Pesquisa do Lapis sobre secas agrícolas é publicada em livro nos Estados Unidos

Capítulo elaborado pela equipe de pesquisadores teve como objetivo avaliar produtos de satélites para monitorar secas agrícolas no Nordeste brasileiro
Por Ascom Ufal
11/11/2022 14h52

Pesquisadores do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) participaram da publicação do livro Climate Change and Agriculture: Perspectives, Sustainability and Resilience. A obra foi publicada nos Estados Unidos da América, pela editora Wiley Online Library, no início deste mês de novembro. Para acessar o conteúdo, acesse o site.

O capítulo publicado pela equipe do Lapis contou com a parceria de pesquisadores dos Estados Unidos e da Índia, e teve como objetivo avaliar produtos de satélites para monitoramento de secas agrícolas na região do Nordeste brasileiro. Os produtos também são capazes de fornecer informações para alerta antecipado sobre a deterioração das condições de umidade das lavouras nessa região.

Segundo o pesquisador Humberto Barbosa, fundador do Lapis Ufal, os satélites têm como diferencial detectar a seca na escala de grandes regiões, com alta resolução temporal e espacial. No entanto, alerta o docente, ainda existem lacunas de conhecimento sobre a confiabilidade dos produtos de satélite no monitoramento da seca agrícola, em um contexto de aumento dos eventos climáticos extremos.

“O Nordeste brasileiro é reconhecido como uma das regiões mais vulneráveis a secas no mundo e a região mais seca do Brasil. É por isso que, neste estudo, validamos um portfólio de produtos de satélites e os índices de secas mais adequados para o monitoramento agrícola e a orientação agrometeorológica, usando dados de satélites”, completa.

O déficit de precipitação e as altas temperaturas são os principais fatores de estresse hídrico na vegetação. Desse modo, os índices de secas agrícolas, baseados em dados de satélites, são muito úteis para avaliar as condições de seca, especialmente no Nordeste brasileiro.

O capítulo publicado pelo Lapis, que pode ser consultado neste link, analisou as vantagens e limitações de um conjunto de índices que podem ser usados para monitoramento da seca agrícola, em regiões com poucas observações como o Nordeste brasileiro. Esses produtos de satélites são relacionados a variáveis como precipitação, evapotranspiração, índices de vegetação e umidade do solo.

Dentre os produtos analisados, está o Índice de Precipitação Padronizado (SPI), cuja natureza multiescalar permite a avaliação de eventos de seca, em diferentes períodos. Como alternativa, o trabalho destacou o Índice Padronizado de Precipitação e Evapotranspiração (SPEI), que também leva em conta o efeito da evapotranspiração de referência na ocorrência de seca.

Em relação à seca da vegetação, vários índices padronizados foram propostos no estudo, incluindo o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) e o Índice de Vegetação Melhorado (EVI). No entanto, os pesquisadores ressaltam que esses índices mostram uma resposta tardia às secas nas lavouras. Nesse caso, o percentual de umidade do solo é um produto que fornece uma melhor representação do estresse hídrico da vegetação e das condições mais favoráveis à agricultura.

O Lapis realiza um curso on-line para que usuários sejam treinados, na prática, para utilizar esses produtos de monitoramento agrometeorológico, usando dados de satélites. Para saber mais, clique aqui.