Projeto para incentivar mulheres na ciência oferece curso de robótica

Atividades virtuais são intensificadas durante a pandemia para que participantes não percam o vínculo e o estímulo
Por Manuella Soares - jornalista
08/07/2020 17h24

Se é possível usar as plataformas digitais para conquistar espaço, tem mulher unida com esse propósito! Durante a pandemia de covid-19 os encontros presenciais foram suspensos, mas as professoras e alunas do projeto Mulheres nas ciências exatas, engenharias e computação, do Instituto de Matemática da Ufal, aproveitam os canais virtuais para divulgar suas ações. A próxima será um curso de robótica, nos dias 21, 23, 28 e 30 de julho, totalmente online.

“O objetivo é introduzir os conceitos de programação em arduíno e mostrar diferentes aplicações no dia-a-dia, em vários setores do cotidiano, como ligar uma lâmpada, controlar as luzes do semáforo, entre outros. No fim, usar o arduíno para construir um robô. No nosso caso, um carro com sensor que batizamos de ‘Larissinha’”, explica a professora Juliana Theodoro de Lima, que vai mediar o curso.

A atividade preencheu rapidamente o número de inscritos e será ministrada pela estudante de iniciação científica Janaine Ferreira dos Santos. Além de graduanda em licenciatura em Matemática no IM, ela está em processo final de defesa de conclusão de curso em Técnico em Informática para Internet no Ifal, e tem experiência em arduíno. Entre os 200 participantes estão alunos, professores da Ufal e de outras universidades do país e de escolas públicas de Alagoas. 

Juliana adianta que ao final do curso os vídeos serão disponibilizados nas plataformas digitais do projeto de extensão Painless Math, outra iniciativa da docente que pretende difundir o ensino da “matemática sem sofrimento”.

Projeto para inspirar

O engajamento da professora Juliana para que as ações não parem, mesmo durante a pandemia, são motivadas pelo principal objetivo do projeto Mulheres nas ciências exatas: incentivar a presença feminina numa área predominantemente masculina. Ela conta que optou por envolver apenas profissionais mulheres na composição do projeto para servir de inspiração.

Na equipe, além de Juliana Theodoro de Lima, docentes colaboradoras que são referências como Viviane de Oliveira Santos (IM), Lidiane Omena Leão (Física-Arapiraca) e Fernanda Selingardi (IF). “Nosso projeto tem como objetivo incentivar as meninas desde os ensinos básicos a buscar compreender e dá-las o incentivo de gostar das áreas de exatas e tecnologias. Além disso, buscar com a experiência de vida como profissionais nessas áreas, discutir de maneira responsável e com profissionais responsáveis, os problemas que podemos encontrar sendo do gênero feminino”, destaca.

Aprovado em 2018 no edital com apoio do CNPq e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o projeto ficou em primeiro lugar na seleção nacional. Hoje conta com três bolsistas de iniciação científica da Ufal; 30 voluntárias; e 15 alunas de iniciação científica júnior. O projeto contempla cinco escolas públicas de Alagoas e, nelas, disponibiliza bolsa para cinco professoras técnicas de apoio. Também fazem parte das atividades cerca de 50 meninas da rede participante.

O desafio é chamar a atenção dessas jovens para a ciência, utilizando métodos lúdicos, como jogos e oficinas com uma abordagem mais atrativa para as tecnologias e exatas. Mas a luta, segundo Juliana, vai além de conquistar espaço. As entrelinhas definem que tipo de ação esperar das mulheres envolvidas:

“O objetivo moral é mostrar que, independente do gênero, todos nós podemos, sem exceção, oferecer qualidade no que fazemos com a vontade de transformar a nossa sociedade num lugar melhor e mais respeitoso de se viver. E ainda, que em um futuro não tão distante, que a futura geração feminina não precise lutar pelo óbvio, o direito ao próprio espaço que foi subtraído das mulheres durante quase toda a história da humanidade”, conclui a coordenadora.

Conheça mais sobre o projeto no Instagram.