Missão mãe na linha de frente contra a covid-19: proteger e amar

Conheça as histórias de algumas mães que trabalham em serviços essenciais no HU e na Ufal
Por Manuella Soares - jornalista
07/05/2021 16h09 - Atualizado em 07/05/2021 às 16h33

Toda mãe cumpre muitas missões diárias. Algumas rotineiras, mas outras são chamados especiais. Com a missão de cuidar da filha e proteger a mãe, de 78 anos, a enfermeira Juliana Ferreira foi convocada para trabalhar no Hospital Universitário da Ufal em junho do ano passado, no auge da pandemia da covid-19. Eram muitas vidas esperando por ela. E ela foi.

“Receber um turbilhão de amor e boas energias do mundo, se descobrir diante de tantas emoções, foi o que me manteve trabalhando”, revelou, e comentou sobre o que precisou enfrentar internamente: “Ser mãe e profissional nesse momento foi difícil, pois tinha medo de voltar para casa doente e infectar os outros, adoecer e morrer, deixando minha filha e minha família”.

Assim como Juliana, a Leydiane também exerce uma função essencial. A auxiliar de serviços gerais da empresa terceirizada da Ufal é uma mãe dedicada ao filho de 6 anos e comprometida com o trabalho.

“O período foi bem complicado no começo. Porque foi tudo muito rápido. Mas eu fui trabalhar sabendo que o que fazemos é essencial para manter a faculdade limpa e higienizada para evitar qualquer tipo de vírus”, disse, ressaltando que sempre teve o cuidado de se proteger e respeitar todas as normas de biossegurança.

Para trabalhar, o filho de Leydiane também fica com a mãe dela em casa. Ajuda familiar que permitiu o funcionamento dos serviços mais urgentes para a população. Muitas mães serviram de rede de apoio para as profissionais que precisaram deixar suas crianças, vestir uma máscara e sair para ajudar outras famílias.

Agora imagine quantas vezes a anestesiologista e intensivista da UTI Covid do Hospital Universitário, Roberta Caldas, teve que se despedir das duas filhas pequenas com o coração apertado. Elas sentem a falta da mãe durante 72 horas por semana. É a carga que Roberta acumula para salvar vidas.

“Resolvi encarar a missão de trabalhar nesta UTI, mesmo sabendo que precisaria me ausentar mais de casa e da minha família. Sabia que poderia voltar para meu seio familiar contaminada pelo vírus, mas confiante que o meu propósito de ajudar a salvar mais vidas era maior que o medo de ser mais uma paciente”, afirmou.

Apesar da longa jornada distante do lar, o trabalho da médica é exemplo de dedicação e coragem, por isso, seu exercício materno diário é olhar pelo lado positivo: “Entendemos que é um período difícil, mas que tem nos conectado ainda mais como família”.

Além da preocupação de todos com a saúde, lidar com os sentimentos tem sido uma tarefa desafiadora do último ano. Saudade, tristeza e medo, se misturaram frequentemente às tentativas de sentir resiliência e gratidão. E quando as mulheres se transformam em mães, enfrentando uma gestação em plena pandemia, como curtir esse momento?

Na Unidade Neonatal e na Clínica Pediátrica do HU, a fonoaudióloga Conceição de Santana já atendeu muitas mães e bebês contaminados com o coronavírus. O trabalho dela é aprimorar funções como sucção e deglutição para promover o aleitamento materno exclusivo.

Mas, para construir o vínculo formando entre mãe e filho durante o amamentar, foi preciso destruir barreiras. “Elas demonstravam muito medo e insegurança, mas quando eu falava sobre as evidências científicas e mostrava o fluxo estabelecido pelo Ministério da Saúde, percebia que ficavam mais seguras. Enfatizei o acompanhamento porque a recomendação é amamentar, se a mãe estiver com um bom estado geral”, contou, sobre o convencimento às lactantes acometidas pelo vírus.

Conceição diz que o resultado eficaz desse processo a motiva para acolher com empatia: “Sinto-me repleta de gratidão e esperança por dias melhores, cuidando dos amores de muitas mães!”.

Motivação por sorrisos, por lágrimas de alegria e histórias de superação é o que ampara a missão de todas as mães que estão na linha de frente da pandemia, doando tempo e conhecimento, incansavelmente, pela vida.

“Perdemos alguns pacientes? Sim! Mas, tenho a certeza que muitas mães neste Dia das Mães estão com seus filhos, seja porque foram salvas ou porque tiveram seus filhos salvos!”, reforçou Roberta Caldas, lembrando que no meio do caos, também há muitos finais felizes.