HU garante atendimento oncológico mesmo sem repasse do Estado

Mais de 23 mil consultas e procedimentos por ano são realizados no HU-Ufal com recursos próprios
Por Manuella Soares - jornalista
13/02/2023 15h11 - Atualizado em 13/02/2023 às 15h13
Reunião sobre custeio da assistência oncológica em Alagoas no MPF

Reunião sobre custeio da assistência oncológica em Alagoas no MPF

Em meio à crise na saúde devido à suspensão do tratamento oncológico em alguns hospitais, o superintendente do Hospital Universitário Professor Dr. Alberto Antunes (Hupaa/Ebserh/Ufal), Célio Rodrigues participou de uma reunião no Ministério Público Federal (MPF-AL) para reforçar que o HU continua recebendo pacientes.

“O HU nunca deixou de atender ninguém, nunca parou e nem vai parar. Nós vamos seguir aqui firmes e fortes”, ressaltou. O Hospital Universitário realizou mais de 23 mil atendimentos oncológicos entre consultas e procedimentos de janeiro a novembro do ano passado. Todas as demandas foram custeadas pelo HU por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) mesmo assumindo prejuízos financeiros.

A reunião no MPF tratou sobre os problemas de custeio da assistência oncológica junto com o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) e a Defensoria Pública da União (DPU). Saiba mais clicando aqui.  Célio explicou que mesmo fazendo parte da rede pública e sendo responsável pelas demandas da parte alta de Maceió e cidades vizinhas por meio do Centro de Oncologia (Cacon), o Hospital nunca recebeu aporte extra dos governos municipal e estadual e conta com apoio da Ebserh para manutenção da unidade.

“O Hospital Universitário da Ufal sobrevive exclusivamente da tabela SUS, que é deficitária. Diferente de outros hospitais universitários em outros estados que têm suporte do Estado e do Município na complementação dessa tabela, em Alagoas, historicamente o HU foi excluído dessa ajuda”, completou Célio.

O superintendente também ressaltou que esse apoio financeiro é importante para ampliar a capacidade de atendimento. “O HU e a Universidade Federal de Alagoas não se furtam a esse debate e a buscar soluções para melhoria e resolutividade da situação o mais rápido possível. Uma das alternativas é o fundo estadual para combater o câncer onde a Universidade também faz parte do Conselho”, adiantou.

Expectativas de contribuição

Ficou acordado em reunião que o Estado vai adotar todas as providências necessárias para criação do Conselho do Fundo Estadual, bem como demais medidas para seu devido funcionamento. O Fundo foi criado em 2021 e o HU tem representante no Conselho, mas espera que seja contemplado com repasses financeiros.

“A Ufal participa do Conselho mas não foi definido o que vai ser feito com o Fundo. O Estado pretende pagar parte da dívida, mas quem define isso é o Conselho que vai gerir o Fundo”, explica Célio, afirmando que a verba extra pode trazer vários benefícios: “Nós vamos reivindicar que haja de fato uma programação para que as pessoas sejam melhor atendidas. Isso pode evitar a judicialização de medicamentos, por exemplo, porque alguns o SUS não cobre, são de alto custo, então nós entendemos que esse Fundo pode auxiliar, já que é específico para atendimento oncológico”.

O HU está com a fila zerada para primeira consulta, conseguindo contemplar mais de 780 por mês. As cirurgias estão sendo agendadas normalmente e cerca de 570 pacientes todo mês realizam quimioterapia no local. O gestor do Hospital garante manter os atendimentos mas lamenta pela atual crise espera poder fazer mais pelas demandas do Estado.

“Na situação de câncer há um desespero natural tanto de familiares quanto dos pacientes porque a gente sabe que o câncer quanto mais demora a tratar mais ele evolui. Nós poderemos ajudar muito mais a rede se tivermos maior sustentabilidade financeira, e nós podemos melhorar nossos serviços, aumentar e ter um planejamento”, concluiu Célio.