Relatório mostra situação de Maragogi onze meses após derramamento de óleo

Força tarefa comparou compostos encontrados em setembro e em junho nas praias da cidade alagoana
Por Izadora Garcia - relações públicas
09/07/2020 14h37 - Atualizado em 10/07/2020 às 14h53
Mancha de óleo (Reprodução Jornal do Comércio)

Mancha de óleo (Reprodução Jornal do Comércio)

O Laboratório de Sistemas de Separação e Otimização de Processos (Lassop), do Centro de Tecnologia (Ctec), e o Laboratório de Pesquisa em Química dos Produtos Naturais (LPQPN), do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB), divulgaram novo relatório sobre óleo derramado nas praias do Nordeste em agosto do ano passado. O documento compara a situação de Maragogi em setembro de 2019 a de junho de 2020, quando foi realizada a coleta mais recente.

A análise faz parte do processo de monitoramento contínuo realizado pela Força Tarefa da Universidade Federal de Alagoas, que trata do vazamento. Além da avaliação dos compostos químicos encontrados nos resíduos, a equipe multidisciplinar também pesquisa o impacto social, alterações na vida marinha e formas de biorremediação do desastre ambiental.

O documento é assinado pelos professores Mozart Bispo, João Inácio Soletti, Sandra Carvalho, Henrique Goulart e Antonio Euzébio. De acordo com a análise, nas amostras de setembro do ano passado, foram encontrados inúmeros compostos que causam danos ambientais como o naftaleno, dibenzotiofeno, benzeno e tolueno. Já no material coletado em junho deste ano, essas substâncias não foram rastreadas. Isso acontece porque, com à exposição ao ambiente natural, esses compostos tendem a se degradar por meio de fenômenos como a evaporação, emulsificação e dissolução.

Entretanto, isso não significa que o impacto do desastre ambiental já foi superado. Alguns substâncias, como asfaltenos, continuam sendo encontrados no litoral alagoano. Segundo os pesquisadores, na literatura existem relatos da persistência de hidrocarbonetos derivados do derramamento de petróleo por um período de até dois anos após vazamentos, depositados em pântanos e em sedimentos off shore, o que indica que a degradação do petróleo acontece de forma bastante lenta.

Com isso, a tendência é que o problema persista em Alagoas, pelo menos, até 2021, afetando não só as praias, mas também mangues adjacentes. A Força Tarefa da Ufal continuará fazendo o monitoramento da costa.

De acordo com Mozart Bispo, esse monitoramento é importante para entender os impactos do desastre ambiental a longo prazo. "É de crucial importância o monitoramento, pois ajudará a compreender o quanto é fundamental existir segurança e comprometimento com o meio ambiente. O monitoramento mostrará o quanto o óleo é danoso ao meio ambiente e a saúde, se tratando de um grande período", avaliou o pesquisador.

Apoio

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) disponibilizou R$200 mil reais especificamente para financiamento desta iniciativa, em novembro de 2019.