Ações conectadas com demandas locais marcam 15 anos da Medicina Veterinária

Projetos de extensão estão entre as ações inovadoras; são mais de 20 projetos de pesquisa
Por Diana Monteiro – jornalista
27/09/2021 15h22 - Atualizado em 27/09/2021 às 17h13
Aula prática no HVU supervisionada pela vice-coordenadora Márcia Notomi

Aula prática no HVU supervisionada pela vice-coordenadora Márcia Notomi

São 15 anos de compromisso com a evolução da Medicina Veterinária no Estado de Alagoas e com projeção nacional pela consolidação de estudos científicos e de conexão com as demandas da sociedade. Realidade que otimiza as ações acadêmicas e faz com que o curso ganhe destaque, também, na formação de recursos humanos nessa área. Implantado em 2006 como uma das graduações do Campus Arapiraca -o primeiro do projeto de interiorização da Universidade Federal de Alagoas-, para se aliar ao desenvolvimento da região Agreste, é com grande positividade que o curso comemora o salto qualitativo conquistado nessa uma década e meia de funcionamento.

A Medicina Veterinária da Ufal atualmente é a única graduação nessa área, em Alagoas, ofertada em uma instituição pública de forma gratuita. Em seu processo de crescimento e evolução, tem em desenvolvimento mais de 20 projetos de pesquisa, entre Iniciação Científica, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e projetos contínuos na pós-graduação [mestrado] em Ciência Animal, contemplando estudos nas seguintes áreas: Inovação e desenvolvimento de tecnologias em sanidade animal; saúde pública; ciências morfofuncionais; desenvolvimento de técnicas e estratégias para o agronegócio; reprodução e produção animal.

A ampliação e o dinamismo das atividades de formação e conhecimento científico fizeram o curso de Medicina Veterinária da Ufal atingir notas expressivas nas últimas avaliações do MEC, em 2016, onde alcançou Conceito Preliminar igual a 5 e Conceito do Curso igual a 4. Este mesmo conceito também foi atingido no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade).

Na evolução e crescimento, a concretização do Hospital Veterinário Universitário (HVU) soma-se às positividades das ações acadêmicas e científicas por otimizar conhecimento e formação. O espaço, destinado às atividades práticas, está sob a coordenação do professor Alonso Pereira Silva Filho. É dotado de infraestrutura para as ações do ciclo profissional do curso nas áreas de clínica e cirurgia de grandes e pequenos animais, patologia veterinária, laboratório de patologia clínica e diagnóstico por imagem e fisiopatologia da reprodução. Também oferta serviço de referência para a comunidade de Viçosa e de cidades vizinhas agrestinas. Atualmente, devido à pandemia covid-19, o HVU está com atendimento suspenso.

“A formação em Medicina Veterinária objetiva oferecer à sociedade, profissionais capacitados para atuarem na prática clínica dos animais em todas as suas modalidades, ou seja, clínica, cirurgia, patologia e fisiopatologia da reprodução, diagnóstico e de tratamento de doenças infectocontagiosas, parasitárias e nutricionais, na atenção à saúde animal e à saúde humana. Elaborando, executando e gerenciando sistemas de criação, manejo, nutrição, biotécnicas da reprodução e melhoramento genético, legislação médico-veterinária e bem-estar animal. E ainda, tecnologia de produtos de origem animal e seus derivados, executando a inspeção sanitária”, informou o professor Danillo Pimentel. Ele está na coordenação da graduação e a professora Márcia Kikuyo Notomi, na vice-coordenação.

Sobre a amplitude do curso conectado com a formação acadêmica, Danillo complementa dizendo que o estudante também deve ser capaz de desenvolver, planejar, executar, gerenciar e avaliar programas em saúde animal, de saúde pública e de saúde ambiental, de medicina veterinária preventiva e epidemiologia, de defesa, de produção e controle de produtos biológicos. “O bacharel em Medicina Veterinária coordena e supervisiona equipes de trabalho nas áreas das habilidades e competências preconizadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Medicina Veterinária”, enfatizou.

