Pesquisadora participa de simpósio nacional com foco na crise climática

Evento é promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e será transmitido no YouTube da ABC a partir das 16h.
Por Diana Monteiro – jornalista
21/09/2021 10h50 - Atualizado em 21/09/2021 às 10h51

A professora Patrícia Muniz de Medeiros, do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca), da Universidade Federal de Alagoas, será uma das participantes do 9º Simpósio Científico de Membros Afiliados da ABC: Segurança alimentar, ambiental e redução da iniquidade, que abordará contribuições da ciência à agricultura na crise climática. O evento, promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), acontece nesta terça-feira (21), a partir das 16h, com transmissão pelo YouTube da ABC.

Serão apresentadas pesquisas inovadoras de jovens cientistas brasileiros na produtividade agrícola em meio a esse conexto. Entre os temas abordados está o que trata sobre a popularização do consumo das Plantas Alimentícias Não Convencionais, as Pancs.

De acordo com as informações divulgadas, “as mudanças climáticas têm escalonado a níveis preocupantes no mundo, trazendo mais insegurança alimentar ao planeta. Na África, Madagascar já é o primeiro país do mundo a enfrentar fome, causada pelo aquecimento global, segundo alertou a Organização das Nações Unidas (ONU), em agosto”.

O evento científico vai mostrar como brasileiros lideram algumas das principais pesquisas inovadoras das ciências biológicas no mundo, que têm trabalhado para aumentar a produtividade da agricultura e torná-la mais sustentável, integrando-a à economia circular e garantindo a segurança alimentar. A contribuição vai desde o aprimoramento dos mecanismos de defesa das plantas à popularização do consumo das citadas Plantas Pancs.

Além de Patrícia Medeiros, da Ufal, o simpósio contará com a participação de quatro jovens acadêmicos da ABC na área de ciências biológicas: Felipe Klein Ricachenevsky, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Mario Tyago Murakami, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBR/CNPEM); e Raul Antonio Sperotto, da Universidade do Vale do Taquari (Univates).

Patrícia trabalha, há três anos, em um protocolo interdisciplinar com o objetivo de ampliar o consumo desse grupo de alimentos no Brasil. No simpósio, ela vai apresentar os andamentos do trabalho realizado com as chamadas Pancs. Mesmo tendo um enorme potencial alimentício, por serem dotadas de proteínas, vitaminas essenciais, antioxidantes, fibras e sais minerais, essas plantas ainda enfrentam resistência na sociedade para consumo.

O estudo dela trata sobre Contribuições para a popularização de plantas alimentícias não convencionais (Pancs). “Buscamos indicar espécies com forte potencial de consumo, estudar o perfil socioeconômico mais propenso a se tornar consumidor e até mesmo se o nome Pancs impacta negativamente na percepção das pessoas”, destacou.

Professora adjunta da Ufal, ela atua no estudo de aspectos cognitivos e comportamentais dos seres humanos em relação à natureza. Em sua trajetória acadêmica, foi vencedora do prêmio International Rising Talents da L’Oréal-Unesco 2020 e do prêmio L’Oréal-Unesco-ABC para Mulheres na Ciência 2019.

O 9º Simpósio Científico será coordenado pelo diretor da ABC, Elibio Rech (Embrapa). Os pesquisadores e afiliados da ABC Rafael Vasconcelos Ribeiro (Unicamp) e Thiago Motta Venâncio (UENF) também participam como debatedores. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas neste link.

Mais pesquisas

Conforme a programação, no encontro, os participantes apresentarão pesquisas com foco na contribuição da ciência conectada com a realidade da desafiante crise climática. Raul Sperotto, apresentará o trabalho sobre Estratégias biotecnológicas visando à garantia da segurança alimentar. Ele é professor permanente do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia da Universidade do Vale do Taquari (Univates), doutor em biologia celular e molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua, principalmente, com respostas de plantas a estresses abióticos e bióticos, biotecnologia vegetal e segurança alimentar sob condições não-ótimas.

Raul estuda a resposta das plantas a fatores de estresse ambiental e biótico, como baixa temperatura e infestação de ácaros. Uma das estratégias encontradas pelo pesquisador foi utilizar bactérias do solo para aumentar a defesa de grãos como arroz e feijão. Conforme a pesquisa, inoculando essas bactérias do solo, conseguiu-se respostas que só teriam com produtos químicos e, assim, pode-se substituir os fertilizantes.

Alimento que compõe a mesa da maioria das famílias brasileiras, o arroz também é tema da pesquisa de Felipe Ricachenevsky, que está desenvolvendo uma linhagem de grãos desse cereal com maiores índices de ferro e zinco. Conforme a pesquisa “em um contexto onde uma em cada três crianças sofre de anemia no Brasil, como apontou um levantamento recente da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), aumentar o índice desses nutrientes no alimento é de extrema importância”.

Denominada de O Ionoma das plantas auxiliando no aumento da segurança alimentar e qualidade nutricional, a pesquisa já identificou que, entre alguns parentes selvagens do arroz, existem espécies que acumulam mais zinco e ferro no grão. O estudo em andamento busca encontrar uma maneira de entender esse mecanismo e colocar no arroz consumido pela população brasileira. Felipe é professor adjunto do Departamento de Botânica e do Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular da UFRGS. Doutor em biologia celular e molecular pela mesma Universidade, foi grantee do Instituto Serrapilheira (2017).

Biologia sintética como tecnologia habilitadora de uma economia circular sustentável é a pesquisa desenvolvida por Mario Tyago Murakamique atualmente lidera programas interdisciplinares voltados para a solução de problemas estratégicos do país nas áreas de bioenergia e biorrenováveis, com foco em biologia sintética e biocatálise.Em sua apresentação, ele vai falar sobre a biologia sintética como tecnologia habilitadora de uma economia circular sustentável.

Diretor científico do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR), Mário é doutor em biofísica molecular pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e livre docente em biotecnologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).