Novas parcerias fortalecem a Expedição Científica do Baixo São Francisco

Agência Nacional de Águas, IMA, IBGE e Uneal reforçam as ações de educação ambiental para a 6ª edição
Por Rose Ferreira - jornalista
17/05/2023 16h34 - Atualizado em 18/05/2023 às 08h55
Parceria com IBGE permitirá recorte inédito de dados do Baixo São Francisco. Da esquerda para a direita: prof. Emerson Soares, José Vieira, Neison Freire, Themis Silva e Silvânia Vila Nova

Parceria com IBGE permitirá recorte inédito de dados do Baixo São Francisco. Da esquerda para a direita: prof. Emerson Soares, José Vieira, Neison Freire, Themis Silva e Silvânia Vila Nova

Um grande trabalho feito por muitas mãos. Assim é a Expedição Científica do Baixo São Francisco, uma iniciativa de três professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em 2018, para conhecer e divulgar a situação do trecho do rio entre Alagoas e Sergipe, mas que ano após ano tem atraído instituições e pesquisadores, a fim de levar ciência, educação e saúde à população ribeirinha e gerar dados capazes de subsidiar políticas públicas.

Este ano, de 21 a 30 de novembro, será realizada a 6ª edição, com abertura na cidade de Piranhas-AL e encerramento em Penedo-AL, à semelhança dos outros anos. No entanto, a atuação em cada município será reforçada com a chegada de novos parceiros focados na educação ambiental, a exemplo da Agência Nacional de Águas (ANA), do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal).

A proposta da ANA é trabalhar a gestão das águas de forma lúdica com o público infanto-juvenil, por meio de um jogo em desenvolvimento. O jogo ainda será lançado oficialmente e a possibilidade de aplicá-lo em um modelo tão diverso, como o da expedição, motiva a equipe. “A Expedição do São Francisco é uma oportunidade para que a ANA possa atuar em parceria com as demais instituições neste rio de grande importância para o país. Este projeto de expedição é de grande relevância à Agência, que pode, a partir de um período concentrado e em parceria com outras instituições, conhecer melhor a realidade, os aspectos sociais e impactos ambientais. E, a partir disso, pode propor ações mais direcionadas de educação ambiental e para gestão das águas”, explica Vivyanne Graça, coordenadora de capacitação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e do Setor de Saneamento Básico.

De olho na climatologia

O IMA atuará nas áreas de mudanças climáticas e educação ambiental, por meio de suas gerências de Clima e Sustentabilidade (Geclim) e de Educação Ambiental (Gedam). O objetivo é iniciar o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) em Alagoas, a partir da Bacia do São Francisco. “Queremos promover o PSA, por meio do mapeamento e identificação de possíveis beneficiários desse tipo de programa, além de diagnosticar os municípios com condições para recebê-lo. O Programa tem o intuito de incentivar os serviços ambientais, pagando às pessoas que realizam práticas conservacionistas em relação aos recursos naturais, principalmente aos relacionados à hidrologia, como nascentes e corpos hídricos de forma geral”, esclarece Gabriela Cota, assessora ambiental de clima da Geclim.

Já na área de educação ambiental, o IMA atuará com o Programa Cultivar Água, com o objetivo de refletir e agir sobre o ciclo da água dentro das escolas. “A gente trabalha desde a potabilidade da água, a oferta, o uso, o reuso e sua destinação, então a gente vai agregar um espaço pedagógico à construção das fossas agroecológicas. Nossa intenção é construir as fossas em comunidades tradicionais, escolas e em um domicílio da região, para que sirvam como exemplo, e assim possamos ampliar e colaborar com a saúde pública”, destaca Meraldo Rocha, pedagogo e consultor ambiental do Instituto.

“Levando em consideração o alerta da Organização Meteorológica Mundial (OMM) para um possível retorno do El Niño, que provoca o aumento das temperaturas globais, a parceria com a ANA e o IMA serão de grande importância este ano”, salienta Emerson Soares, coordenador-geral das Expedições.

Divulgação científica

Se, ano passado, o público “mergulhou” no fundo do mar com o oceanário móvel do Serviço Social do Comércio (Sesc) do Distrito Federal, este ano as crianças, adolescentes e até mesmo adultos vão poder ir ao espaço sideral! A Uneal, uma das três universidades públicas de Alagoas, promete levar educação e encantamento com o Sistema Imersivo em 360º, mais conhecido como planetário móvel.

Já a equipe do Sesc Ciência do Distrito Federal ficará responsável por fazer pequenos e grandinhos entenderem os impactos socioambientais do local onde vivem, fornecendo meios e conhecimento de maneira lúdica, prática e analítica, por meio de oficinas voltadas à conservação, à preservação e à conscientização. Já imaginou extrair o DNA de uma planta e conseguir visualizar microplásticos e microalgas? Durante a Expedição, será possível e estará ao alcance de todos! Além disso, óculos de realidade virtual também serão utilizados como facilitadores na aprendizagem da preservação da biodiversidade aquática.

Letramento geográfico

A mais recente parceria fechada para a 6ª Expedição foi com o IBGE Alagoas e Sergipe. O intuito é realizar atividades nos municípios visitados pela expedição, apresentando o perfil socioeconômico de cada um, segundo dados do IBGE, utilizando recursos diversos, tais como mapas, gráficos, tabelas, palestras, minicursos e cartilha. A parceria foi consolidada em reunião realizada na Ufal, na última quinta-feira (11), entre Neison Freire, chefe da Supervisão de Disseminação de Informações (SDI) do IBGE; Silvânia Vila Nova, analista do IBGE; e os coordenadores da Expedição, Emerson Sores, José Vieira e Themis Silva.

Com o objetivo de proporcionar o letramento geográfico de alunos, professores da rede pública e comunidade em geral, o Instituto atuará por meio do projeto IBGE Educa, um portal voltado à educação, com conteúdos atualizados e lúdicos sobre o Brasil; da divulgação dos dados do Censo Demográfico 2022 referentes aos municípios da região; da realização do mapeamento sistemático do Baixo São Francisco; e da capacitação para pesquisadores e gestores públicos no Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA). “Esse trabalho é importantíssimo para o país, eu acompanho desde a 1ª edição e a gente vê que tem resultado para a população. Estamos muito felizes com essa parceria, porque acreditamos que esse trabalho pioneiro trará um ganho recíproco”, destaca Neison Freire.

As Expedições Científicas do Baixo São Francisco são uma realização da Ufal e tem como principais investidores o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas (Semarh-AL) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). Para mais informações, siga o perfil @expedicao_saofrancisco nas redes sociais e acesse a página no portal da Ufal.