Pesquisadores analisam ações dos governos estaduais na pandemia

Série especial de textos foi coordenada pela professora da Ufal Luciana Santana em colaboração com docente da UFPI
Por Manuella Soares - jornalista
12/05/2020 14h28 - Atualizado em 26/05/2020 às 11h07
Ensaio referente a Alagoas é assinado por Luciana Santana (foto) e Emerson Oliveira do Nascimento, do ICS

Ensaio referente a Alagoas é assinado por Luciana Santana (foto) e Emerson Oliveira do Nascimento, do ICS

Uma análise sobre como os governos estaduais lidam com a pandemia de coronavírus sob a perspectiva de cientistas políticos está disponível  de forma pública e gratuita no Nexo Jornal. A série especial em parceria com a Associação Brasileira de Ciência Política é organizada pelas professoras Luciana Santana, da Ufal e Olívia Perez, da Universidade Federal do Piauí. Cada texto é referente a um dos 27 estados da federação.

“Buscou-se analisar, de maneira contextualizada, as respostas dos governos estaduais por meio das medidas adotadas, o timing das decisões, as coordenações políticas entre os entes federados, além dos desafios para uma condução bem sucedida da crise”, explicou uma das coordenadoras do especial publicado no Nexo, um jornal digital independente, especializado em análises científicas das informações.

De acordo com Luciana, foram convidados 47 pesquisadores nas áreas de ciência política e afins dos diferentes estados para analisar decretos estaduais e medidas adotadas nas diferentes regiões do país referentes ao enfrentado à pandemia de covid-19.

A proposta é parte da pesquisa desenvolvida pela professora Luciana Santana, que analisa os governos subnacionais. Com a pandemia, ela ampliou a abordagem analítica e buscou criar uma rede de pesquisadores que estão se debruçando em acompanhar as ações e omissões dos governos em relação a esta crise.

Santana destaca que a universidade tem um papel central na reflexão e na ação diante da pandemia e acredita que o trabalho em rede pode servir para uma agenda de pesquisa ampliada, com análises comparativas entre os estados.

O ensaio referente a Alagoas é assinado por ela e pelo professor Emerson Oliveira do Nascimento, do Instituto de Ciências Sociais da Ufal. Eles contextualizam o início da doença na capital Maceió e destacam como o cenário político influencia na adoção de medidas conjuntas de Governo e Prefeitura.

“É notório que as ações dos governos estadual e municipal, coerentes com as orientações da OMS e do Ministério da Saúde, foram tomadas em tempo apropriado”, frisam no texto, e continuam explicando que “o realinhamento político entre governador e prefeito da capital em prol de uma candidatura única para a eleição  — antes da chegada da pandemia — criaram uma situação favorável para o enfrentamento da covid-19”.

Os pesquisadores pontuam como fatores possíveis para o crescente número de casos e mortes pela doença o acesso tardio aos testes de coronavírus, a baixa adesão da população às determinações dos órgãos de saúde e os entraves com o governo federal que geram incertezas econômicas à população.

Apesar dos governos estadual e municipal terem adotado medidas rápidas e atuarem de maneira coordenada, a demora em ampliar o número de testagens, o número elevado de subnotificações e a baixa adesão das pessoas ao isolamento social têm sido obstáculos para frear o avanço da doença na capital e no interior do Estado. Some-se a isso, não podemos desconsiderar as características políticas, sociais e econômicas do estado com alta concentração de renda e de desigualdade social”, conclui os autores.