Mudanças nas políticas de saúde mental são temas de debate

O Fórum de Saúde Mental da Ufal destacou mudanças que vão contra a reforma psiquiátrica
Por Pedro Ivon – estagiário de Jornalismo
25/02/2019 14h48 - Atualizado em 22/11/2021 às 09h05
Reunião do Fórum de Saúde Mental ocorreu no CIC. Foto: Renner Boldrino

Reunião do Fórum de Saúde Mental ocorreu no CIC. Foto: Renner Boldrino

O Fórum de Saúde Mental da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) realizou uma reunião na manhã desta segunda-feira (25), no auditório do Centro de Interesse Comunitário (CIC), tendo como objetivo debater sobre as mudanças recentes nas políticas de saúde mental e sobre drogas. Com organização do Instituto de Psicologia (IP), das faculdades de Serviço Social (FSSO) e Medicina (Famed), além da Escola de Enfermagem e Farmáciada (Esenfar) o evento contou com a participação da reitora da Ufal, Valéria Correia, e de representantes de diversas instituições e áreas da saúde mental. O debate também é promovido em parceria com as pró-reitorias Estudantil (Proest) e de Gestão de Pessoas e do Trabalho (Progep).

“Nós estamos num momento em que algumas mudanças estão acontecendo. E são mudanças que são um retrocesso para a saúde mental. Velhas práticas que já haviam sido superadas, como o isolamento e até práticas que cientificamente já haviam sido rejeitadas, hoje retornam. Como exemplo, o eletrochoque”, comentou a pró-reitora da Proest, Silvana Medeiros.

A reitora da Ufal, Valéria Correia, abriu a discussão: “Penso que a universidade, a produção científica, é prejudicada”, afirmou Valéria, que disse que as mudanças nas políticas de saúde mental podem ser “o maior retrocesso e o maior ataque à reforma psiquiátrica”. Em sua fala, a reitora também disse que o lado da universidade é o de defesa da reforma. “Penso que é um dia de soberania e de luta”, ressaltou.

Uma das articuladoras do Fórum de Saúde Mental Nise da Silveira, Yanna Nascimento, explicou um pouco sobre a reunião. “Hoje a gente tentou reunir algumas instituições para podermos debater, discutir e ver de que forma a gente pode, pelo menos, estar fomentando essa discussão para conscientizar as pessoas e ter peso nessa sociedade, para reverter esse quadro”, explanou.

A professora Edna Bezerra participou dos debates e interagiu com os participantes trazendo a reflexão da música Sonho Impossível, de Maria Bethânia, que destaca a importância de sonhar sempre. 

Sobre as discussões 

As novas publicações feitas pelo Ministério da Saúde, em janeiro deste ano, alteraram alguns artigos e questões voltadas para as políticas de saúde mental, álcool e outras drogas, incluindo a volta dos hospitais psiquiátricos como componentes da rede. A inserção de ambulatórios de saúde menta, além do incentivo da volta da compra de equipamentos que já haviam sido suspensos na reforma psiquiátrica, como o eletrochoque.

Segundo Yanna Nascimento, a nota técnica do Ministério da Saúde também excluiu o termo de serviços substitutivos. No caso da política de drogas, a confirmação do tratamento por abstinência também preocupa os profissionais envolvidos.