Entusiasmo e reconhecimento marcam início da 6ª Expedição

Solenidade de abertura reuniu investidores, parceiros e comunidade, na cidade de Piranhas, no alto sertão alagoano
Por Rose Ferreira - jornalista
22/11/2023 17h45 - Atualizado em 22/11/2023 às 21h49
Centro Cultural Miguel Arcanjo ficou lotado para a abertura dos trabalhos da 6ª edição

Centro Cultural Miguel Arcanjo ficou lotado para a abertura dos trabalhos da 6ª edição

Teve início, nesta terça-feira (21), mais uma edição da Expedição Científica do Baixo São Francisco. Com a credibilidade resultante de um trabalho de excelência, pelo 6º ano consecutivo, a solenidade de abertura reuniu instituições e pesquisadores de todo o Brasil, mostrando resultados e anunciando as ações de ciência, educação e saúde que serão desenvolvidas ao longo dos 240 km da região.

Apesar da sensação térmica de mais de 45º em Piranhas, o Centro Cultural Miguel Arcanjo ficou lotado, inclusive com jovens e adolescentes da rede pública de ensino, que foram motivados a transformar suas vidas e comunidades por meio do conhecimento, tendo como um dos exemplos a representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Sônia Costa, que emocionou o público ao lembrar de sua trajetória. “Eu, como filha de agricultor lá do Rio Grande do Sul e que veio de escola pública, posso hoje estar à frente de uma política pública. E meu desejo é que vocês, jovens, também estejam à frente de grandes políticas públicas, através do conhecimento e da educação”, enfatizou Costa, diretora de Tecnologia Social, Economia Solidária e Tecnologia Assistiva do MCTI.

A mesa de honra com investidores e parceiros foi presidida pela reitora em exercício da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Eliane Cavalcanti, e composta pela coordenação das Expedições, representada pelo professor Emerson Soares; Sônia Costa, representante do MCTI; Paulo Faria, diretor de Desenvolvimento e Inovação da Aquicultura do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Leonea Santiago, coordenadora de elaboração de políticas públicas educacionais, da Secretaria Nacional de Esporte Amador, Lazer e Inclusão Social, do Ministério do Esporte (MESP); Alcides Tenório, superintendente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Alagoas; Thiago Freitas, prefeito de Piranhas, representando os prefeitos dos municípios do Baixo São Francisco; o reitor Valter Joviniano, da Universidade Federal de Sergipe (UFS); Victor Maia, pró-reitor de Planejamento da Universidade Federal do Agreste Pernambucano (UFAPE); Maciel Oliveira, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF); o deputado estadual Inácio Loiola; e o Capitão Tenente Azevedo, representando a Marinha do Brasil.

Em sua fala, Emerson Soares destacou a viabilidade da Expedição, graças ao comprometimento e a parceria com grandes instituições e com uma equipe de trabalho engajada, composta por pesquisadores, tripulação, pescadores e equipe de apoio. “O Baixo São Francisco tem graves problemas de saúde, porque a qualidade da água não tá boa, e as pessoas estão precisando de saúde, uma condição básica. Precisamos das lideranças, dos gestores públicos para implantar o sistema de saneamento básico e não sobrecarregar o sistema de saúde do município, afinal, são 504 municípios que lançam seus esgotos na bacia do São Francisco como um todo!”, ressalta Soares, reforçando ainda a importância dos resultados das pesquisas se tornarem políticas públicas: “Os representantes do povo precisam ler os materiais produzidos e implementá-los. Não adianta produzirmos um material científico para ficar somente em um livro ou ficar estampado na capa de um jornal, ele tem que virar uma política”.

O prefeito de Piranhas, Thiago Freitas, destacou as ações positivas realizadas pelas Expedições nos últimos anos. “Em sua 6ª edição, a Expedição se consolida e já deixa um legado para todas as cidades do Baixo São Francisco, tornando-as como um palco para a ciência, a tecnologia, a pesquisa e a informação, beneficiando toda a comunidade ribeirinha, seja a realização de exames, construção de fossas agroecológicas para promover o saneamento e a saúde, doação de kits multimídia, implementos agrícolas e tratores. Nosso sentimento é de gratidão, porque estamos cuidando do grande vetor de desenvolvimento e geração de empregos que é o Rio São Francisco”, finalizou Freitas.

