Ufal firma convênio para promover ações com crianças em vulnerabilidade

Projeto Esporte como Instrumento de Inclusão Social foca na prevenção à violência e na ressocialização de adolescentes em conflito com a lei
Por Manuella Soares - jornalista
17/08/2021 15h59 - Atualizado em 17/08/2021 às 16h02

Aliar o esporte à educação é o norte de vários projetos do Instituto de Educação Física e Esporte (Iefe) da Universidade Federal de Alagoas. E para que as boas ações cheguem ao maior número de pessoas, mais um convênio está sendo firmado entre a Ufal e a Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev), com o aval da 12ª Promotoria de Justiça da Capital, responsável pelo Sistema Socioeducativo.

O coordenador, professor Pedro Balikian, e gestores do Iefe receberam, no último dia 11, representantes do Ministério Público Estadual (MPE-AL), da Seprev, do Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedca-AL), da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), da Polícia Militar.

O objetivo da reunião foi apresentar o projeto Esporte como Instrumento de Inclusão Social, que será coordenado pela Ufal com a interação dos institutos de Educação Física e Esporte (Iefe), de Matemática (IM) e de Computação (IC). A proposta é promover atividades de prevenção à violência, com foco na filosofia de que o desenvolvimento da criança é um processo de amadurecimento e de interação, resultando em uma progressão ordenada de percepções, atividades motoras, cognitivas, de linguagem, sócio emocional e de autorregulação.

A Universidade vai destinar vagas para as diversas práticas esportivas para crianças e jovens das comunidades periféricas, como atletismo, natação, academia de musculação, futebol, dentre outras, sob supervisão dos profissionais e acadêmicos do curso de Educação Física.

A ideia é reduzir o impacto nas comunidades do entorno da Ufal, com origem na desigualdade social e decorrente da desocupação dos bairros que estão afundando em decorrência da mineração de Sal-gema; além de promover Inclusão digital (IC), Linguagem matemática (IM) e Inclusão de pessoas com deficiência física.

“Apresentamos algumas propostas de esporte educacional para trazer crianças e jovens alagoanos para dentro da Universidade. Estamos abrindo as portas para que eles comecem a dar maior sentido à educação, à formação graduada e à vida a partir do trabalho, pois entendemos que instrumentalizar essas pessoas para o trabalho também é um papel da Universidade”, destacou a diretora do Iefe, Leonéa Santiago.

A perspectiva da Universidade é ser um setor inclusivo da sociedade, e a ação pretende, ainda, buscar múltiplas ferramentas científicas à prática do esporte, criando um banco de dados por faixa etária e gênero, detectando talentos esportivos; e desenvolver aspectos cognitivos e sociais que auxiliam na formação integral do cidadão.

“Nós atuaremos tanto na prevenção, com jovens e crianças que estão em situação de vulnerabilidade social, mas também já iniciamos o desenvolvimento de atividades com aqueles jovens que se encontram em conflito com a lei. Com essas ações, estamos contribuindo para a ressocialização deles em Maceió”, ressaltou o coordenador do projeto, Pedro Balikian.

De acordo com o projeto apresentado, os principais objetivos são: Prevenção à criminalidade, violência e abuso de menores; Empoderamento da mulher; Prevenção à gravidez precoce e desnutrição; Promoção da saúde física e mental; Redução da evasão escolar, Inclusão digital; e Aumento do desempenho da Matemática básica.

Ações integradas

A proposta de incluir o MPE e os órgãos voltados à segurança pública vai fortalecer as atividades já realizadas pelos programas do Instituto de Educação Física da Ufal: o Esporte sem Fronteiras (Pesf) e o Esporte Educacional: O Caminho da Escola à Universidade (EECEU), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semed).

O programa com o município tem um núcleo da Ufal que atende dez escolas de Maceió, contemplando quase cinco mil crianças e adolescentes, de 8 a 17 anos. A ideia é aplicar variados campos do conhecimento, como Educação Física, Matemática, Robótica e Linguística, para construir o caminho da erradicação da pobreza, redução das desigualdades e promoção da justiça.

Por meio do esporte, o programa oferece oportunidades em diferentes ciências, para mudar os índices sociais de desempenho e evasão; direcionar egressos na prática esportiva competitiva e profissional, além de impactar a vida das crianças e dos adolescentes atendidos.

Inclusão e promoção à saúde com moderna infraestrutura

O projeto EECEU separa duas turmas de iniciação ao esporte e uma de formação esportiva. Além da influência nos indicadores de saúde dos escolares, como crescimento e desenvolvimento físico, estado nutricional e composição corporal, aptidão física relacionada à saúde cardiovascular e cognitiva e ao estilo de vida. A proposta é de inclusão social para atender pessoas autistas e com deficiência.

Eventos e festivais esportivos também são organizados para contemplar cerca de cinco mil crianças, adolescentes e jovens das escolas municipais de Maceió. As atividades vão ser realizadas com frequência de duas vezes por semana nas modalidades natação; polo aquático; atletismo; futebol; futsal; voleibol; basquetebol; musculação; lutas e práticas corporais.

O EECEU coloca à disposição da comunidade toda a estrutura do Complexo Esportivo da Ufal, que possui uma área de 48 mil metros quadrados de modernas instalações. O espaço conta com três ginásios poliesportivos; um estádio com campo de futebol com grama sintética e outro com grama natural e pista de atletismo; duas piscinas, sendo uma adaptada a pessoas com deficiência (PcD) e outra semiolímpica; um campo de futebol de areia; uma quadra de vôlei de areia; e duas salas de musculação.

O Iefe ainda disponibiliza para o programa o Laboratório de Ciências Aplicadas ao Esporte (Lacae), coordenado pelo professor Gustavo Gomes de Araújo, com equipamentos e técnicas de avaliação física de última geração, que permite acompanhar o desenvolvimento dos participantes ao longo do processo.