Dia do Trabalhador: pandemia gera reflexão sobre sentidos do trabalho

Reitor da Ufal destaca conceito “pós-covid” diferente para as atividades funcionais

Por Manuella Soares - jornalista
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Como está seu trabalho hoje? De que lugar você está cumprindo sua jornada agora? Qual cantinho você escolheu para exercer suas funções diárias? Para quem tem um ofício, com certeza as preocupações de pouco mais de um mês atrás eram outras. Talvez a tensão de não se atrasar, a ansiedade de concluir um prazo, ou o estresse porque o colega não cumpriu a tarefa e sobrecarregou você. Ainda lembra essas sensações? De planejar as atividades durante o trajeto, de chegar e desejar bom dia às pessoas que cruzavam no caminho, de pedir com licença para usar a caneta do colega e até de responder a uma pergunta com um sorriso? Já parece que faz tempo... E faz. O dia de trabalho já não é mais o mesmo.

A Universidade Federal de Alagoas tem mais de três mil pessoas em seu corpo técnico e docente. São servidores que somam força de trabalho administrativo, resolvendo situações, dando estrutura para o pleno funcionamento da instituição; professores que repassam seus conhecimentos para o amadurecimento intelectual de milhares de alunos; são também pesquisadores que usam suas expertises para desenvolver ciência, em todas as áreas. Mas todas essas funções experimentam agora a condição que mais se ouve falar em tempos de pandemia: a de se reinventar.

“O conceito de trabalho pós-covid vai ser completamente diferente daquilo que a gente tinha. Vamos ter que descobrir novas formas de nos relacionar com o público, com o governo, novas formas de atender às nossas demandas funcionais. E a gente está usando esse momento pra refletir, treinar, fazer capacitações de educação a distância e de ferramentas das novas tecnologias, mas também, para reprogramar as nossas atividades didáticas e funcionais para esses desafios que vão ser postos. Acho que é um momento muito especial em que os trabalhadores da Ufal, nesse momento, têm que se reinventar, mas a gente não pode abrir mão de preservar a vida”, enfatizou o reitor Josealdo Tonholo.

Na data em que se comemora o Dia Internacional dos Trabalhadores, em alusão à greve de 1886, iniciada nos Estados Unidos, quando se reivindicava melhores condições de trabalho, vemos boa parte do mundo ainda gritando pelo mesmo motivo. Com a pandemia de coronavírus, profissionais da saúde lutam por proteção. Até a longa jornada, premissa de conflito trabalhista, já não é um peso. O esforço é para salvar vidas, e em outras áreas, para não parar, se adaptar a uma realidade que chegou mais rápido do que muitos imaginavam.

Está sendo assim com os trabalhadores da maior instituição de educação de Alagoas. E dentre tantos desafios, repensar sobre os conceitos de “essencial” e “lar”, que ganharam projeção e novas aplicabilidades nos últimos meses. “Enfrentamos com coragem e dignidade os obstáculos e lutas diárias. Neste 1º de maio parabenizo todos os servidores, efetivos ou terceirizados, que têm se unido para, juntos, atravessarmos esse momento adverso, solidificando cada vez mais a nossa instituição. Somos uma grande família! Parabenizo também os do HU, que tão aguerridamente têm demonstrado força, capacidade, respeito e comprometimento”, enalteceu Eliane Cavalcanti, vice-reitora da Ufal.

O dia 1º de maio deveria ser de pausa, descanso, mas além de reflexão, a data vai ser de preparativos para o futuro, como resumiu Tonholo: “São momentos em que a gente tem muito a aprender. O nosso fazer, o nosso dia a dia não vai ser igual ao que era antes quando a gente retomar as atividades. Definitivamente, não vai ser. Mas a gente está trabalhando para que sejamos melhores”.