Pesquisadores ministram aula para escolas dos Estados Unidos e Canadá

A transmissão ao vivo aconteceu diretamente do barco-laboratório da Expedição Científica
Por Rose Ferreira - jornalista (texto e fotos)
29/11/2023 13h07
Aula aconteceu na na última segunda-feira (27), diretamente do barco-laboratório Magnífica

Aula aconteceu na na última segunda-feira (27), diretamente do barco-laboratório Magnífica

Os trabalhos desenvolvidos, há seis anos, no Baixo São Francisco chamaram a atenção de uma entidade americana chamada Exploring By the Seat of Your Pants, que faz transmissões de expedições ao redor do mundo, como na Antártida, para as salas de aula, com o intuito de promover a interação de crianças com expedicionários e pesquisadores em campo.

A aula on-line aconteceu na na última segunda-feira (27), diretamente do barco-laboratório Magnífica, na cidade de Penedo, Alagoas. Crianças de sete escolas americanas e canadenses interagiram com professores das Universidades Federais de Alagoas (Ufal) e de Sergipe (UFS), e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A aula foi gravada e distribuída, posteriormente, para 100 mil salas de aula no Canadá, Estados Unidos, Austrália, Inglaterra e Reino Unido, alcançando cerca de um milhão de estudantes.

Em uma linguagem simples e acessível, os pesquisadores Emerson Soares, Fernando Coelho, Sandra Carvalho, Neison Freire e Paulo Bava falaram sobre suas respectivas áreas de pesquisa e esclareceram dúvidas ao final da live. A transmissão foi viabilizada por Yuri Sanada, cineasta da Aventuras Produções, que acompanha a Expedição Científica do Baixo São Francisco desde 2021, e deu início à aula fazendo uma breve introdução.

Emerson Soares, do Laboratório de Ecologia Aquática e Aquicultura (Laqua) da Ufal e da coordenação da Expedição, falou então sobre o histórico do programa científico e as áreas de pesquisa que engloba, enquanto parte da equipe trabalhava nas análises histopatógicas e enzimáticas. Para Soares, esse interesse na Expedição mostra o poder da educação, da saúde, da ciência, ultrapassando as fronteiras do nosso país. “Essa oportunidade permitiu-nos mostrar que o Brasil tem know-how para fazer boas pesquisas e também atuar reconhecendo o seu território. Território esse que a gente precisa ter informações para gerar políticas públicas que venham a melhorar realmente a condição do ambiente e das pessoas. Foi uma experiência ímpar relatar tudo isso em inglês e ainda esclarecer dúvidas”, destacou Soares.

Fernando Coelho, professor do Campus do Sertão da Ufal, foi o segundo pesquisador a falar e abordou a importância dos fitoplânctons e os resultados já constatados ao longo do rio, como a presença de cianobactérias. “Também pudemos falar na perspectiva de como os fitoplânctons podem atenuar o aquecimento global e mitigar os impactos ambientais que são advindos das altas temperaturas, já que eles têm uma ação muito importante na captura de carbono e também como emissores de oxigênio”, explicou Coelho.

A terceira área abordada foi poluentes emergentes, através de Sandra Carvalho, professora do Centro de Tecnologia (Ctec) da Ufal. “Falamos sobre a atuação do homem, um homem tecnológico, e mostramos quais são os principais produtos contaminantes que são encontrados, principalmente a parte de pesticidas, todos os fármacos, corantes e hormônios, e apresentamos as análises realizadas ao longo das expedições”, explica Carvalho.

Neison Freire, professor e analista do IBGE, em seguida, abordou as pesquisas realizadas e os resultados obtidos pelo Instituto, no contexto da região do Baixo. “Ao apresentar dados sobre o território para um público no exterior, a gente espera despertar nesses estudantes o interesse em conhecer o nosso território, em quem sabe, no futuro, ser um pesquisador que venha colaborar com o avanço da ciência e do conhecimento sobre as variáveis que atuam aqui”, pontuou Freire.

Por último, mas não menos importante, Paulo Bava, pesquisador do Laboratório de Arqueologia Subaquática da UFS, falou sobre o trabalho da equipe e das descobertas já feitas, além de também mostrar a importância do passado e da história das pessoas que viveram antes de nós. “Além de mostrar para o hemisfério norte que no sul global existe ciência de qualidade, foi muito importante vincular nosso trabalho sobre coisas do passado, sobre pessoas que já morreram, sobre modos de vida desaparecidos, com as pessoas que vivem hoje, ao longo do Velho Chico. O passado é sempre sobre o presente e sobre a sociedade atual”, destacou Bava.

Ao final da aula, várias crianças interagiram com perguntas, muitas delas inusitadas, como uma estudante de Connecticut que perguntou como a população fazia quando nevava no rio. “Imagina que essa e outras crianças, que não conhecem o Brasil, se conectaram com pesquisadores daqui e entenderam que estão fazendo algo importante. Desde já, isso pode despertar nelas a vontade de serem exploradoras, cientistas. Estamos liderando pelo exemplo”, declarou Yuri Sanada.

A aula está disponível e pode ser assistida aqui. Para saber mais sobre a Exploring By the Seat of Your Pants, acesse o site.

Sobre a Expedição

A 6ª Expedição teve início no dia 21 de novembro, em Piranhas, e vai até esta quinta-feira (30), com a cerimônia de encerramento em Penedo, no Teatro Sete de Setembro, às 9h. A solenidade será transmitida ao vivo pelo YouTube da Ufal.

Atualmente, a Expedição reúne como investidores os Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Pesca e Aquicultura (MPA), além do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). Com cerca de 100 pesquisadores de todo o Brasil envolvidos, o programa científico atua em 35 linhas de pesquisa, entregando resultados robustos e publicados em artigos, livros e cartilhas educativas. Saiba mais no site.