Trabalho de estudantes destaca importância da Pedagogia Hospitalar

Artigo foi aprovado em evento internacional, e as discentes fazem “vaquinha online” para custear as passagens
Por Amanda Alves – estagiária de Relações Públicas
15/02/2019 09h00 - Atualizado em 15/02/2019 às 10h46
Alunas da Ufal vão ao México apresentar projeto na área de pedagogia hospitalar

Alunas da Ufal vão ao México apresentar projeto na área de pedagogia hospitalar

‘Direito à educação’ é o termo que descreve o trabalho desenvolvido por Samanda Oliveira, Sheyla Rodrigues e Rosangela Santos, estudantes do 7º período do curso de Pedagogia, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Sob o título de Pedagogia hospitalar: como é a atuação do pedagogo no estado de Alagoas – Brasil?, o artigo rendeu uma aprovação no Primer Encuentro Latinoamericano de Investigación Educativa y del Saber Pedagógico, que ocorrerá na Cidade do México, entre os dias 20 e 22 de junho.

Tendo em vista que um dos espaços do pedagogo também é no hospital, as discentes fazem parte do projeto de extensão Pedagogia hospitalar: Estudar não importa o lugar. A ideia do projeto surgiu do interesse da aluna Williane, que já obtinha experiências no ambiente hospitalar, assim, conversou com a docente Edna Prado, do Centro de Educação (Cedu), expôs suas ideias e surgiu o projeto.

O objetivo é desenvolver atividades com as crianças em tratamento oncológico, e o local escolhido para implantar o projeto foi a Casa da Criança, anexo do Hospital do Açúcar. “Como a nossa formação é voltada para educação pública, lá no hospital as crianças que a gente atende são todas do Sistema Único de Saúde (Sus)”, justificou Sheyla Rodrigues, membro da equipe.

Como resultados da participação no projeto, Samanda afirma que espera que tenha sido um tempo proveitoso para as crianças. “Apesar do pouco tempo estando nesse projeto, espero que elas tenham aprendido alguma coisa, pois muitas vezes tínhamos que lidar com o ‘não’ delas, e como o principal é a saúde da criança, respeitávamos suas decisões, pois são crianças maravilhosas e muito criativas”, contou.

Segundo a estudante, a participação no projeto proporcionou uma experiência prática com o estímulo a criatividade, a interação e a socialização com o outro, pois devido ao tratamento, algumas crianças se tornam introspectivas. Para isso, Samanda relata que também é necessário contar com a sensibilização das pessoas. “Quando fazemos uma atividade de pintura, contação de histórias, brincar de lego, talvez pensem que não estamos fazendo ‘nada’, mas na verdade há uma intencionalidade. Nessas atividades sondamos as noções de espaços, trabalhamos a sensibilidade com instrumentos...”, enumerou.

O trabalho

Com a vivência da prática pedagógica para as estudantes surgiu o artigo, onde elas relatam suas experiências no hospital, atuando com pedagogia hospitalar, e mostrando o que difere a teoria da prática. Sobre a importância do mesmo, Samanda relata que consiste no reconhecimento: “quando se toca no assunto pedagogia hospitalar, as pessoas não tem conhecimento de que o hospital também é um dos tantos espaços de atuação do pedagogo”, diz, e continua: “A constituição diz que todos têm direito a educação, e não é por elas [as crianças] estarem em tratamento que esse direito deva ser negado, pois temos que pensar na criança após o tratamento. Como ela irá voltar pra escola se não teve acompanhamento pedagógico no período de internação?”.

Através da publicação e apresentação do artigo, as discentes dizem o que esperam que as pessoas percebam “O quanto é difícil, primeiro pela nossa formação que não nos prepara pra atuar em espaços fora da sala de aula; o lado afetivo, pois a gente se apega a essas crianças e criamos a expectativa de que tudo ocorra bem e que ela volte a ter a sua rotina antes do diagnóstico; e o quanto é difícil pra gente lidar com a perda, não só a família sofre, nós também sofremos por criarmos um laço”, destaca Samanda.

E prossegue: ‘”Nosso Estado não tem pedagogo atuando no hospital e esperamos que as pessoas compreendam a importância de estarmos no hospital, orfanatos entre outros espaços não escolares. Somos o diferentes, nós somos profissionais que não nos limitamos ao paciente e prontuário, somos profissionais que vamos além, reconhecemos um sujeito que teve e tem uma história antes de se tornar paciente”, ressalta. 

A aprovação do artigo submetido ao evento no México surpreendeu as estudantes, tendo em vista que a carta de aceite chegou após o prazo. Desde então, começou uma maratona de arrecadação de fundos para realização da viagem.

Arrecadação de recursos

Como forma de arrecadar recursos para custear as passagens, as estudantes criaram uma conta no site Vakinha. As doações serão recebidas até o dia 7 de maio. Primeiro é necessário preencher um breve formulário, e após isso basta escolher a forma de pagamento: boleto ou cartão de crédito. Para quem não puder doar através da Vakinha, as estudantes também estão vendendo rifas no valor de R$ 2 com o sorteio de uma cesta de cosméticos. Para comprar, basta procurá-las no Cedu.

Samanda deixa um recado especial para quem puder ajudar: “Se puderem, ajudem, não é uma viagem de férias, é uma viagem importante, pois pedagogia hospitalar já não é algo muito discutido nesse Estado, e estaremos num evento internacional para contar a nossa experiência nesse ambiente, e o quão importante isso é para a Ufal, para a comunidade acadêmica e  principalmente para a sociedade alagoana”.

Para aqueles que quiseram contribuir através da Vakinha, basta acessar o site aqui https://www.vakinha.com.br/vaquinha/pedagogia-hospitalar-estudar-nao-importa-o-lugar.