Força-tarefa apresenta análise dos impactos da mancha de óleo no litoral alagoano

Pesquisadores expuseram o relatório em coletiva de imprensa
Por Blenda Machado - estudante de jornalismo e Lenilda Luna - jornalista
13/12/2019 19h20 - Atualizado em 13/12/2019 às 19h39

Pesquisadores da força-tarefa apresentaram nesta quinta-feira (12), na sala dos Conselhos Superiores (Secs), na reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o documento com as primeiras análises dos dados coletados. A força-tarefa formada por mais de 20 cientistas da Ufal tem como propósito analisar os impactos do derramamento de óleo no litoral alagoano.

A coletiva de imprensa, convocada pela Ascom Ufal, foi coordenada pela reitora Valéria Correia e pelo professor Emerson Soares, do Centro de Ciências Agrárias (Ceca), que lidera a Força Tarefa. Participaram os pesquisadores Josué Carinhanha, do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB); Cláudio Costa, da Gerência de Laboratório do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), Leonardo Viana (Propep), Sandra Helena Vieira (Ctec) e Mozart Daltro Bispo (Lassop/Ctec).

A reitora Valéria Correia relatou a reunião com representantes do Governo do Estado, que aconteceu durante a 9ª Bienal Internacional do Livro, para apresentar as demandas da Força Tarefa, o que garantiu um aporte financeiro para o início das atividades. “A Fapeal disponibilizou R$ 200 mil para comprar os reagentes e subsidiar as idas aos locais de coletas. Contamos também com o apoio da Capes, da Academia Brasileira de Ciência e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência’’, destacou a reitora.

De acordo com o relatório, foram realizadas coletas nos dias 13 e 14 de novembro, em 10 pontos, incluindo praias dos litorais sul e norte. Essas coletas serão repetidas na próxima semana. “Com esse trabalho conjunto de pesquisadores, precisamos manter o monitoramento destes pontos. Não é possível fechar um indicador das alterações se não temos um histórico dos parâmetros dessas águas. Vamos fazer uma avaliação continuada para ter subsídios do real impacto dessa contaminação de óleo em relação aos metais e outras substâncias nas nossas águas’’, explicou o professor Josué Carinhanha.

Segundo o Emerson Soares, nestas coletas foram analisados petróleo, metais pesados, microbiologia, parâmetros físicos e químicos. Emerson ressalta a necessidade do monitoramento contínuo. “O óleo que se espalhou pelo nosso litoral, trazido pelas correntes marítimas, é altamente poluente e tóxico, com compostos como Tolueno, Benzeno, naftalenos e metais pesados, entre outros. Essas substâncias podem causar graves problemas para os ambientes aquáticos, além de trazer danos à saúde dos seres humanos”, alertou o pesquisador

Os pesquisadores informaram que existem 75 amostras de pescado sendo analisadas em laboratórios da Ufal em parceria com a Universidade Federal de Sergipe. As análises serão replicadas três vezes para ter um resultado correto. “Não podemos ser apressados numa avaliação que impacta tanto no sustento de centenas de famílias que vivem da pesca artesanal, como na saúde de centenas de consumidores que vivem ou visitam o nosso estado. Por isso, precisamos de uma investigação rigorosa para saber se o pescado está contaminado. Devemos ter esse resultado em breve”, afirmou Emerson Soares

O gerente do IMA, Cláudio Costa, destacou a importância desse trabalho conjunto e do grande apoio que a força tarefa representa para o órgão estadual que fiscaliza o meio ambiente e a balneabilidade das praias. ‘‘A força-tarefa vem desenvolvendo um trabalho de alta relevância para o estado e a ideia é que essa ação conjunta permaneça, realizando avaliações bimestralmente, para acompanhar os efeitos do derramamento de óleo em Alagoas, já que esse episódio vai deixar um rastro prolongado no nosso litoral e só com o tempo vamos saber a extensão do dano”, apontou o gerente do IMA.

A pesquisadora Sandra Vieira destacou o engajamento dos cientistas para dar respostas à sociedade. “Nós temos trabalhado noite adentro, viajamos e fazemos coletas em finais de semana e feriados, isso sem deixar de dar aulas, continuar nossas pesquisas, e, alguns de responder pelas tarefas administrativas nas unidades acadêmicas. Todo esse esforço porque queremos contribuir para o enfrentamento deste problema. E tem sido muito importante nos conhecermos e atuar coletivamente nesta força-tarefa”, relatou Sandra.

A apresentação foi transmitida ao vivo e pode ser conferida aqui