Campus Arapiraca recebe peças anatômicas para aulas de cursos da Saúde

Cessão foi feita pelo ICBS, por meio do Setor de Anatomia, do Campus A. C. Simões
Por Ascom Ufal
18/04/2022 11h21 - Atualizado em 18/04/2022 às 11h29
Comissão de professores da area da saúde em visita à Arapiraca

Comissão de professores da area da saúde em visita à Arapiraca

O Campus Arapiraca da Ufal recebeu, mês passado, peças anatômicas que serão utilizadas em atividades de pesquisa e ensino do curso de Medicina e de outras graduações da área da saúde. A cessão foi feita pelo Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), por meio do Setor de Anatomia do Campus A. C. Simões, em Maceió.

De acordo com o professor Rodrigo Freitas, responsável pelo Setor do ICBS, mesmo com todos os avanços tecnológicos nas práticas de ensino, o estudo com partes humanas reais “é insubstituível”. O docente argumenta que  “o cadáver é o primeiro paciente com que o aluno se depara”. Ele explica que, por meio dessas aulas, o graduando pode “visualizar as diferentes estruturas corpóreas e onde os órgãos estão localizados”.

O diretor do Campus Arapiraca, Arnaldo Tenório, e o vice-diretor do ICBS, Renato Rodarte, também confirmaram a importância dessa cessão. “Essa medida contribuirá para o ensino da anatomia humana nos cursos de Medicina, Enfermagem, Educação Física e Ciências Biológicas”, afirmam. O vice-diretor do ICBS ainda acrescenta que muitas parcerias são realizadas com o curso de Medicina no Agreste no intuito de trocar experiências de gestão. “Por ser um curso mais recente, o objetivo do nosso Setor de Anatomia é também compartilhar o modus operandi para que o campus possa fazer colaborações com órgãos locais, a exemplo do Instituto Médico Legal”, afirma.

Origem

Os cadáveres não reclamados, ou seja, não procurados por familiares ou representantes legais, são cedidos a instituições de ensino por força de lei. Além da legislação federal 8.501/1992, que trata dessa cessão, em Alagoas também há o decreto estadual 61.573/2018 que criou a comissão permanente de doação de cadáveres para fins de pesquisa e ensino no estado, com representantes do Instituto Médico Legal (IML) e de instituições de ensino superior com cursos de Medicina. Da Ufal, os representantes são o professor Rodrigo Freitas, titular, e o superintendente do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU), Célio Rodrigues, na condição de suplente.

“A partir do momento que a instituição tem a posse desse corpo, qualquer pesquisa ou trabalho científico que alunos e docentes queiram fazer utilizando-o como sujeito de estudo, é preciso submeter projeto para apreciação do comitê de ética institucional”, esclarece Rodrigo Freitas, docente do ICBS, ao destacar que, além disso, é preciso seguir outras orientações legais e cuidados com a exposição para evitar a prática do crime de vilipêndio.

O professor do Setor de Anatomia ainda explica o número de profissionais da saúde que podem ser formados e as pesquisas realizadas por meio dessa doação. “Existem trabalhos publicados que fazem esse cálculo. Em uma instituição de ensino, um cadáver, se preservado de forma adequada, dura em torno de 8 a 15 anos”, informa. No ICBS da Ufal, ele cita que a disciplina de anatomia, em dados de 2019.2, contava com 574 alunos. “Imagine esses números ao longo de 15 anos? Um corpo ajuda a formar muitos profissionais. Sem precedentes é a importância para o estudo e a pesquisa”, enfatiza. 

Protagonismo do ICBS Ufal

A Ufal é pioneira na oferta do curso de Medicina em Alagoas, formando profissionais há mais de 70 anos. São décadas de experiência que colocaram a instituição no protagonismo de parcerias com vários órgãos públicos. Uma dessas ações colaborativas é com o Instituto Médico Legal de Alagoas. Pelo acordo firmado com o IML, a Universidade, por meio do Setor de Anatomia do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), é a instituição responsável pela guarda de cadáveres não reclamados em Maceió.

Um trabalho delicado, que lida com histórias de pessoas que não tiveram direito ao rito funerário, mas que é realizado com respeito e ética pela equipe do ICBS. “De acordo com a legislação, os corpos não reclamados são transferidos para a Ufal, onde é feito o tratamento de formalização (formol) e a guarda pelo período de um ano, que é o exigido pela legislação. Se após esse período, depois de publicizado em jornais, divulgado, não for feita nenhuma reclamação, esse corpo pode ser direcionado para atividades acadêmicas”, explica o vice-diretor do ICBS, Renato Rodarte. O docente ainda informa que somente as faculdades que têm o curso de Medicina estão habilitadas a receber peças anatômicas, ainda que outros cursos também façam uso. 

Com o surgimento de mais graduações formando médicos em Alagoas, a responsabilidade do Setor de Anatomia do ICBS também passou a englobar o processo de transferência de corpos para outras unidades de ensino a fim que possam realizar atividades de cunho científico. “Por conta dessa colaboração com o IML, em acordo com as várias universidades que ofertam o curso e seguindo critérios já definidos, a Ufal, por meio do ICBS, passou a ser a instituição matriz para fazer essa distribuição”, explica o vice-diretor. Renato informa que essa decisão foi tomada devido à estrutura maior e com mais capacidade de armazenamento do ICBS, além das décadas de experiência e parceria com o IML. 

“O Setor de Anatomia já vem há bastante tempo trabalhando para ajustar essa doação de corpos que recebia do Instituo Médico Legal, adequando-se às legislações vigentes. Enquanto gestão, sempre demos apoio, participando de reuniões junto à Promotoria Estadual para regularizar todo o procedimento no intuito de atender às demandas de todas as universidades que têm Medicina e outros cursos da saúde em Alagoas”, informa o vice-diretor ao ressaltar que “toda tramitação legal foi feita em comum acordo, com a participação das outras universidades, mas quem sempre esteve à frente do processo foram os professores de Anatomia da Ufal”.