Professora da Faculdade de Arquitetura é uma das finalistas de prêmio do Iphan

Taba-êtê- desvelando brasis concorre na categoria de patrimônio cultural material
Por Jacqueline Freire – jornalista
24/08/2020 13h52 - Atualizado em 24/08/2020 às 14h34

A professora Maria Angélica Silva, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal de Alagoas, é uma das finalistas do prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, a maior premiação para ações do Patrimônio Cultural Brasileiro. Nesta 33ª edição, o prêmio contou com recorde de inscrições, com 515 ações participantes.

O trabalho da professora Angélica abrange a exposição “Taba-êtê- desvelando brasis”, realizada pelo Grupo de Pesquisa Estudos da Paisagem da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Ufal. Selecionada para representar Alagoas, a exposição concorre nacionalmente na categoria das iniciativas de excelência no campo do Patrimônio Cultural Material, no segmento relacionado a universidades públicas e privadas, e foi montada no contexto da 9ª  Bienal do Livro da Universidade Federal de Alagoas, realizada no  histórico bairro de Jaraguá, em Maceió, em novembro de 2019.

“A expressão Taba-êtê  evoca vocábulos usados pelos povos nativos para nomear os gestos urbanos iniciais nas terras dos brasis. Ou seja, os primeiros povoados, vilas e cidades empreendidos pelos colonizadores eram nomeados, entre os donos da terra, como ‘grandes tabas’”, explica a professora.

O evento convidou a população a explorar 11 antigas cidades nordestinas e seus monumentos. Produzida com escritas textuais e visuais e recursos de tecnologia digital, foi  montada  na Casa do Patrimônio, antigo galpão de açúcar transformado em sede da Superintendência do Iphan Alagoas. As cidades contempladas foram Salvador, Olinda, Recife, João Pessoa, Penedo, Marechal Deodoro, Porto Calvo, Igarassu, Cabo de Santo Agostinho, Sirinhaém e Vila Velha.

A professora Angélica conta que as imagens destas cidades cobriram as paredes do edifício como uma espécie de vestimenta, realizando mosaicos que mostravam caminhos para o visitante criar suas próprias conexões. “Assim, brasões voavam; portos, vilas, fortes, engenhos e conventos se emaranhavam em uma costura de informações que demandava a junção de fragmentos através do olhar curioso para obter respostas... ou dúvidas”, explica. “Ao centro, localizou-se o maior artefato expositivo: uma roda com três metros de diâmetro a recordar as primeiras formas de habitação humanas e até mesmo, a barriga materna.  No Brasil, Hans Staden menciona as paliçadas circulares dos indígenas.  Além das casas e cercas, as danças se faziam nesta forma, separando o dentro e o fora”, diz.

“A dimensão do patrimônio material encontrou a do imaterial expressando-se em vídeos com sobreposições de diferentes espacialidades, aproximando o candomblé e a capoeira das memórias dos engenhos, o coco de roda das origens indígenas do feitio da farinha”, lembra Angélica.

Durante a exposição, houve a exibição do curta Entrecéus, produzido pelo Grupo, que aborda o cruzar de tempos e dos patrimônios material e imaterial, e recebeu o Troféu Cinememória de Melhor documentário do 4º Curta Brasília (2015).  

Juntamente com a exposição foi lançado ainda o livro “A invenção da cidade” que explora, através de imagens e textos, o surgimento dos primeiros núcleos urbanos no Brasil. Comemorando os vinte anos de atuação do Grupo de Pesquisa Estudos da Paisagem, a pesquisa foi produzida a partir do atendimento a inúmeros editais do CNPq, Capes, Fapeal, culminando no Programa de Apoio a Núcleos Emergentes – Pronem (CNPq/Fapeal) que financiou a edição do livro através do consórcio Edufal/EDUFBA.