Expedição Científica apresenta dados parciais das ações no Baixo São Francisco

Em sete dias, mais de 4 mil exames já foram processados e mais de 800 amostras foram coletadas para análises de peixes, água e fitoplâncton
Por Rose Ferreira - jornalista | Fotos: Emerson Oliveira, Edson Oliveira, Iara Melo e Rose Ferreira
10/11/2022 16h00 - Atualizado em 11/11/2022 às 07h06

Visita às escolas, educação ambiental, palestras científicas, coletas e análises nos barcos-laboratórios, geoprocessamento, ecologia, catalogação de Plantas Alimentícias Não-convencionais (PANCs), saúde bucal, atendimento médico, realização de cerca de 13 exames médicos por paciente… O dia a dia da Expedição é intenso, afinal são ações simultâneas de 35 áreas de pesquisa, em dez municípios do Baixo São Francisco, entre Alagoas e Sergipe. E, apesar de ainda estar em andamento, os números da 5ª edição, que acontece até o próximo sábado, 12 de novembro, já enchem os olhos e os corações dos pesquisadores e das instituições envolvidas.

A atividade pesqueira, como uma das principais fontes de renda da região, é uma das principais preocupações da Expedição. Uma boa notícia deste ano é que houve registro de espécies que, praticamente, já não existiam no Baixo, como o piau-cutia. Segundo o engenheiro de pesca e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Vanildo Oliveira, esta é uma prova que a realização de cheias periódicas contribuem para o aumento da produção, porque favorecem a reprodução dos peixes. “No entanto, as cheias também proporcionam o desenvolvimento de outras espécies já muito bem adaptadas aqui, como a pirambeba e o pacu; essas espécies praticamente dominam o ambiente e não têm valor econômico agregado, então isso é ruim”, pondera Vanildo Oliveira, que propõe a realização de repovoamento permanente de espécies nativas, como a xira, o dourado, o pintado, que além de terem um maior valor econômico, também funcionam para o controle da pirambeba.

A Expedição detecta os problemas, faz o diagnóstico do rio e propõe soluções, mas são as prefeituras e o poder público que podem efetivar essas ações. “A Expedição cresce a cada ano, em número de pessoas e de ações, temos tido o reconhecimento das pessoas, da mídia, dos gestores públicos e da sociedade em geral. É o trabalho e empenho de toda a equipe e de todas as instituições que fazem essa trabalho acontecer. Estamos satisfeitos com os resultados até o momento e ainda temos muita coisa pela frente, inclusive com desdobramentos, como o biomonitoramento permanente do rio, a coleta e reaproveitamento do óleo de cozinha para confecção de sabão na orla de Pão de Açúcar, dentre outros”, destaca Emerson Soares, coordenador-geral das Expedições e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), destacando também a visitação aos barcos-laboratório que voltaram a acontecer este ano e o projeto Academia e Futebol, do Instituto de Educação Física e Esporte (Iefe) da Ufal, que tem como objetivo promover o futebol feminino.

No barco da saúde, que leva uma equipe multiprofissional de médicos, biólogos, farmacêuticos, biomédicos e enfermeiros, a rotina também é frenética, afinal as amostras coletadas já são analisadas imediatamente, oportunizando a emissão dos laudos de alguns exames em até 48h. “Já realizamos, até o sétimo dia de Expedição, em torno de 4.000 exames, 80 consultas realizadas e já encaminhamos em torno de 25 a 30 pacientes com complexidades para o nosso Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (Hupaa)”, ressalta a professora e vice-reitora da Ufal, Eliane Cavalcanti.

Para o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Maciel Oliveira, a expedição está sendo extraordinária e é motivo de orgulho e de referência mundial. “A Expedição está trazendo mudanças de políticas públicas, a melhoria da qualidade de vida da população, a melhoria da qualidade da água do Velho Chico, porque produz muito conhecimento científico e o Comitê, através dele, tem como cobrar ações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), para que possamos ter mais água, uma maior vazão no Baixo São Francisco, melhorando a reprodução dos peixes e a qualidade da água”, explica Maciel Oliveira.

O encerramento da Expedição acontecerá no Teatro Sete de Setembro, em Penedo-AL, às 11h, com as presenças já confirmadas da gestão superior da Ufal, CBH São Francisco, Prefeitura de Penedo, dentre outras.

Acompanhe a reta final da Expedição:

- 11 de novembro: foz do Rio São Francisco e Brejo Grande-SE;

- 12 de novembro: encerramento em Penedo-AL.

As Expedições Científicas do Baixo São Francisco são uma realização da Ufal, por meio do investimento do MCTI, CBH São Francisco, Codevasf, Semarh-AL e Fapeal; e do apoio da Fundepes, Agência Peixe Vivo, Tanto Expresso, ICMBio, Emater-AL, Hanna Instruments, Colgate, Rotary Club Arapiraca, Triunfo Pedras, Grupo Coringa, Andrade Distribuidor LTDA e das seguintes instituições de pesquisa: UFRPE, UFBA, Unir, UFPB, UFS, INPI, UEFS e do IEAPM.

Acompanhe a Expedição no perfil @expedicao_saofrancisco no Instagram e saiba mais.