Usina Ciência faz atividades itinerantes enquanto aguarda reabertura do espaço

Ainda sem previsão de agendamento para escolas, equipamento da Ufal marca presença em eventos
Por Manuella Soares - jornalista, Fotos - Renner Boldrino
31/10/2022 14h01 - Atualizado em 31/10/2022 às 23h02

Promover a Ciência de forma mais acessível é a missão diária da Usina Ciência, equipamento vinculando à Pró-reitoria de Extensão da Ufal (Proex). Mas os desafios, que são muitos e cada vez mais frequentes, têm sido driblados com o projeto Usina Itinerante.

Ainda fechada para visitação de escolas, desde o início da pandemia e enfrentando dificuldades financeiras e estruturais, o professor Kinsey Pinto, que assumiu a coordenação do órgão em julho de 2020, reforça a importância do contato com o público.

“Mesmo com a Usina em obras, sentimos a necessidade de atender o público da forma que for possível, sendo assim, em parceria dos professores Roberaldo de Souza e Geiza Gomes, do Ctec, levamos a Usina, com experimentos de Física, Show de Química e amostras de Biologia e Geografia para a “Mostra de Profissões” promovida pelo Programa de Apoio aos Estudantes das Escolas Públicas do Estado – Paespe no mês de setembro. Em outubro, trouxemos novamente à Usina Ciência para Ufal, desta vez na reitoria, para somar ao Simpósio Intermunicipal de Pesquisa e Tecnologia na Educação Básica – Sinpete”, contou.

Kinsey adianta que no próximo mês de novembro a Usina Ciência vai marcar presença na Semana da Computação, promovida pelo Instituto de Computação, oferecendo aos participantes a experiência de conhecer o planetário móvel.

O projeto Usina Itinerante também é uma proposta realizada em cooperação com secretarias de educação para levar o equipamento da Ufal à cidades diferentes mas, no momento, está sem agenda e sem o número suficiente de bolsistas.

Recuperação em andamento

Desde o início da pandemia, com incertezas sobre o retorno, as dificuldades enfrentadas passou por cortes de repasse da União, perda de uma profissional atuante e fortes chuvas que prejudicaram questões estruturais . Foi necessário trocar toda a cobertura do prédio da Usina e com poucos recursos, a equipe ainda trabalha para deixar o local pronto para receber alunos do Ensino Básico.

“Mesmo com todos os desafios seguimos com força de vontade para fazer o que dá, com o que temos. Ainda com as limitações de recursos o Gabinete da Reitoria, a Proex e os demais setores da Ufal sempre atenderam à Usina. No primeiro momento, desenvolvemos a ação Usina Ciência On-line, junto aos bolsistas gravamos uma série de vídeos, eu aprendi a editar e publicar em na rede social, com objetivo de manter a divulgação científica mesmo de portas fechadas em função da pandemia”.

Depois de um ano sem bolsistas, um edital da Proex contemplou novas contratações para a Usina e os treinamentos já foram realizados para que a nova equipe atue assim que a Usina reabrir para visitação.

A Usina conta hoje com uma professora colaboradora, cinco assistentes de administração 11 bolsistas mas, segundo Kinsey, precisaria de 21 alunos bolsistas dos institutos de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), Física (IF), Química e Biotecnologia (IQB), e Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente (Igdema). Além do desfalque na equipe, o equipamento contou apenas com o orçamento de R$ 700 para compras de todo o ano de 2022.

“Estamos nos reorganizando pós-reforma da cobertura e dependendo de melhorias estruturais no quesito acessibilidade, climatização, jardinagem e elétrica. Aos finais de semana, o espaço que também acolhe o Centro de Estudos Astronômicos de Alagoas [Ceaal] tem promovido cursos, palestras e observação de astros para comunidade”.

A essência da Usina

Usina Ciência reúne o principal acervo de experimentos educativos científicos e tecnológicos de Alagoas. O prédio conta com um miniauditório, um laboratório de química, secretaria e quatro salas temáticas.

O equipamento vinculado à Proex contribui para a melhoria do ensino de ciências naturais de nível básico no Estado por meio de ações de divulgação e popularização da área, como os shows de Biologia, Química, Física e Astronomia, além de realização de palestras, mostras, cursos, oficinas e orientação na elaboração de trabalhos escolares para feiras de ciências e mostras científicas.

Outro trabalho importante da Usina é o empréstimo de materiais didáticos [kits experimentais, livros, CDs e DVDs] para as escolas. Em sua estrutura organizacional, possui os núcleos de Astronomia e Informática. O primeiro, resultado de parceria com o Ceaal, que desenvolve programas de observação celeste em praças e localidades públicas e de observações do céu com ajuda de telescópios.

E por meio do Núcleo de Informática, disponibiliza gratuitamente computadores conectados à internet para o público que frequenta o local. Com isso, possibilita acesso à informação científica por meio de consulta na web e softwares, além de oferecer recursos de multimídia para a confecção de trabalhos escolares.

Com uma história de mais de duas décadas, o professor Kinsey segue acreditando no importante serviço que a Usina oferece e vai continuar trabalhando para não parar: “Acredito no papel transformador que a ciência provoca nos sujeitos, tanto na esfera do conhecimento específico, quanto no desenvolvimento pessoal. Diante de toda situação que se apresenta à educação no país, manter a Usina Ciência funcionando – um espaço de divulgação científica que constrói conhecimento e inspira mais de oito mil alunos da educação básica por ano – é um ato de resistência e persistência”.