Ufal realiza defesa virtual de mestrado para evitar aglomerações

Pesquisa da Fanut relaciona consumo de alimentos processados e o aleitamento materno em crianças alagoanas
Por Janaina Alves – relações públicas
09/04/2020 16h36 - Atualizado em 09/04/2020 às 17h49
Alternativas como a da defesa de Giovana auxiliam estudantes e professores a manterem as atividades durante o distanciamento social

Alternativas como a da defesa de Giovana auxiliam estudantes e professores a manterem as atividades durante o distanciamento social

A dissertação de Giovana Montemor foi defendida no último dia 30 de março, quando a Ufal já havia suspendido a maior parte de suas atividades presenciais em virtude da pandemia do covid-19. Por este motivo, a sessão de defesa aconteceu virtualmente, com a participação dela e dos professores por meio de plataforma digital, inclusive uma pesquisadora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

 “No primeiro momento fiquei um pouco angustiada, me senti insegura por não ter minha orientadora, minha família e amigos por perto, mas logo aceitei a condição e entendi que seria o melhor para mim e para o programa que tudo ocorresse dentro do prazo estipulado visto que a banca também estava toda convocada”, disse Giovana sobre o momento em que ficou sabendo que sua apresentação seria online.

Alternativas como essas estão sendo encontradas para auxiliar estudantes e professores a manterem suas atividades durante o período de distanciamento social. Após ter sua dissertação validada pela banca a agora mestre em nutrição concluiu: “Foi muito tranquilo lidar com a tecnologia. Houve os testes para que eu me sentisse segura e foi fundamental para que eu concluísse uma fase importante da minha vida. Não me senti desconfortável em momento algum, pois a defesa foi conduzida de forma paciente pela minha orientadora e por todos os membros da banca”.

A pesquisa

Quando pensamos em nutrição infantil logo nos vem à mente a amamentação, uma importante fase na vida da criança desde o seu nascimento até os seis meses de vida, de forma exclusiva, podendo ser estendido até os dois anos ou mais, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), com a introdução gradativa de outros alimentos.

Nem sempre essas orientações são consideradas e muitos são os fatores que levam as crianças a não desfrutarem dos benefícios do aleitamento materno, iniciando precocemente a ingestão de alimentos. Acontece que quando esses alimentos não têm uma qualidade nutricional, os reflexos na saúde da criança podem durar por toda a vida, propiciando o surgimento de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e obesidade. 

A pesquisa desenvolvida pela Faculdade de Nutrição (Fanut) intitulada Associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a prática de aleitamento materno em crianças de seis a 24 meses beneficiárias do programa bolsa família em Alagoas buscou estabelecer quais os principais fatores que contribuem para uma introdução precoce de alimentos industrializados (ultraprocessados) em crianças em idade de aleitamento e, para isso, percorreu seis municípios alagoanos: Murici, Batalha, Pão de Açúcar, Teotônio Vilela, Pilar e São Luis do Quitunde.

De acordo com a pesquisadora Giovana Montemor, a vulnerabilidade social foi um dos fatores que implicam a má alimentação infantil. “Quando coletamos os dados nos municípios, descobrimos uma elevada prevalência de crianças em situação de vulnerabilidade social consumindo alimentos não recomendados, conhecidos como alimentos ultraprocessados”, explica.

Uma questão de saúde pública

A pesquisa, que culminou na dissertação de mestrado de Giovana, sob a orientação da professora Ana Paula Grotti Clemente, demonstrou que o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) é menor em crianças que estavam em aleitamento materno no primeiro e no segundo ano de vida. O que a fez destacar a importância do fortalecimento de políticas públicas voltadas à promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável direcionadas às populações que possuam dificuldades de acesso físico e econômico a uma alimentação saudável e adequada. 

“Quanto mais longo for o tempo do aleitamento de uma criança, mais tardiamente ela irá consumir alimentos com baixo valor nutricional, o que contribui positivamente para o seu processo de formação e desenvolvimento”, reforça a pesquisadora.

O estudo faz parte de um projeto maior intitulado Avaliação da gestão e operacionalização dos Programas Nacionais de Suplementação de Ferro e de Vitamina A associado ao estado nutricional de crianças de seis a 24 meses em municípios do Estado de Alagoas, também desenvolvido pela Fanut.