Palestra sobre Future-se reuniu comunidade acadêmica para discutir o projeto

Na ocasião, estudantes, docentes e técnicos puderam tirar dúvidas e fazer observações sobre a proposta
Por Ascom Ufal
22/08/2019 16h52 - Atualizado em 22/08/2019 às 17h16
De acordo com a deputada, o projeto é impreciso e sua aprovação depende da alteração de 16 leis

De acordo com a deputada, o projeto é impreciso e sua aprovação depende da alteração de 16 leis

Na tarde desta quarta-feira (21), a deputada federal e coordenadora da Frente Parlamentar pela Valorização das Universidades Federais, Margarida Salomão, ministrou a palestra O projeto de lei Future-se e as implicações para o Sistema de Universidades Federais e sua autonomia. O evento lotou o auditório do Centro de Interesse Comunitário da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

De acordo com a deputada, o projeto é impreciso e sua aprovação depende da alteração de 16 leis, como a das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e do Plano de Carreiras e Cargos do Magistério Federal. Além disso, a parlamentar criticou a falta de fundamentação relacionada às propostas apresentadas.

“Na realidade, o Future-se não apresenta nenhuma novidade no âmbito de desenvolvimento tecnológico ou de inovação, ele se assenta em bases extremamente frágeis. Tudo que está posto como uma grande novidade para as universidades [a competitividade, a relação com o mercado, a capacidade inventiva] já é feito”.

Salomão também destacou o que ela acredita que sejam os dois principais do projeto: a necessidade de fazer mudanças na Constituição Federal e o viés ideológico que permeia toda a construção do Future-se. Segundo a deputada, toda a construção atual de universidade - sua inclusão, o perfil dos estudantes [hoje, cerca de 70% dos estudantes possuem renda familiar inferior a dois salários mínimos e 60-% se autodeclaram pretos ou pardos] - está em risco.

“A universidade pesquisa tudo. Ela é inclusiva, ela busca respostas para atender a todos os problemas da sociedade. Não podemos ter um escalonamento de prioridades de acordo com ideologia. Universidade não é ou isso ou aquilo. Universidade é isso e aquilo. Ela ensina a pensar e a questionar. Temos gente de esquerda, de direita, sem posicionamento político em um espaço livre ao debate”, avaliou.

A reitora da Ufal, Valéria Correia, também participou da mesa e fez críticas à construção do projeto. “Nenhum reitor das 63 universidades federais do país foi consultado, convidado a pensar ou elaborar o Future-se”, afirmou. “E a ‘opção’ pela adesão, configura como uma pressão para fugir do contingenciamento de recursos: é aceitar uma proposta que nem ao menos cita o eixo ensino, pesquisa e extensão ou definhar sem recursos”, explicou.

Após a palestra, houve um espaço para a manifestação dos participantes que, em sua maioria, mostraram-se contra o projeto. Segundo o pró-reitor de Gestão Institucional, Flávio Domingos, o projeto representa uma negociação total das universidades. “É a mercantilização absoluta do ensino. Não dá pra negociar o orçamento das universidades brasileiras em bolsa de valores”, afirmou.

A reitora encerrou o evento, agradecendo à deputada pela disposição. “Esse é o início de um debate que precisa ser ampliado a toda a comunidade universitária. Todos precisam estar devidamente informados sobre o que o projeto representa para o futuro do ensino público federal”, finalizou.