Pesquisa sobre novo inibidor do vírus Chikungunya é publicada em periódico da Capes

Artigo é resultado de estudo que já foi premiado internacionalmente
Por Diana Monteiro - jornalista
22/07/2020 13h35 - Atualizado em 24/07/2020 às 13h48
Professor Edeildo Ferreira (à esq.) e equipe envolvida na pesquisa

Professor Edeildo Ferreira (à esq.) e equipe envolvida na pesquisa

O projeto Síntese e Avaliação de Novos Derivados de Acrilamidas e Benzopropionamidas Frente ao Vírus Chikungunya, premiado internacionalmente, alcança mais um patamar com a publicação de um artigo na referenciada revista Pharmaceuticals do Multidisciplinary Digital Publishing Institute - MDPI [Qualis Capes: A1, fator de impacto: 4,286], destacando no cenário científico o curso de Farmácia da Universidade Federal de Alagoas. A publicação destaca a síntese e a caracterização de um composto que apresentou resultados promissores como novo inibidor do vírus Chikungunya in vitro.

Coordenado pelo professor Edeildo Ferreira, o projeto de pesquisa é desenvolvido por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), ciclo 2019-2020. A continuidade dos estudos está garantida com a aprovação preliminar de um novo projeto na atual seleção do Pibic 2020-2021.

Sobre a importância da publicação do artigo intitulado de Planejamento Auxiliado por Computador, Síntese e Avaliação Antiviral de Novas Acrilamidas como Potenciais Inibidores do Complexo de Glicoproteínas E3-E2-E-1 do Vírus Chikungunya, Edeildo enfatiza: “É extremamente gratificante, pois o artigo nasceu de um Projeto de Iniciação Científica, premiado internacionalmente, que conta com participação dos alunos do Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF), Gabriel Felipe Silva Passo e Matheus Gabriel Moura Gomes, assim como parcerias, sendo inteiramente desenvolvido na Ufal. Portanto, consiste numa pesquisa completamente alagoana”.

Ao comemorar a publicação do artigo, mais um no cenário científico, o pesquisador destaca que o patamar alcançado é fruto de muita colaboração e parceria, assim como, esforço e dedicação por parte de todos os envolvidos, principalmente dos estudantes de graduação e pós-graduação. “Eu e o professor Ênio José Bassi, enquanto professores pesquisadores, ficamos muito felizes em ver que um trabalho local conseguiu atingir proporções internacionais significativas. Esse resultado positivo conquistado para o grupo estimula os alunos da graduação a almejarem a pós-graduação e os alunos de pós, a vida acadêmica como pesquisadores e professores. O mais gratificante é saber que a Ufal possui um papel muito importante para o destaque no cenário científico internacional. Ressalta-se ainda que tanto o prêmio internacional quanto esta publicação são produtos de apenas seis meses de execução do projeto de Pibic (ciclo 2019-2020)”, revelou Ferreira.

O professor reforça a parceria de Ênio Bassi, coordenador do Grupo de Pesquisa em Regulação da Resposta Imune (Imunereg), do Laboratório de Pesquisa em Virologia e Imunologia (Lapevi), pertencente ao Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBs). Ferreira também destaca a participação do professor João Xavier de Araújo, do Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF), como importante colaborador para a realização do estudo científico premiado, uma vez que todas as etapas de desenvolvimento das moléculas ativas foram realizadas no Laboratório de Química Medicinal (LQM), instalado no ICF.

Integram também o grupo de pesquisadores: Thiago Mendonça de Aquino, do Núcleo de Análise e Pesquisas em Ressonância Magnética Nuclear (NAPRMN), do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB); João Cavalcante; Stephannie Souza, bolsistas da Fapeal; e Eliane Santos, bolsista da Capes. Além de outros projetos na área de graduação e pós-graduação, Edeildo também coordena o Laboratório de Síntese e Pesquisa em Química Medicinal (LSPMED), no IQB.

Sobre a pesquisa

De modo geral, o trabalho representa a síntese e a caracterização de um composto que apresentou resultados promissores como um novo inibidor do vírus Chikungunya in vitro, a ser futuramente estudado pelo grupo, na continuidade da pesquisa, para obtenção de resultados complementares, como por exemplo, desvendar o seu mecanismo de ação. Segundo Ferreira, tal composto, codificado por LQM334, foi capaz de inibir a infecção viral diminuindo a percentagem de células infectadas pelo vírus in vitro.

Estudos virtuais (in silico), sugeriram que o citado composto atue por meio da ligação com o complexo glicoproteínas E3-E2-E1 do vírus, possivelmente impedindo que este se ligue às células suscetíveis. O trabalho científico pode representar o surgimento de uma nova classe química de inibidores contra o vírus Chikungunya, podendo ainda fomentar e contribuir com diversos outros estudos na área de química medicinal.

O desenvolvimento do estudo possibilitou o envolvimento, a participação e a interação de alunos de iniciação científica do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, o PPGCF da Ufal, sendo importante para a formação de novos pesquisadores na área de química medicinal e virologia no Estado de Alagoas. "Destacamos a importância da interação e colaboração entre diferentes laboratórios e grupos de pesquisa da Ufal durante todas as etapas de execução do projeto de pesquisa, desde as discussões científicas até a elaboração do texto final para a submissão no jornal internacional Pharmaceuticals”, disse Ferreira.