa reconhecimento da sua pesquisa e a circulação e visibilidade aos temas apresentados. “Ser finalista já foi um reconhecimento bem importante, visto que concorremos com outras 53 pessoas de programas de todo o País com trabalhos importantes e muito bem produzidos. Acredito que vencer um concurso desse porte pode abrir muitas portas, mas já estou feliz e realizada pela indicação e confiança que o PPGAS/Ufal depositou em mim e pela circulação que já alcancei com isso. Acredito que meu papel enquanto pesquisadora e antropóloga é evidenciar a temática que eu estudei, para que mais e mais pessoas possam compreender mais facilmente os processos científicos e regulatórios que têm sido produzidos em nosso País nos últimos anos”, explica.

O trabalho de Hellen, que estudou na Ufal desde a graduação, foi orientado pela professora do ICS Débora Allebrandt e trabalhou as controvérsias públicas que envolvem os procedimentos regulatórios e científicos com Cannabis no Brasil. Intitulada “’Com mais técnica, com mais ciência’: controvérsias em torno dos procedimentos regulatórios e científicos com Cannabis no Brasil”, a dissertação discute a substância atualmente conhecida ora por Cannabis, ora como maconha.

“Meu trabalho foi feito a partir de muitas mãos. Ele não seria possível sem as excelentes professoras que tive durante a graduação e o mestrado e sem a ajuda da minha amiga e orientadora Débora Allebrandt. Fiquei feliz com a notícia principalmente pela temática que estudo”, diz. Os resultados evidenciaram, segundo a pesquisadora, a importância de cada agente na manutenção das próprias controvérsias, o que garante que elas estejam sempre em movimento, instabilidade e constante mutação, constituindo diferentes tipos de fatos científicos e técnicos.

“Acho importante a visibilidade que a temática tem em um prêmio como esse, principalmente pelas pessoas que essa pesquisa toca, tanto aquelas que vem sendo punidas pela política de drogas ineficaz do Brasil, quanto aquelas que convivem com dificuldades de acesso aos produtos terapêuticos derivados da Cannabis e sofrem diariamente buscando melhorias para sua saúde e qualidade de vida”, afirma.

A professora Débora Allebrandt, orientadora do trabalho feito por Hellen Caetano, acredita que esse reconhecimento da qualidade e dedicação das egressas é produto dos esforços que o ICS tem feito nos últimos anos, consolidando o campo de atuação e formação de cientistas sociais e antropólogas em Alagoas. “Tanto Ada como Hellen foram estudantes de Ciências Sociais no nosso curso e aproveitaram muito as atividades formativas que oferecemos. Hellen participou de dois ciclos de Pibic, estagiou na Revista Mundaú, atuou na empresa júnior, organizou e participou de eventos e congressos acadêmicos”, diz.

“Como orientadora desse trabalho, me sinto muito orgulhosa, pois sei toda a dedicação e seriedade com que Hellen conduziu toda a sua trajetória como pesquisadora na nossa universidade. Hellen recebeu no ano passado prêmio de melhor dissertação da Esocite.br, Associação Brasileira de Estudos Sociais das ciências e das tecnologias”, relata orgulhosamente a professora Débora.