Sobre os desafios atuais para a condução e a adaptação das atividades acadêmicas remotas pautadas pela nova rotina universitária, iniciada em 2020, pelo Período Letivo Excepcional (PLE), Danillo destaca: “O PLE teve uma aceitação positiva e, desta forma, foi instaurado na Ufal o ensino a distância de forma obrigatória para os docentes e estudantes. Contudo, a escassez de aulas práticas, em virtude das medidas de distanciamento e isolamento social, em um curso que traz grande parte de seu conteúdo em atividades de aula prática, foi e está sendo o maior desafio para coordenação, docentes e estudantes de Medicina Veterinária”.

Estímulo e reconhecimento

A dedicação e o compromisso de professores e estudantes foram destacados pelo coordenador Danillo como fatores concretos para o crescimento e a consolidação do curso. E essa realidade tem importantes reflexos no momento atual: “Mesmo com a pandemia, os projetos não pararam, a exemplo do PET Cidadão, que já vai na quarta versão, e o projeto Carroceiros VET Legal”.

Ele cita, também, outros projetos que seguem funcionando: o Projeto GEPR, do Grupo de Estudo, Extensão e Pesquisa de Ruminantes, em movimento: Ações para o desenvolvimento da bovinocultura na microrregião de Viçosa-AL, e o de Educação Continuada para bovinocultores de leite no município de Batalha.

O professor Danillo faz um destaque para o curso teórico e o prático de primeiros socorros para profissionais da área de salvamento, modalidade cães e gatos, uma relevante ação que continuou em andamento. A equipe de Medicina Veterinária atua diretamente nas ações para a minimização dos efeitos danosos de situação, como, por exemplo, o problema envolvendo animais e toda a sociedade alagoana na grande calamidade dos quatro bairros maceioenses [Caso Pinheiro], afetados pelo afundamento do solo. Estima-se que mais de 700 animais já foram socorridos, além da grande ação de educação em posse responsável.

“Devemos deixar um legado de estímulo a todos os nossos egressos que têm o dia 9 de setembro, Dia do Médico Veterinário, marcado em sua história, lembrando sempre que o estudo continuado e a dedicação permanente contribuirão para o crescimento e o reconhecimento da medicina veterinária. Uma profissão que tanto tem a contribuir com a sociedade alagoana, por meio da prevenção e cura das afecções das diversas espécies animais. Da produção e inspeção de alimentos, da defesa sanitária animal, da saúde pública, do ensino técnico e superior, da pesquisa, da extensão rural e da preservação ambiental e ecológica”, disse Danillo.

O coordenador aproveita para dizer que, com um mercado de trabalho em ascensão, a Ufal, além da formação de mão-de-obra qualificada e da importância do curso para a região, comemora a excelência das ações sociais executadas especialmente ao longo dos últimos seis anos, por meio de atividades de extensão.

Finaliza destacando que o médico veterinário é o profissional mais qualificado para implantar e coordenar ações de saúde única pela multidisciplinaridade de sua formação. Segundo o professor, cabe ao profissional dessa área, a responsabilidade pela prevenção de doenças transmissíveis de animais para o ser humano [as zoonoses]. Também trabalha na produção de remédios e vacinas e, ainda, garante a qualidade do que a população bebe e come. E cita Louis Pasteur, para reforçar o impacto da atuação da Medicina Veterinária e a relação direta com o bem-estar dos humanos: “A Medicina cura o homem, a Medicina Veterinária cura a humanidade”.

Sobre o curso

O curso de Medicina Veterinária da Ufal conta atualmente com 300 estudantes e é ofertado na modalidade presencial integral. Tem carga horária total de cinco mil e quinhentas horas, com duas entradas anuais de 30 alunos por semestre. Iniciado como uma das graduações do Campus Arapiraca, em 15 de setembro de 2006, na Unidade de Ensino Viçosa, passou a ser vinculado ao Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca), sediado em Rio Largo, no final de 2019, onde centraliza todo o ciclo básico, do primeiro ao quarto período.

Mas permanece com atividades do ciclo profissional de formação, do quinto ao nono período, na Unidade Viçosa, onde está instalado o Hospital Veterinário Universitário (HVU), na conhecida Fazenda São Luiz.