Laboratórios da Ufal desenvolvem EPIs para proteção contra o Coronavírus

Máscaras serão produzidas no Laboratório de Fabricação Digital
Por Lenilda Luna - jornalista
27/03/2020 13h34 - Atualizado em 27/03/2020 às 18h25
Máscaras serão produzidas no Laboratório de Fabricação Digital  (Arquivo pessoal)

Máscaras serão produzidas no Laboratório de Fabricação Digital (Arquivo pessoal)

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) já deu várias demonstrações de que a cooperação científica multidisciplinar é uma contribuição fundamental para encontrar soluções para vários problemas enfrentados pela sociedade.

Para dar um exemplo recente, temos a Força Tarefa formada por mais de 40 pesquisadores de várias áreas para buscar mitigar os efeitos do derramamento de óleo nas praias do Nordeste. Também pode ser citado o apoio psicossocial e tecnológico para atender as 40 mil famílias atingidas pela instabilidade do solo em quatro bairros de Maceió.

Agora, a sociedade se volta também para o enfrentamento da pandemia de Covid-19. As autoridades sanitárias, as instituições e as entidades de pesquisa estão cooperando para evitar a difusão da contaminação. O isolamento social foi orientado pela Organização Mundial de Saúde para evitar o colapso do sistema de saúde.

Em meio a essa mobilização, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como luvas e máscaras, são essenciais, principalmente para os profissionais de Saúde, que estão mais expostos. Por isso, a produção desses equipamentos é essencial para o trabalho de assistência aos pacientes que chegam ao Hospital Universitário com suspeita de contaminação.

O professor Adeildo Junior, professor titular e coordenador de pesquisas e novas fronteiras do Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV/Ufal), explica que uma parceria entre o LCCV e o Laboratório de Fabricação Digital (Fab Lab) vai produzir esses equipamentos. O FAb Lab foi uma iniciativa da professora Ivvy Quintela, recentemente criado, e é vinculado ao Laboratório de Estruturas e Materiais (Lema) do CTEC/Ufal.

Segundo Adeildo, a primeira fase é de estudo dos projetos já existentes e disponíveis para impressão, avaliação da compatibilidade dos equipamentos e materiais para serem usados no modelo existente. “Vamos verificar se os requisitos necessários para o uso do EPI estão sendo atendidos. Para isso são impressos protótipos para análise”, explica o pesquisador

Numa segunda etapa, são determinadas as condições de produção, definida qual a capacidade de impressão diária do Laboratório e qual o quantitativo de insumos são necessários para atender a essa capacidade. Numa terceira etapa, serão levantadas as demandas e as fontes de apoio financeiro. “Nesta etapa define-se também como será feita a distribuição. Em seguida, faz-se a produção dos equipamentos e entrega segundo os critérios previamente definidos”, relaciona o professor.

Esse suporte científico e tecnológico é essencial nesse momento de crise. Adeildo ressalta que uma pandemia como essa, que evolui em alta velocidade, precisa de ações rápidas e complexas. “Só é possível responder na velocidade necessária a essas demandas se houver uma base tecnológica e científica bem construída. É preciso utilizar de forma inteligente e criativa o que já está tecnologicamente disponível, fazendo adaptações. Como as dificuldades dessa crise são muitas vezes inéditas, as soluções também serão”, destaca o pesquisador.

O professor ressalta que o LCCV está focado na manufatura de EPIs, especificamente os protetores faciais (face shield). “Não estamos trabalhando nessa fase com outros tipos de peças ou equipamentos, mas já nos colocamos a disposição para possíveis parcerias futuras, que podem envolver outros tipos de equipamentos e peças”, conclui Adeildo.