Ufal é representada em nota técnica que alerta sobre a qualidade de pescado

Documento é assinado em parceria com pesquisadores de outras instituições de Pernambuco
Por Manuella Soares - jornalista
22/07/2021 12h20 - Atualizado em 22/07/2021 às 13h06
A professora do curso de Engenharia de Pesca Juliett Xavier participou da revisão bibliográfica que resultou no documento

A professora do curso de Engenharia de Pesca Juliett Xavier participou da revisão bibliográfica que resultou no documento

O consumo de pescado tem entrado num debate recente sobre a segurança alimentar. Depois de relatos sobre intoxicações no Brasil, um grupo de pesquisadores divulgou uma nota técnica para discutir o tema das toxinas presentes no pescado. A professora do curso de Engenharia de Pesca da Ufal, Juliett Xavier, participou da revisão bibliográfica que resultou no documento.

“Apesar de ser uma importante fonte de macro e micro nutrientes, está entre as categorias alimentares que podem provocar intoxicações e infecções, pois os organismos aquáticos são seres que possuem uma alta capacidade de incorporar e ou biotransformar, tanto micro nutrientes, como vitaminas, minerais e vários bioativos, quanto agentes tóxicos e ou alergênicos, que podem estar presentes na água”, ressalta a nota.

Além de Juliett, o documento é assinado pelo professor Ranilson Bezerra, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); o pós-doutorando, Caio de Assis, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); e a pesquisadora Beatriz Mesquita, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

Os últimos registros de problemas após o consumo de pescado, no mês de junho desse ano, em Goiás, e anteriormente nos estados de Pernambuco e Bahia, a síndrome de Haff, conhecida como ‘doença da urina preta’, foi associada à ingestão dos peixes arabaiana, tilápia e salmão.

“A síndrome de Haff apresenta como sintomas principais dores musculares torácicas não relacionadas à atividade física, dores abdominais e estomacais, além da rabdomiólise que ocorre pela ruptura das células musculares estriadas, liberando a proteína mioglobina, a qual se acumula e obstrui os túbulos renais, causando urina escura e falência renal aguda”, explica a nota técnica dos pesquisadores.

Juliett acrescenta que a ausência de febre e sinais de infecções sugerem que a doença de Haff seja causada por uma toxina produzida e bioacumulável na cadeia alimentar de ambos os ambientes aquáticos. “A observação dessa toxina é rara, ela é termoestável, e prevalece no verão”, salienta.

Uma revisão bibliográfica completa foi feita pelo grupo para contextualizar o assunto e detalhar esta e outras doenças causadas por biotoxinas aquáticas, suas características e  informações adicionais, a exemplo de animal envolvido, sintomas, período de incubação e tratamento.

O documento descreve, ainda, orientações a curto e médio prazo, plano de ações, medidas de controle e dicas para escolher bem o pescado. Veja o  link da Fundaj que georeferencia os casos no mapa.

“É muito preocupante que danos à saúde estejam vinculados ao consumo de pescado. E diante de poucas ou más informações sobre o tema, poderia ocasionar uma queda na demanda de pescado, o que geraria impactos negativos para as comunidades tradicionais costeiras e ribeirinhas. Foi muito gratificante fazer parte desse trabalho, em conjunto com colegas da área que também estavam preocupados em levar informações esclarecedoras, além de recomendações básicas para o consumo seguro de pescado”, disse Juliett.

Confira o documento completo no anexo.