Grupo de pesquisa investiga a interiorização da língua de sinais em AL

Cidades de outros estados do Nordeste também estão sendo investigadas por pesquisadores do Nepils
Por Thamires Ribeiro – estagiária de Jornalismo
10/04/2019 07h30 - Atualizado em 09/04/2019 às 10h58
Neplis pretende fazer diagnóstico sobre situação educacional e linguística dos surdos no interior

Neplis pretende fazer diagnóstico sobre situação educacional e linguística dos surdos no interior

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) ainda é pouco utilizada em algumas cidades brasileiras, principalmente nas que ficam no interior de alguns estados. Buscando entender essa realidade, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Interiorização da Língua de Sinais (Neplis) investiga as políticas e planejamentos linguísticos relacionados a interiorização desta língua.

De acordo com o professor Cristiano Vilela, do Campus do Sertão, o objetivo do grupo é produzir conhecimento sobre as pessoas surdas que vivem longe dos grandes centros urbanos, do ponto de vista linguístico, educacional e social.

“Os membros do grupo acreditam que pesquisas em interiorização da Língua de Sinais contribuirão para aprofundar o entendimento sobre as pessoas surdas que vivem longe das grandes cidades, possibilitando fornecer suporte às ações de inclusão social e linguística dos surdos no interior brasileiro. Pretendendo, ademais, fomentar o diálogo com pesquisadores da Língua de Sinais nas capitais, bem como os de outras regiões do país em condições similares às do Sertão alagoano”, explicou Vilela.

O Nepils é formado por docentes da Unidade Educacional de Penedo e dos campi do Sertão e Arapiraca da Ufal; da Universidade Federal de Sergipe (UFS); da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB); e da Universidade Estadual do Sudoeste Baiano (Uesb). A intenção é que cada um deles conduzam investigações no interior dos estados onde moram.

“Estamos analisando as políticas linguísticas de interiorização da língua de sinais no Brasil ao mesmo tempo em que analisamos as condições reais de interiorização em nossa própria região. Como os membros do grupo são de vários estados, programamos reuniões de estudos presenciais e por videoconferência e outras reuniões gerais. Em Alagoas, já estamos começando um diagnóstico sobre a situação educacional e linguística dos surdos no Sertão. De forma similar, os membros do grupo que são do Campus de Arapiraca e da Unidade de Penedo da Ufal são responsáveis por esse diagnóstico na região do Agreste alagoano”, afirma o professor Cristiano. 

O intuito principal do núcleo de pesquisas é diagnosticar a situação educacional e linguística dos surdos no interior de Alagoas e de outros estados, aprofundar teoricamente a área da interiorização da Língua de Sinais como campo de estudos e investigações, e construir um índice sintético para avaliar a interiorização a partir de critérios que identifiquem os níveis de desenvolvimento do status e do corpus linguístico da Libras nas pequenas cidades e que possa ser utilizado para perceber sua interiorização em outras regiões do país.

“Estamos trabalhando numa teoria da interiorização da língua de sinais. Também trabalhamos num índice sintético que ajude a mensurar os níveis de interiorização da língua de sinais nacional de um país em regiões específicas. Ou seja, em nosso caso esse índice ajudaria a descobrir em qual grau de interiorização da Libras cada cidade do interior está, em relação a capital e aos grandes centros urbanos do seu estado. O diagnóstico da situação educacional dos surdos já está prestes a iniciar as atividades em campo, pois o contato com os municípios já foi estabelecido e um cronograma definido”, conclui o docente. 

Para os integrantes do Nepils, o conceito de interiorização da língua de sinais ainda precisa de uma sustentação teórica mais aprofundada, por isso, eles esperam desenvolver subsídios para legitimar a interiorização como um novo campo de investigação dentro dos estudos linguísticos das línguas de sinais e dos estudos surdos brasileiros.