Colóquio sobre Gênero, Raça e Sexualidade chega a 5ª edição na Ufal

Atividade terá lançamento de livros, homenagens, exposição fotográfica e debates com pesquisadores de todo o país

Por Jacqueline Freire – jornalista
09/05/2023 14h23 - Atualizado em 02/05/2024 às 18h08

Entre os dias 16 e 18 de maio chega a 5ª edição o Colóquio Diálogos Interdisciplinares sobre Gênero, Raça e Sexualidade: corpos, corpas e corpes desobedientes. O evento, que acontece no auditório do Instituto de Comunicação, História e Artes (Ichca) no Campus A.C. Simões da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Maceió, celebra o Dia Internacional da Luta Contra a LGBTfobia, comemorado em 17 de maio.

Para o professor Elias Veras, responsável pela ação, a edição que é a primeira realizada presencialmente depois da pandemia de covid-19, “reafirma o compromisso ético-político acadêmicos com a promoção de um conhecimento científico inovador no âmbito do ensino, pesquisa e extensão, comprometido com a transformação social, que ao colocar em cena a abordagem interdisciplinar e interseccional sirva como ferramenta de combate às desigualdades de gênero, raça e sexualidade”.

“As edições do Colóquio acontecem nesse mês justamente para lembrar o dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou oficialmente a homossexualidade de sua lista internacional de transtornos mentais, no ano de 1990”, completa o professor.

Antonny Gabriel Félix, estudante do 2° período da Licenciatura em História, conta que participar da organização de um evento acadêmico é uma experiência muito singular dentro da universidade. “Nos permite conhecer todas as etapas que vão desde o planejamento até a execução de algo tão complexo e que envolve uma grande quantidade de discentes, docentes e artistas em prol de fomentar e apresentar discussões importantes”.

Para ele, especificamente na organização deste evento, um passo importante foi a discussão de textos relacionados aos temas que estariam na programação. “Durante o primeiro ciclo de aulas deste semestre, lemos autores e autoras como Michel Foucault, Paul Preciado, Letícia Nascimento e Bell Hooks, com o propósito de adentrarmos nas discussões de gênero, sexualidade e raça, pensando, de certo, na intersecção entre essas categorias. Na terceira semana de maio, quando vai ocorrer de fato a materialização do 5º Colóquio, os alunos da turma do segundo período estarão divididos e colaborando em diferentes frentes do evento, desde o auxílio às manifestações artísticas até a mediação das mesas de discussão, que é o meu caso”, explica.

As mesas-redondas reunirão palestrantes de diferentes regiões e instituições do país. Na terça-feira (16), haverá uma Homenagem à professora Paula Palamartchuk (In memoriam) e exibição de uma entrevista que ela concedeu ao projeto História da Ditadura. Já na quarta (17), os participantes do evento podem conferir, a partir das 13h30, a apresentação da Exposição Fios da Morte Híbrido, do fotoartista Roger Silva.

“Um outro destaque da programação é a presença da autora do livro Transfeminismo, Letícia Nascimento, que estivemos lendo há algum tempo e que agora teremos a chance de ouví-la presencialmente”, lembra Antonny, que enfatiza ainda o desejo de que “as discussões sobre sexualidade, gênero e raça tenham sua importância reconhecida pela comunidade acadêmica como um todo, e, especialmente, pelos órgãos de fomento do ensino superior, para que possam vir a apoiar com mais afinco realizações como essa”.

Lançamento

Durante o evento será lançada a obra Transfeminisno, da professora da Universidade Federal do Piauí e doutora em Educação, Letícia Nascimento. Segundo ela, o livro “mostra como cada vez mais é necessário que as pessoas estejam abertas às diversas existências que não necessariamente se encaixam na organização binária e cisgênera do mundo”.

