Tragédia ambiental em Maceió vira pesquisa da Ufal em parceria com UNB e UFPE

Professora Natallya Levino, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, coordena o projeto
Por Lenilda Luna - jornalista
08/03/2023 14h42 - Atualizado em 09/03/2023 às 14h43

Desde que o primeiro tremor de terra foi registrado no bairro do Pinheiro, em Maceió, no dia 3 de março de 2018, os pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) se voltaram para buscar explicar as causas do fenômeno. De lá para cá se depararam com vários indícios de que, longe de causas naturais, estavam diante do maior crime ambiental em área urbana no mundo, provocado pela mineração de sal-gema da empresa Braskem.

Entre as várias pesquisas realizadas sobre o caso está a que é coordenada pela professora Natallya Levino, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). É desenvolvida em parceria com Universidade de Brasília (UNB) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e foi aprovada no Edital Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 2021.

Neste mês de março, quando a tragédia completa cinco anos, a questão do crime que atinge cinco bairros de Maceió, vitimando cerca de 60 mil moradores, foi retomada com muita intensidade pela imprensa. Os estudos técnicos que comprovaram a responsabilidade da Braskem com a extração mineral de sal-gema como a causa das rachaduras e do afundamento do solo nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol foram relatados nos noticiários locais e nacionais.

No campo acadêmico, o desastre socioambiental de Maceió foi abordado no podcast Quero Saber, da Universidade de Brasília. No episódio publicado no último dia 2, foram entrevistados: a professora Natallya Levino, coordenadora da pesquisa; Alexandre Sampaio, presidente da Associação dos Empreendedores do Bairro do Pinheiro e Região Afetada; e Neirevane Nunes, ex-moradora e liderança do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB).

O podcast, um projeto do curso de Administração da Universidade de Brasília (UnB), é apresentado pela professora Patrícia Guarnieri, que abordou com os três entrevistados o resumo da história do crime ambiental, os acontecimentos que se tornaram públicos há cinco anos, a partir do terremoto de 2,5 na Escala Richter, que foi provocado pelo desabamento de três das 35 minas perfuradas pela Braskem. O Serviço Geológico do Brasil comprovou a causa do desastre.

O projeto Análise Quali-Quantitativa dos Incidentes Ocasionados pela Mineradora Braskem em Maceió-AL sob a Perspectiva da Sustentabilidade em suas Dimensões Econômica, Social e Ambiental é coordenado pela professora Natallya Levino, com a participação dos professores Anderson dos Santos (Ufal), Verônica Antunes (Ufal), Marcele Fontana (UFPE), Patricia Guarnieri dos Santos (UnB) e Diego Mota Vieira (UnB). Foi criado um repositório para divulgar os artigos e outros produtos desenvolvidos pelo grupo.

Natallya explica que a pesquisa surgiu da necessidade de se conhecer mais sobre o fenômeno e suas implicações. “Vale ressaltar, que por ser um fenômeno recente, o material produzido ainda é insuficiente para dimensionar a grandiosidade do impacto e seus desdobramentos. O repositório tem a finalidade de reunir as informações produzidas por diferentes grupos de forma a publicizar o desastre que hoje atinge quase 60 mil famílias diretamente e impacta em toda a cidade de Maceió”, explicou a pesquisadora.

O grupo de pesquisa também criou um canal no Youtube intitulado Relatos de uma tragédia. “O canal tem o objetivo de divulgar os resultados da pesquisa e promover o debate com a comunidade sobre os dados levantados, em busca de soluções. Queremos criar esse fórum permanente de debates, porque muitas informações e análises ainda serão produzidas sobre esse caso grave registrado em Maceió”, concluiu a pesquisadora.

Confira o repositório aqui

Ouça o podcast Quero Saber aqui:

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Leia também a revista Saber Ufal, edição especial sobre o afundamento dos bairros de Maceió, produzida pela Assessoria de Comunicação (Ascom) da Ufal. Clique aqui