#GeraçãoUfal: Acesso à produção acadêmica de negras marca estudante da Ufal

“Saber que essas pessoas existiram e existem me dá força e referências para estudar o que eu quero”, afirma Júlia Goes
Por Thâmara Gonzaga e Diana Monteiro – jornalistas
17/01/2020 09h16 - Atualizado em 22/11/2021 às 09h05
Júlia Goes, estudante de Ciências Sociais da Ufal. Foto: Arquivo pessoal

Júlia Goes, estudante de Ciências Sociais da Ufal. Foto: Arquivo pessoal

Conhecer a produção acadêmica de escritoras negras e se sentir representada no ambiente científico são algumas das principais experiências apontadas pela estudante de Ciências Sociais, Júlia Goes, em mais uma matéria da #GeraçãoUfal, campanha comemorativa pelos 59 anos da Universidade Federal de Alagoas. A instituição, defende ela, “é importante não só para minha formação, mas também tem me possibilitado construir amizades com diferentes pessoas que têm sido muito importantes para mim”. E afirma: “Foi através de outros estudantes daqui que entrei em contato com autores e autoras negras que nunca tinha visto durante as aulas na graduação”.

Para a graduanda de 20 anos, esse conhecimento possibilitado pelo espaço universitário é muito significativo. “Entrar em contato com a produção de autoras e autores negros tem sido uma das coisas mais importantes para mim enquanto estudante”, diz. “Foi lendo textos de pessoas como Audre Lorde, Bell Hooks, Patricia Hill Collins, Djamila Ribeiro e Aza Njeri que descobri que mulheres negras escrevem e produzem academicamente, em diversos espaços, de diversas maneiras, sobre questões que dizem respeito à população negra de vários lugares do mundo”, argumenta.

Ao contar sobre o que essas descobertas literárias têm proporcionado, ela relata: “Descobri que, em 1977, uma mulher negra escreveu sobre coisas que eu sinto hoje, em 2020: medo de falar, ficar sempre em silêncio”. E destaca: “Saber que essas pessoas existiram e existem me dá força e referências para estudar o que eu quero através de perspectivas mais interessantes do que aquelas que sempre são apresentadas pelos professores nas nossas salas de aula. Produções que, quase sempre, são de pessoas brancas escrevendo num contexto europeu”, declara. E completa: “Quando eu digo isso, não quero dizer que essas perspectivas são ruins, mas, sim, que existem outras que não nos são apresentadas pelos professores”, afirma a estudante que pretende seguir a carreira acadêmica e quer continuar os estudos na área da educação. 

Pai também estudou na Ufal 

A história do pai de Júlia Goes também tem registros na Universidade Federal de Alagoas: Cyrneildo Oliveira Barbosa concluiu o curso de Educação Física em 1997. Ela conta que, às vezes, conversam sobre os tempos em que era estudante da instituição. “Ele considera que, na parte de educação física, a estrutura está muito melhor e mais moderna do que nos anos em que estudou”, diz. 

Júlia destaca a importância da Ufal na vida de seu pai e afirma que ele a motivou a estudar no local. “A Ufal fez meu pai ter uma melhora na condição de vida, tanto financeira como humanamente”, afirma. E ressalta: “Sempre fui incentivada pelo meu pai e pela minha mãe, pois eles reconhecem a qualidade da Universidade, considerada a melhor de Alagoas”.