Pesquisador da Ufal conquista prêmio internacional

Com projeto sobre preservação do pirarucu, João Silva foi o único brasileiro finalista do Prêmio Rolex
Por Janyelle Vieira - estagiária de Jornalismo
18/06/2019 16h56
João Silva durante cerimônia para entrega do prêmio nos Estados Unidos

João Silva durante cerimônia para entrega do prêmio nos Estados Unidos

O pós-doutorando e bolsista do Programa de Pós-graduação em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos (Dibict), do Instituto de Ciências Biológicas (ICBS) da Ufal, João Vitor Campos e Silva, foi um dos cinco vencedores do prêmio internacional Rolex Awards for Enterprise. A cerimônia de premiação foi em Washington, nos Estados Unidos, na última sexta-feira (14).

O pesquisador da Ufal venceu com o projeto de preservação do pirarucu, maior peixe de escamas de água doce do planeta que corre risco de extinção na região amazônica. O projeto premiado analisa um modelo de preservação do peixe como forma sustentável de geração de renda para a população e de proteção da natureza.

João Silva comemorou muito a conquista. “Para mim é uma honra muito grande receber esse prêmio e me sinto muito feliz. Mas, muito mais importante do que isso é a oportunidade de divulgar o trabalho incrível que as comunidades rurais da Amazônia vêm protagonizando, garantindo a conservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida local”, afirma. E destaca: “Não há futuro para a Amazônia sem pensarmos no bem-estar das comunidades rurais. Os povos da floresta estão assegurando a proteção da Amazônia e eles são fundamentais para seu futuro sustentável”.

O Prêmio Rolex, concedido pela marca de relógios suíça, é voltado para trabalhos nas áreas de ciência e saúde, meio ambiente, tecnologia aplicada, exploração e patrimônio cultural. Na edição deste ano, foram 957 candidatos de 111 países. A seleção foi feita por um grupo de jurados e contou com a ajuda do público por votação online. Cinco projetos foram selecionados, entre eles o de João Silva.

Sobre o uso da premiação, ele explica que “o plano é fortalecer o que já vem dando certo e ampliar o modelo para muitas comunidades desassistidas, promovendo uma transformação social em grande escala no rio Juruá”. De acordo com João, o objetivo é consolidar um modelo de desenvolvimento local e conservação ao longo de 2.000 km do rio Juruá. “Esse projeto irá beneficiar, direta e indiretamente, milhares de pessoas. Centenas de corpos d’água serão protegidos por comunidades locais, o que irá garantir a conservação não apenas do pirarucu, mas de muitas outras espécies de peixes, tartarugas, jacarés, peixe-boi, boto e tantos outros organismos que habitam esses ambientes aquáticos”, diz. O pesquisador também conta que a pretensão é “trabalhar arduamente com as comunidades e associações locais para que o manejo do pirarucu possa funcionar como um modelo de política pública que assegura a proteção da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida das comunidades rurais da Amazônia”.

Mais um prêmio

Esta não é a primeira premiação recebida pleo biólogo e professor colaborador no ICBS da Ufal. Em 2018, João Silva conquistou, em Brasília, o primeiro lugar no Prêmio Jovem Cientista, do CNPQ, na categoria Mestre e Doutor.

Diante de tantos resultados obtidos por meio da pesquisa acadêmica, ele aproveita para reforçar a importância das universidades enquanto locais para “produção do conhecimento”. “Há muitos projetos bonitos sendo executados no país, que reforçam o papel das universidades e da ciência na promoção do bem-estar humano. As universidades públicas e a produção científica são fundamentais para o desenvolvimento do país. Infelizmente, vemos uma tentativa de desvalorização das universidades, o que é muito danoso à nação, pois a opinião pública pode ser influenciada por isso", afirma. "Nosso desafio é mostrar para a população os projetos incríveis que existem em nosso país. Há muitas iniciativas dignas de prêmio que estão invisíveis aos olhos da população, mas que são fundamentais para o bem-estar dela. Fico muito feliz com a oportunidade de trazer uma mensagem positiva de que é possível promover o bem-estar humano, protegendo a biodiversidade e respeitando as populações tradicionais, a ciência e os cientistas”, destaca.

Para saber mais sobre a pesquisa do João, clique aqui.