Laboratório da Ufal realizou mais de mil testes para diagnósticos de covid-19

O professor Marcelo Duzzioni, coordenador do Laif, avalia os resultados da parceria com o Lacen
Por Lenilda Luna - jornalista
09/07/2020 15h36 - Atualizado em 09/07/2020 às 16h46

O  Laboratório de Inovação Farmacológica (Laif), sediado no Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), foi inaugurado em outubro de 2019 com o objetivo de criar novos fármacos para doenças raras, em especial a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). “Já nascemos com uma missão desafiadora e tivemos o grande estímulo do professor Hemerson Casado, renomado cirurgião alagoano, que foi acometido pela doença e tornou-se um ativista para conseguir investimentos e tecnologias para a descoberta da cura”, relata Marcelo Duzzioni, coordenador do Laif.

O Laif iniciou as atividades estabelecendo parcerias, com o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Fundação de Amparo a Pesquisa de Alagoas (Fapeal).  “De início, a proposta de Hemerson Casado parecia muito difícil de alcançar, mas ele conseguiu que todos nós saíssemos da nossa zona de conforto para abraçar essa ideia. No Brasil existe um único fármaco aprovado pela Anvisa para o tratamento de Ela, mas que não representa grandes avanços. Reunimos a "expertise" de um grupo de cientistas de várias áreas para buscar alternativas terapêuticas mais eficazes”, conta Marcelo.

Marcelo Duzzioni falou sobre a história do laboratório durante uma transmissão ao vivo no canal da Ufal no Youtube. Ele contou como conheceu Hemerson Casado e a primeira impressão que teve com o exemplo de superação que o médico representa. “Na primeira reunião que tive com Hemerson, eu me deparei com uma pessoa na cadeira de rodas, usando um computador para se comunicar. Aquela cena me causou um impacto, porque nós que realizamos nossas pesquisas em laboratórios, tratamos da doença, mas não temos o contato direto com o paciente. Ele me chamou para conversar e o que me ficou marcado foi a inteligência, a força e a dedicação dele, mesmo em condições tão difíceis”, disse Duzzioni.

A covid-19

O surgimento da pandemia de covid 19 desviou temporariamente a missão do Laif, porque os pesquisadores da Ufal estão todos se dedicando, em suas áreas, ao enfrentamento da doença. Como tem equipamentos que podem colaborar no diagnóstico, o laboratório se dispôs a uma parceria com o Laboratório Central de Alagoas (Lacen), para realizar alguns testes. “Incorporamos mais pesquisadores e técnicos que se sensibilizaram e se apresentaram para ajudar nessa demanda urgente do momento. Não estamos parados durante o isolamento social, pelo contrário, estamos trabalhando muito”. destacou Duzzioni.

Os diagnósticos são fundamentais para saber como está a curva de transmissão da doença no estado e qual a estratégia que deve ser adotada para cada momento. “No início da pandemia, já buscamos o Lacen para oferecer esse serviço. O reitor Josealdo Tonholo participou de uma reunião convocada pelo Governo de Alagoas para organizar as parcerias. No acordo de cooperação, ficamos com uma parte dos testes de diagnósticos por PCR. Para isso, tivemos que passar por um treinamento e pela certificação do nosso equipamento, que estava registrado apenas para pesquisa, mas precisava de autorização para liberar os exames”, relatou o coordenador.

O Laif passou a receber material genético enviado pelo Lacen para detecção de covid-19. “Fizemos essas testagens até o final de junho. Depois, como caiu um pouco a demanda por testes e o Lacen está conseguindo dar conta, nós suspendemos essa atividade. Em dois meses, fizemos aproximadamente 1,2 mil testes, ou seja, 50 testes por dia. Colaboramos dentro da capacidade do nosso laboratório. Mas nós estamos a disposição do Laboratório de Alagoas caso seja necessário voltar a colaborar com os testes”, ressalta Marcelo Duzzioni.

O pesquisador destaca que, embora a testagem de novos casos tenha caído, isso não significa que os parâmetros da OMS para a flexibilização foram atingidos. “A pandemia ainda é um grande risco para todos nós. Não cabe ao Laif determinar se já é tempo de flexibilizar, isso tem que ser decidido conjuntamente avaliando uma série de fatores, mas estamos à disposição para fornecer os dados que estiverem ao nosso alcance. Muitas das pesquisas da Ufal têm norteado as ações dos governantes locais. Nosso papel é fornecer as informações científicas para que as melhores decisões sejam tomadas, com muito cuidado, até que tenhamos a vacina para a covid”, finaliza o professor.

Confira a live com o professor Marcelo Duzzioni aqui.