Lapis afirma que mancha por navio no RN pode não explicar origem do vazamento

Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Ufal
Por Ascom Ufal com Letras Ambientais
01/11/2019 15h56 - Atualizado em 02/11/2019 às 13h25
Mancha de óleo por navio não é contínua. Fonte: Lapis

Mancha de óleo por navio não é contínua. Fonte: Lapis

Na manhã desta sexta-feira, dia 1º de novembro, a Polícia Federal deflagrou a “Operação Mácula”, para investigar a origem e autoria do derramamento de óleo no Litoral do Nordeste, próximo ao Rio Grande do Norte. O desastre ambiental já atingiu mais de 286 localidades, desde 30 de agosto de 2019. A Polícia Federal suspeita que o óleo tenha sido derramado de um navio petroleiro, de origem grega, em alto mar, a 700 km da Costa brasileira.

Em referência à mancha divulgada pela Polícia Federal, o pesquisador Humberto Barbosa, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), afirmou, em nota, que já tinha conhecimento do vazamento de óleo, próximo ao Rio Grande do Norte. Todavia, ele chama atenção que a mancha de óleo, divulgada nesta sexta-feira, pode não ser suficiente para explicar a origem do desastre ambiental no Nordeste. 

O Laboratório está analisando a imagem do satélite Sentinel-1A, do dia 24 de julho de 2019, que capturou a mancha nas proximidades do Rio Grande do Norte, assim como outros dados de satélites que podem fornecer novas pistas para as investigações. O pesquisador Humberto Barbosa ressalta que esta é uma das imagens que têm sido utilizadas no levantamento feito pelo Laboratório, visando “montar o quebra-cabeça” e encontrar a origem do vazamento.

Mas ele chama atenção que há vários outros pontos semelhantes, localizados na bacia do Atlântico Sul (próximo ao Nordeste), também associados a manchas de óleo. É o caso da enorme mancha encontrada pelo Lapis, na última segunda-feira, dia 28 de outubro, nas proximidades da Costa da Bahia, com impressionantes 84 km de extensão, 6 km de largura e 47 metros de densidade.

Barbosa também observou que, ao longo da extensão da mancha de óleo encontrada próximo ao Rio Grande do Norte, um trecho dela está descontínuo, desapareceu, podendo já ter afundado no momento em que o satélite capturou a imagem. “As várias manchas de óleo que localizamos no Oceano Atlântico Sul, próximo ao Nordeste, ora estão relacionadas a possíveis vazamentos de navios, ora a fluidos vindos do subsolo do fundo do mar. Inclusive, em alguns trechos, próximos à área portuária do Espírito Santo, foram detectadas manchas de óleo nas imagens de satélites. Porém, essas imagens ainda não foram analisadas, com o intuito de esclarecer a possível origem do vazamento”, destaca Barbosa.

O pesquisador ressalta também que a enorme quantidade de resíduos coletados nas praias do Nordeste, até o momento, podem não ser explicadas apenas por um vazamento de um navio na superfície. “Possivelmente, está ocorrendo um vazamento maior abaixo da superfície do mar. Localizamos várias manchas de óleo no Oceano e o desastre ambiental talvez não seja explicado apenas por uma origem de vazamento”, completa.

Barbosa destacou ainda que é preciso comparar a capacidade de transporte de petróleo do navio-cargueiro que possivelmente vazou o óleo no Litoral do Rio Grande do Norte, com as toneladas de resíduos coletados nas praias. Além disso, a questão é mais complexa, pois pela densidade do material, muitos resíduos estão no fundo do mar. Os fatores meteorológicos, especialmente os ventos e as correntes marítimas, também tornam a análise ainda mais complexa, pois podem tanto afundar quando arrastar o material.

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