HU beneficia pacientes ao inserir nutrição no cuidado a alergias alimentares

Projeto pretende implementar medidas de alimentação saudável para contribuir com a melhoria no quadro de alergias e dermatites
Por Raoni Santos - jornalista
17/02/2023 13h57 - Atualizado em 17/02/2023 às 13h58

Pacientes do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA) na faixa etária de 0 a 17 anos com alergias alimentares, doença celíaca ou as chamadas doenças atópicas (dermatite atópica, asma e rinite alérgica) são atendidos pelo Ambulatório Assistencial em Alergias e Imunonutrição Pediátrica (ALERGNUT), uma parceria entre a Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e o HU. A equipe do projeto, composta por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição, busca implementar o que há na literatura científica sobre métodos para melhorar a qualidade de vida do público-alvo por meio da nutrição adequada, uma estratégia que vai além da administração de medicamentos.

O grupo pretende implementar medidas de alimentação saudável para contribuir com a melhoria no quadro desses pacientes, haja vista que uma dieta rica em açúcares, ultraprocessados, pobre em frutas e verduras, tem relação com o agravamento das doenças atópicas. De acordo com a professora Myrtis Bezerra, coordenadora do projeto, não se trata de promover cura, mas um complemento no tratamento do paciente. “Na maioria das vezes, a inserção de frutas e verduras na alimentação, aumentando antioxidantes, fibras e a redução de alimentos ultraprocessados faz com que seja percebida uma melhora da saúde e dos sintomas apresentados”, explica.

O projeto acontece através da assistência ambulatorial, onde os estudantes, acompanhados pelos profissionais, atendem os pacientes no ambulatório de pediatria. São prescritas dietas, verificadas as necessidades específicas e evidências científicas na literatura, discutindo os casos em conjunto para ter um amadurecimento do conhecimento científico sobre cada situação, retornando com o plano alimentar individualizado, respeitando as necessidades socioeconômicas e nutricionais do paciente.

No ALERGNUT, existe ainda a troca de conhecimento com a comunidade, através de oficinas nas salas de espera do HU. A cada 15 ou 20 dias, um tema é escolhido dentro das alergias e doenças atópicas, aprofundado e transformado numa linguagem mais fácil e acessível.

Para participar, a população pode se dirigir ao ambulatório de pediatria e informar na recepção o interesse em participar do ALERGNUT e pedir a agenda do projeto, informando nome do paciente e telefone. A partir daí, entrará na lista de espera e posteriormente o agendamento será feito. Outra maneira é enviando mensagem no perfil do Instagram (@alergnut.ufal). São cinco vagas para ambulatório por atendimento e cerca de 30 pessoas participam das oficinas mensais. “Estamos com vagas para esses pacientes e esperamos contribuir com a melhorar de qualidade de vida deles no que se refere a orientação sobre alimentação e saúde", complementa a coordenadora.

Qualidade de vida

Doenças atópicas são influenciadas por fatores genéticos e ambientais, como mudanças de temperatura, junto com a predisposição genética. Geralmente, os portadores precisam usar muitos medicamentos, especialmente corticoides, de forma frequente e crônica, para controle dos sintomas. Dentre os fatores que comprometem a qualidade de vida estão a irritabilidade, coceira, falta de concentração (em crianças entre 1 e 2 anos) como consequência da dermatite atópica. No caso da rinite alérgica, perca da qualidade do sono, tosse em excesso, o que prejudica a vida escolar em casos de agravamento do quadro.

Na dermatite atópica, rinite alérgica e asma, os sintomas vêm e vão, com momentos de crise. A alimentação se insere no tratamento para tentar melhorar o estado de saúde do paciente e reduzir o agravo desses quadros com uma terapia nutricional específica, embasada por evidências científicas.