“Um primeiro passo nesse sentido é conhecer as experiências de quem faz parte desses grupos e esse livro, escrito por uma mulher travesti, negra e gorda, que está presente nos meios acadêmicos e é inspiração para outras mulheres transexuais e travestis, apresenta essas vivências, traz conceituações históricas e situa o transfeminismo dentro dos demais feminismos existentes”, explica.

Letícia Carolina Nascimento se define como mulher travesti, negra, gorda e piauiense. Doutora em Educação pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), e professora do curso de Pedagogia na mesma instituição. Autora do livro Transfeminismo, na Coleção Feminismos Plurais coordenada por Djamila Ribeiro, traduzido para o francês com o título: "Le transféminisme: genres et transidentités" pela Editions Anacaona. É ativista social atuando junto a coordenação executiva nacional do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans). Pesquisadora filiada ao Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação Gênero e Cidadania (Nepegeci/UFPI); a Rede Interdisciplinar de Mulheres Acadêmicas do Semiárido (Rimas/UFRPE); e a Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN).

"Transfeminismo traz, em linguagem acessível e didática, explicações sobre os conceitos de gênero, transgeneridade, mulheridade, feminilidade e feminismo", informa Letícia. Além dele, será relançado pela Editora da Ufal (Edufal), o livro Reexistências: LGBTQIA+ e feminismo na ditadura civil-militar e na redemocratização do Brasil. A obra é organizada pelos professores Elias Veras, Joana Maria Pedro e Benito Shimidt, e você pode conferir mais informações aqui.

O evento

O evento é uma iniciativa do Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade (GEPHGS/CNPq) e as turmas de estudantes da disciplina Atividades Curriculares de Extensão (ACE) do curso de História (Bacharelado e Licenciatura), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), com o apoio do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH).

Inscrições e mais informações, clique aqui.

Programação – confira os cards abaixo

Dia 16 (Terça)

13h30 – Intervenção Artística Dança Teatro OYÁ, TransAtlântica, Allexandrea, intérprete de criação.

14h – Mesa Abertura (Representações Reitoria, Direção Ichca, Coordenações História (Bacharelado, Licenciatura, PPGH), Dahis, GEPHGS, Turma ACE1).

14h30 – Mesa I Andrea Pacheco (Ufal), Dediane Souza (UFRN), Duarte Odará (Ufal) e mediação: Gustavo Oliveira (Bacharelado/Turma ACE1)

18h30 -Homenagem à professora Paula Palamartchuk (In memoriam): Exibição da entrevista concedida ao projeto História da Ditadura.

19h – Mesa II Cauê Assis (Ufal), Elias Veras (Ufal), Letícia Nascimento (UFPI) e mediação: Ana Laura Almeida (Licenciatura/Turma ACE1)

Dia 17 (Quarta)

13h30 – Apresentação da Exposição "Fios da Morte Híbrido", do fotoartista Roger Silva. Curadoria: Wilson Smith

14h - Mesa III Eduardo Estevam (Unilab), Irineia Santos (Ufal), Lorena Monteiro (Unit/AL), mediação: Lucas Duarte (Bacharelado/Turma ACE1)

19h – Mesa IV Flávia Carvalho (Ufal), Danilo Marques (Ufal), Idalina Freitas (Unilab), mediação: Felipe Santos (História/Licenciatura)

Dia 18 (Quinta)

14h – Mesa V Allana Letticia dos Santos (UFSC), Michele Macedo (Ufal), Anderson Almeida (Ufal), mediação: Vitória de Oliveira (História/Bacharelado)

17h-18h30 – Comunicações GEPHGS

Harmie Silva (História/Licenciatura), Paulo Araújo (História/Licenciatura), Nara Machado (PPGH) e Roberta Sodó (PPGH). Mediação: Allana Lettícia dos Santos (UFSC)

19h – Intervenção artística, Flormands, poetisa.

19h30 – Mesa VI Ana Cláudia A. Martins (Ufal), Luiza Silva (Ufal), Luciano Amorim (Ufal), mediação: Antonny Félix (Licenciatura/Turma ACE1)