Os três representantes de Ministérios destacaram a importância do programa científico e a necessidade de uma política interministerial para o Baixo São Francisco. O Ministério da Pesca tem se feito presente através do treinamento de 300 aquicultores ao longo do ano, que receberão um kit aquicultor ao final do curso. O MCTI, um investidor de anos, tem beneficiado diretamente as escolas da região, através da doação de computadores, projetores multimídia, caixas de som e ar condicionados, como forma de proporcionar condições dignas e uma educação de qualidade. Já o Ministério do Esporte, em parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude (Selaj), vai formar professores e entregar material esportivo, para que o esporte também seja utilizado como ferramenta de transformação social.

Na oportunidade, o reitor da UFS, Valter Joviniano, falou em nome de todas as universidades federais ali representadas com seus pesquisadores e afirmou que o financiamento e apoio a ações concretas, como a Expedição, é o que permitirá a reconstrução do país. A UFS integra a Expedição com pesquisadores nas áreas de Arqueologia Subaquática e Antropologia.

Eliane Cavalcanti finalizou a solenidade enfatizando o trabalho incansável da coordenação das Expedições nas pessoas dos professores da Ufal Emerson Soares, José Vieira e Themis Silva. Depois de agradecer a todos os presentes e instituições representadas, como a a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas (Semarh-AL) e Ministério Público Federal (MPF), Eliane destacou o papel social da universidade. “Os expedicionários vão onde o povo está e esse é o papel das nossas universidades, dos agentes públicos que vão para o público e que estão para o público. Esta é a nossa expedição!”, celebrou Cavalcanti, que encerrou sua fala pedindo para que todos os integrantes da Expedição ficassem em pé, e afirmou: “População ribeirinha, eis os nossos expedicionários, todos virando carranca nesse momento. Que comece a Expedição!”

Homenagens e lançamento de livro

Na abertura da Expedição, a coordenação fez uma homenagem especial a três personalidades que contribuíram e contribuem, diretamente, para a realização desse trabalho. Foram eles: Maciel Oliveira, do CBH São Francisco; Ricardo Lisboa, da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Condevasf); e Sônia Costa, do MCTI. Por motivos pessoais, Ricardo Lisboa não pôde comparecer à cerimônia. Na placa de homenagem, constava a seguinte mensagem: “Em reconhecimento à pessoa cujo compromisso incansável e dedicação foram fundamentais para o avanço da Expedição Científica do Baixo São Francisco. Seu nome estará gravado na história da ciência e da preservação deste ecossistema único.”

Após as homenagens, foi lançado oficialmente o livro “Perfil Socioeconômico Municipal e Aspectos Geoambientais do Baixo São Francisco 2023”, uma publicação inédita fruto da parceria entre o IBGE Alagoas, Sergipe e Bahia com a Ufal, por meio da Expedição. Organizada por Neison Freire, analista do IBGE, e Rose Ferreira, da Assessoria de Comunicação da Ufal, a obra foi publicada pela Editora da Ufal (Edufal) e está disponível fisicamente na editora universitária e como e-book no site da Expedição. “É com muito orgulho, alegria e satisfação que preparamos esse recorte territorial do Baixo São Francisco. Além do livro, também estamos lançando o Banco de Dados Geoespaciais da região, com dados de todas as pesquisas municipais que nós realizamos, não apenas no censo demográfico, dos 93 municípios que compõem o Baixo, segundo o Comitê, com dados sobre população, socioeconômica e agropecuária", afirmou Freire.

Serviço

A 6ª Expedição Científica do Baixo São Francisco acontece até o dia 30 de novembro. Serão contemplados os municípios alagoanos de Piranhas, Pão de Açúcar, Traipu, São Brás, Igreja Nova, Penedo e Piaçabuçu, e a cidade sergipana de Propriá. A população poderá acompanhar a Expedição pelos principais meios de comunicação e também participar das atividades em sua cidade, seguindo o cronograma abaixo:

21 de novembro: Piranhas-AL

22 de novembro: Pão de Açúcar-AL

23 de novembro: Traipu-AL

24 de novembro: São Brás-AL

25 de novembro: Propriá-SE

26 de novembro: Igreja Nova-AL (povoado de Chinaré)

27 de novembro: Penedo-AL

28 de novembro: Piaçabuçu-AL

29 de novembro: foz do Rio São Francisco e retorno a Penedo

30 de novembro: encerramento em Penedo-AL, no Teatro Sete de Setembro.

Para mais informações, siga o perfil @expedicao_saofrancisco nas redes sociais.