Graduada pela Ufal é aprovada em primeiro lugar em residência da Unesp

Heloísa Vieira concluiu curso de Medicina Veterinária e se destacou na graduação por seu envolvimento em várias atividades
Por Thâmara Gonzaga – jornalista
25/03/2022 17h01 - Atualizado em 25/03/2022 às 17h31
Heloísa é médica veterinária formada pela Ufal e está fazendo residência na Unesp

Heloísa é médica veterinária formada pela Ufal e está fazendo residência na Unesp

Local de formação profissional, de oportunidades, de realização de sonho, de superação, de mudanças. Esses são alguns dos significados da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) para a vida da recém-formada Maria Heloísa Vieira. Ela, que ingressou na instituição no curso de Zootecnia, decidiu mudar de graduação já no quinto período e ir atrás do que tanto sonhou: ser médica veterinária.

“Esse sempre foi um sonho de criança, sempre tive animal de estimação, porém, quando busquei informações sobre o curso na Ufal, falava-se das dificuldades da unidade e do acesso”, recordou. Na dúvida, ela conta que acabou fazendo outra opção. Só que em 2016, após participar de uma ação de extensão na Fazenda São Luiz da Unidade Educacional de Viçosa, espaço que sedia as atividades veterinárias, ela viu “que a realidade era outra”, decidiu pedir reopção e se formar no que tanto queria.

O medo da mudança foi dando lugar à certeza da decisão durante as experiências da nova formação e, para encerrar o ciclo com a Ufal, no início deste ano, ela foi aprovada em primeiro lugar para a residência da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Botucatu. Conhecida entre os colegas e docentes por seu comprometimento e dedicação, ela, que já está morando em São Paulo devido ao início das atividades presenciais no dia 3 de março, fala com entusiasmo sobre esse novo momento.

“Minhas expectativas são as melhores possíveis. Poder estar em um laboratório de uma universidade renomada no país, como a Unesp, e fazer parte do programa de residência pioneiro no Brasil é surreal. Já estou aproveitando cada segundo e aprendendo com os outros residentes”, contou.

Para a Unesp, ela vai levar toda a vivência da graduação. Helena entrou disposta a aproveitar as oportunidades e, por isso, participou de muitas das experiências profissionais e acadêmicas proporcionadas pela Ufal, integrando projetos de pesquisa, monitoria e grupos de estudos. “Aproveitei o máximo a graduação! Tive alguns imprevistos, mas consegui driblar as dificuldades e chegar onde estou hoje”, afirmou.

Ela participou de iniciação científica como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), de 2016 a 2021, orientada pelos professores Pierre Escodro e Wagnner Porto. Atuou também como monitora voluntária, com orientação da professora Karla Patrícia e do docente Jonatas de Almeida, integrou grupos de estudos em Enfermidades Parasitárias, Epidemiologia e Zoonoses (Geepez) e Animais Selvagens (Geas), além de ter participado de uma liga acadêmica fora da Ufal.

História de inspiração

Esse envolvimento em várias atividades na Ufal e o seu compromisso em tudo o que faz renderam a ela o reconhecimento dos colegas de curso, que passaram a vê-la como inspiração. Alisson Barbosa é um dos que declara admiração e não poupa elogios para Heloísa. Ele conta que conheceu Helô, como é chamada pelos amigos, atuando como monitora, membro de grupos de estudo e aluna de iniciação científica. “É uma pessoa maravilhosa, extremamente comprometida e atenciosa a tudo que se propõe. Ela se destacou em seus projetos e, com seu jeito de ser, se tornou uma pessoa muito querida e conhecida por todos do curso”, enfatizou.

Ao comentar sobre a trajetória e as conquistas da amiga, Alisson faz questão de destacar o quanto essa vitória é importante, diante dos muitos desafios que a comunidade negra enfrenta para conseguir alcançar lugares de destaque no mundo do trabalho e no meio acadêmico. “Fiquei muito contente com a aprovação dela na residência porque nos vemos muitas vezes na pele de pessoas negras que conseguem se destacar nesse país, apesar de todas as dificuldades e invisibilização da sociedade. Para mim, Helô é um exemplo de pessoa que nos mostra que tudo é possível, acreditando em você mesmo e agarrando as oportunidades que nos são dadas”, afirmou.

Para ele, a certeza é de que Heloísa “deixou um legado na unidade que será conhecido por muitos calouros por anos”. E conclui: “É uma lenda do nosso curso que merece todo reconhecimento possível. Fico muito feliz de ter feito parte como espectador dessa história maravilhosa que está apenas começando e, hoje, poder chamar Helô de amiga”.

Apoio dos docentes da graduação até a residência

Foi de forma objetiva e planejada que Heloísa decidiu onde realizaria a residência em medicina veterinária. Após analisar a composição de seu currículo, avaliar onde poderia melhorar e quais opções ela pretendia seguir, constatou que suas pretensões profissionais se encaixavam mais nas ofertas da Unesp e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Em 2019, junto com meu orientador de monitoria, Jonatas de Almeida, que tinha feito residência e contava com experiência, conversamos e discutimos sobre o meu currículo e no que eu poderia melhorar mais”, lembrou Heloísa, ao detalhar que a residência que vai cursar é uma pós-graduação com bastante prática e, ao término, receberá o título de especialista.

Durante a pandemia, ela melhorou ainda mais o currículo, participando de cursos e eventos remotos, inclusive com a monitoria on-line da Ufal, além de intensificar os estudos para o processo seletivo dos programas que tentaria.

As seleções foram realizadas entre janeiro e fevereiro. O da Unesp Botucatu foi todo remoto, já o da UFMG foi presencial. Na de Minas Gerais, ela participou da seleção para a área de Saúde Pública com ênfase em Interface Saúde Humana e Silvestres; na Unesp, para a subárea Enfermidades Parasitárias dos Animais, em que conquistou o primeiro lugar.

Nesse processo, e também ao longo da graduação, Heloísa reconhece que a orientação dos professores foi crucial para alcançar seus objetivos. “Wagnner, Karla e Jonatas [docentes] foram essenciais durante a graduação e na preparação para a residência, desde a elaboração do currículo, estudos, até na escolha do local que eu pudesse prestar a prova”, relatou.
Ainda de acordo a médica veterinária, por meio das monitorias e atividades de iniciação científica na Ufal, ela conseguiu melhorar a forma de lidar com o público, auxiliar os discentes, ajudar na elaboração de aulas práticas, além de ter a oportunidade de aprender e conhecer profissionais da área que trabalham na Universidade e também em outras instituições. “Sem dúvidas, a orientação de todos foi decisiva na escolha do meu caminho e o quanto me espelho neles como profissional que quero me tornar. Quem sabe, em um futuro próximo, eu venha me tornar docente e ser referência para outros alunos assim como ela [Karla] e eles [Wagnner e Jonatas] são para mim”, afirmou.