Geração de mulheres da mesma família destaca importância da Ufal

Elas contam como a instituição se tornou a segunda casa e mudou suas vidas
Por Thâmara Gonzaga – jornalista
03/01/2020 08h20 - Atualizado em 27/12/2019 às 12h12
Filha, mãe e tias da família Alcântara que fazem parte dos 59 anos de história da Ufal

Filha, mãe e tias da família Alcântara que fazem parte dos 59 anos de história da Ufal

Filha, mãe e tias. Quatro mulheres de uma mesma família que, em momentos diferentes, escolheram fazer parte dos 59 anos de história da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e passaram a considerar a instituição como a segunda casa. 

Pietra Alcântara Pereira, 20 anos, do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, e a mãe dela, Jeanne de França Alcântara, 48 anos, estudante de Geografia bacharelado, são colegas de universidade e vão juntas para a Ufal. 

Sobre a experiência de estudar no mesmo lugar que a filha, Jeanne afirma que a relação delas se torna ainda mais próxima. “Temos muitos assuntos e amizades em comum, visitas técnicas juntas, comemos e estudamos juntas, enfim, fazemos da Ufal nossa segunda casa”, relata. “É engraçado, às vezes, pois as pessoas não acreditam, acham que somos amigas ou irmãs”, conta. “E ainda tive o privilégio de ir com minha filha fazer a minha matrícula”, lembra. 

Ter familiares como companhias na época de faculdade é motivo de felicidade para Pietra. “Fico feliz em ser universitária com minha família, trazer todas para a Ufal. Apoiando e incentivando, é o mínimo que poderia fazer por todos da minha casa, principalmente, por meus avós que não tiveram a mesma oportunidade, mas sempre acreditaram na educação. E aos meus pais que sempre me guiaram e aconselharam nos estudos, independente do curso ou área que eu escolhesse”, diz ela. 

A mãe de Pietra começou a estudar no semestre 2019.2, dois anos depois da filha, que ingressou em 2017.1. “Fiz vestibular em 1990 e não fui aprovada, dei prioridade ao trabalho para ajudar nas despesas de casa. Nesse tempo, o sonho de ingressar na universidade ficou adormecido”, relembra. “Em 2018, fiquei desempregada e decidi estudar duas horas por dia e prestar o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], meu objetivo era não zerar a redação. Em seguida, a surpresa e a alegria da aprovação”, diz. “Por eu ser a filha mais velha e a única a não ter uma graduação, era como se estivesse faltando algo a se realizar. E foi com muito apoio que consegui entrar na instituição. Como meus pais não tiveram a oportunidade de terminar os estudos, era um sonho deles verem suas filhas formadas”, conta Jeanne. E ressalta: “Mas a principal motivação foi a dedicação e entusiasmo da minha filha Pietra, ao vê-la estudando com tanto amor. Isso me fez querer estar aqui! E depois minha irmã, aí eu pensei: agora chegou a minha vez”. 

Família Ufal 

Aryanne de França Alcântara, 34 anos, é irmã de Jeanne e tia de Pietra. Ela estuda Ciências Sociais licenciatura e ingressou em 2018.2. Ao falar sobre a importância da Federal de Alagoas na história da família dela e de tantas pessoas, afirma “que só a Educação transforma e a Ufal contribui de forma direta nessa construção de saber e desenvolvimento da sociedade”. Ela destaca: “Apesar de já ter concluído uma graduação em uma faculdade privada, a Ufal, hoje, proporciona-me novos horizontes e meus pais acompanham essas transformações bem de pertinho e essa é a parte boa de estudar aqui, pois eles participam e vibram junto comigo cada etapa, cada conquista minha”, diz. “Meus pais não sabiam o que era um DCE [Diretório Central de Estudantes], um Centro Acadêmico, por exemplo, e hoje eles sabem. E sabem que é a partir da Ufal que conquistarei os meus objetivos”, completa. 

Pietra também confirma como a rotina da família foi transformada ao “trazer a Ufal para dentro de casa”. Ela conta: “Estudar aqui é um constante aprendizado. Estar numa universidade não é só sala de aula, todo dia a gente aprende algo novo, questiona o que está acontecendo e, no final do dia, volta pra casa e compartilha com a família”.

Maria Fabiana de França Alcântara, 40 anos, é a tia de Pietra que já concluiu a graduação. Ela é Assistente Social, mas já quer retornar para a Universidade e está tentando o reingresso para o curso de Direito. A história dela na Ufal começou em 1998. “Naquela época, o sistema de seleção era o vestibular. O formato era bem diferente, consistia em duas fases e só prestava a segunda etapa quem fosse classificado na primeira. A concorrência era bastante alta, até por que se perdêssemos só teríamos chance de tentar novamente no próximo ano”, lembra. Ao recordar os tempos de estudo, relata: “Nunca houve facilidades para estudar e tínhamos de dar nosso melhor: eram apresentações de seminários, fichamentos intermináveis, provas e mais provas, orais e escritas. Durante a minha formação, ainda enfrentei quatro greves e isso prejudicou bastante”. 

Apesar dos obstáculos encontrados, elas reconhecem a importância da Ufal para a transformação da vida delas. “Ter contato com pessoas, com vivências e experiências diferentes das nossas é algo que só a Ufal proporciona. É entender que o que aprendemos não se resume às salas de aula. É expandir os horizontes, ter possibilidades e realizar sonhos, mesmo com todas as dificuldades”, acredita Pietra. Jeanne defende que, “academicamente falando, estudar na Ufal é uma experiência ímpar para adquirir conhecimentos”. E continua: “Economicamente, é como ter a melhor educação sem ter que se preocupar com o pagamento no fim do mês. E socialmente falando, é ter acesso gratuito não só à educação, mas a todos os projetos sociais que a Universidade disponibiliza não só para os discentes, mas também para a comunidade”. 

Pietra completa o raciocínio da mãe ao dizer que “acredita no poder transformador de uma universidade pública, gratuita e de qualidade”. E ressalta: “Carrego comigo o privilégio de estudar em uma das melhores Universidades do país, mesmo com o atual cenário de sucateamento da educação. É um prazer e uma honra contribuir, de certa forma, com a comunidade alagoana e com a comunidade acadêmica, em todos os âmbitos de ensino, pesquisa e extensão. E um prazer maior ainda estar com a minha família, ver cada uma conquistando seus objetivos, seu espaço e sonhos”.