Palestra aborda ensino de português para pessoas surdas

Tema reforçou importância da capacitação docente para reduzir a desigualdade entre alunos ouvintes e surdos
Por Paulo Canuto - estudante de Jornalismo
20/08/2019 10h56 - Atualizado em 20/08/2019 às 11h49
Palestra com a professora Daniele Marcelle Grannier (UNB). Foto: Paulo Canuto

Palestra com a professora Daniele Marcelle Grannier (UNB). Foto: Paulo Canuto

A Faculdade de Letras da Universidade Federal de Alagoas (Fale-Ufal) promoveu, na última quinta-feira (15), a palestra Ensino e formação docente na educação linguística de surdos: Libras e Português do Brasil como segunda língua (L2). O evento contou com a professora Daniele Marcelle Grannier da Universidade de Brasília (UnB) como palestrante e tradução dos intérpretes Carlos Alberto e Pollyana, da Ufal.

A palestra falou sobre as pessoas com surdez profunda, que não ouvem qualquer tipo de som, nem em frequências baixas, e não tiveram a possibilidade de aprender a língua oral; e aqueles que possuem um mínimo de audição e, com a ajuda de aparelhos, conseguem aprender o básico da língua falada.

O aprendizado prévio foi um tema ressaltado pela palestra. “A preparação é um ponto importantíssimo que se deve ter antes de se ensinar uma segunda língua para uma pessoa, e com surdez, essa preparação é mais importante ainda” como explicou a palestrante Daniele Grannier, quando mencionou que as experiências de vida auxiliam no aprendizado de uma nova língua, e nesse sentido, a pessoa com surdez já sairia em desvantagem em relação a ouvintes.

A importância da capacitação

A palestrante ainda fez uma crítica à falta de preparação nas escolas para esses alunos. Para Daniele, o erro começa quando as escolas não disponibilizam turmas específicas para pessoas surdas, mas mistas, com o auxílio de um intérprete. Ela parte do princípio que o aprendizado e o respeito estão diretamente ligados ao vínculo entre aluno e professor, por isso, quando existe um intérprete para traduzir a aula para os alunos surdos esse vínculo é criado com o intérprete e não com o professor. Ela então ressalta a importância de capacitar os docentes para que se tornem falantes de libras.

Segundo Grannier as turmas mistas podem prejudicar o desempenho do professor, que teria trabalho redobrado para assistir a todos os alunos de forma diferente. “A ideia não é que seja extinto o convívio entre os surdos e ouvintes, mas que sejam em algumas situações, e se o aluno for previamente preparado em libras e ter um capital cultural mais amadurecido, esse convívio também será mais efetivo”, ressaltou, enfatizando ainda a importância do aprendizado de libras pela família para que auxilie na comunicação com mais fluidez na escola.

A palestra continuou com a exposição de exemplos em experimentos na área além de trabalhos de doutorado voltados para a temática. Também foram sorteados os volumes 1 e 2 do livro Interagindo em português, texto e visões do Brasil, para finalizar o dia de debates.

“A professora Daniele Grannier trouxe essa temática que é bem atual, porque nossos alunos de letras-libras, ouvintes e surdos, precisam desse conhecimento para poder atuar nas escolas públicas da rede de ensino, tanto particular como pública. Para nossos alunos aqui do curso é relevante para o complemento de sua formação acadêmica e essa palestra veio para agregar valor no aprendizado e na formação profissional dos nossos alunos”, destacou a professora Edineide Silva, mediadora da palestra.